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Atlantique [Resenha do Filme]

Falado a língua Uólofel e vencedor do Grand Prix no último Festival de Cannes, Atlantique ou Atlantics é o primeiro longa metragem da cineasta senegalesa Mati Diop, tornando-se a primeira diretora negra a ser premiada em 72 anos de existência da Palma de Ouro.
Provavelmente inspirada pelo cinema do diretor Jordan Peele, que mistura crítica social com o sobrenatural, Mati fez um belo filme em sua estréia e é impossível não se deixar envolver pela história de amor dos jovens apaixonados Ada (Mame Bineta Sane) e Suleiman (Ibrahima Traore) moradores de um subúrbio em Dakar.

Suleiman é um operário que trabalha na construção de uma torre futurista à beira-mar e Ada está prometida a um homem rico. Sem receber pagamento, Suleiman ruma ao mar com outros trabalhadores em busca de um novo trabalho. Ada fica, até que no dia da festa de seu casamento, fatos estranhos começam a acontecer.
Não é preciso se esforçar para entrar no clima lúdico e cheio de fantasia de Atlantique. A linda fotografia em tons de azul de Claire Mathon, explora bem os pequenos cenários e faz ótimo uso da luz noturna, dando a exata noção de sonho (ou não) em vários momentos, além de fazer o telespectador captar o clima febril que atinge alguns personagens. A trilha sonora a base de sintetizadores, típica de filmes de ficção científica dos anos 80, é cortesia da ótima Fátima Al Qadiri e surpreende pelo inusitado, mas funciona bem.
Ah sim, as mulheres são a maioria nos créditos de Atlantique, e não por acaso o tema central é o papel da mulher na sociedade ditada pela religião e os interesses financeiros a frente dos sentimentos. O maior feito de Mati Diop é ter inserido na história uma trama policial ao invés de fazer um dramalhão piegas.
Atlantique é belo, poético e original. Mais um acerto da Netflix em 2019. Mati Diop, anotem esse nome!

Trailer:
FICHA TÉCNICA
Título: Atlantique
Direção: Mati Diop
Data de lançamento: 28 de novembro de 2019
Nota: 4/5
Netflix

Italo Morelli Jr.

Na Nossa Estante

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