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Do Fundo da Estante: O Poder da Sedução [Nostalgia]

De uma só tacada, a sórdida e maquiavélica Bridget Gregory (Linda Fiorentino), larga o marido violento, Clay (Bill Pullman), um médico que negocia drogas foge com 1 milhão de dólares e o deixa à mercê dos traficantes e agiotas na esperança de que ele seja executado. Porém, como não sabe se Clay continuará vivo, ela muda de cidade, altera seu nome para Wendy Croy (New York ao contrário!) e induz Mike Swale (Peter Berg), um rapaz local, a eliminar seu marido.
Como uma trama dessas, impossível não lembrar dos filmes Noir da década de 40, cuja releitura de Pacto de Sangue (1944) foi vista no ótimo Corpos Ardentes (1981), mas infelizmente não virou moda.
O diretor John Dahl, atualmente no comando da série Ray Donovan, já havia mostrado seu talento pra conduzir enredos intrincados, como em Mate-me outra Vez (1989) e Morte por Encomenda (1993), mas nunca havia encontrado alguém com tanto peso de protagonista como Linda Fiorentino.
Eleita melhor atriz pelos críticos de Nova York, indicada ao BAFTA (o Oscar inglês) e a vários outros prêmios, Linda só não concorreu ao Oscar porque, devido a um imperdoável erro de estratégia de marketing, o filme foi exibido primeiro na TV ao invés de ir pras salas de cinema. Ela emula um jeito de falar, grave e sedutor, numa explícita referência a saudosa Lauren Bacall, uma das principais atrizes da Era de Ouro de Hollywood. Mesmo com muita desenvoltura em cena, inclusive nas cenas de sexo, Linda não se tornou uma estrela no mesmo patamar de Sharon Stone e caiu no erro ao aceitar ser a protagonista do péssimo Jade (1995), inexplicável bomba do diretor William Friedkin, responsável pelos já clássicos Operação França (1971) e O Exorcista (1973). Foi a pá de cal em sua carreira, mas ainda bem que O Poder da Sedução continua, até hoje, deliciosamente desconcertante – dá raiva de sua personagem, sentimos pena de seu marido paspalhão e o também saudoso diretor Curtis Hanson provavelmente se sentiu inspirado a conceber o espetacular Los Angeles – Cidade Proibida, um dos melhores filmes dos anos 90 e um dos melhores filmes noir já feitos, onde Kim Basinger mostrou que sabia atuar e até levou um Oscar pra casa.
Vale rever, por ser um bom exemplar do gênero Noir atualizado pros anos 90 e pra quem ainda não viu e já se cansou dos filmes de herói e de terror gourmet, vale conferir – o diretor John Dahl merece ser redescoberto.
FICHA TÉCNICA
Título: O Poder da Sedução
Título Original: The Last Seduction
Direção: John Dahl
Data de lançamento no Brasil: 28 de abril de 1995
Nota 4/5

Italo Morelli Jr.

Na Nossa Estante

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