Clube dos infiéis honestos [Resenha do Filme]

Em tempo de feminismo (graças a Deus) sempre em pauta, um filme como Clube dos infiéis honestos (El club de los buenos infieles), disponível na Netflix. pode cair facilmente no mau gosto, mas a verdade é que temos um texto muito honesto sobre questões masculinas, afinal, homens também sofrem. O problema é que os personagens do longa são idiotas e oras me vi entendendo-os e oras torcendo para se darem mal. Isso porque qualquer pessoa casada, ou não, sabe que existe um desgaste nos relacionamentos e que é normal perder o tesão e continuar amando a pessoa, é pra isso que existe lua de mel, terapia de casal, fantasias sexuais e uma boa conversa. No entanto, os protagonista do filme preferem fazer qualquer coisa a ter que contar para suas esposas que perderam o tesão por elas. E sendo bem sincera, eu acho que não receberia essa notícia muito feliz também não.

O filme é contado como um falso documentário e no começo até achei que podia ser verdade. Os cinco tontos são amigos de infância e se reencontram anos depois, todos passam pelo mesmo problema conjugal e brincando, mas nem tanto, montam um grupo sobre “paquerar/pegação”. Carlos (Raúl Fernández de Pablo), o mais sensato de todos, até comenta com seu psiquiatra se fazia sentido trair a esposa para salvar o casamento, no final das contas, o Dr. Saez (Albert Ribalta) também se junta ao grupo.

Todos vão a Zaragoza como primeiro destino e eles são bem engenhosos para despistarem as esposas, mas a cena que um deles ensina a fingir orgasmo é complemente vergonhosa, do tipo que causa vergonha alheia, mas ver o grupo numa balada foi bem engraçado. E como a tentativa de trair não dá certo, eles montam um clube de fato e até contratam um professor, mais idiota do que eles, para ensinar as armas de sedução. O plano dá tão certo que vira um empresa com muitos clientes. E de todos a história de Carlos que não quer trair a esposa é a mais interessante, com uma ótima reviravolta no final.

O grande problema do longa não foi o machismo, mas sim o roteiro que às vezes apela para cenas totalmente desnecessárias com a intenção de nos fazer rir, no pior estilo de Se beber não case. No entanto, por vezes acerta quando se direciona para piadas mais inteligentes, como o psiquiatra dizendo que não está oferecendo drogas, mas sim remédios com prescrição médica. Ou quando um deles cita Gandalf como um grande homem sem esposa.

O melhor do longa é sem dúvida a parte focada no documentário em que escutamos os desabafos dos protagonistas, normal os homens também se sentirem inseguros, desconfortáveis em um relacionamento estagnado e esse foi o grande acerto do filme. No entanto, no final das contas, fica a impressão que o clube é formado por idiotas que não sabem conversar com suas esposas. idiotas amigos, engraçados, mas ainda idiotas.
Apesar de não conseguir aproveitar o roteiro trazendo boas discussões, o que teria dado muito mais certo, Clube dos infiéis honestos tem boas atuações e um final que me agradou bastante.
FICHA TÉCNICA
Título: Clube dos infiéis honestos
Título Original: El club de los buenos infieles
Direção: Lluís Segura
Nota: 3/5
Disponível na Netflix (até o momento)

Michele Lima

Na Nossa Estante

View Comments

  • Oi, Mi

    Aii, também não receberia essa notícia de boa não! Imagina: "querida, não sinto mais tesão em você." Cruz credo! Hahahaha
    Não vi esse filme no catálogo, e apesar de achar essa parte do documentário legal, não sei se assistiria... vamos ver.

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

  • Oi, Mi! Tudo bom?
    Só de ver a quantidade de homem branco que tem nesse filme já bateu um SONO. Ainda mais se é sobre problema de homens, sinceramentezzzzzzzzzzzzzz
    Só assisto humor escrachado se forem meus meninos do Choque de Cultura, fora isso passo longe :v

    Beijos,
    Denise Flaibam.
    http://www.queriaestarlendo.com.br

  • Oi Mi!!

    Este filme está na minha lista. Curto certo humor escrachado, mas depende de onde ele vem! A cultura machista vem tentando lidar todos os dias com o feminismo tomando seu lugar (graças a Deus), e muitos ainda precisam aprender a entender sobre. Vou conferir o filme! Amei a resenha!!

    Beijos
    Naty!!!

  • Oi! Vou deixar meu comentário aqui por ter visto o filme hoje. Estava procurando resenhas e achei a sua. Muito legal. Li os comentários também. Muito pertinentes.

    Creio que os pontos abordados na resrnha e nos comentários tem razão de existir. Não são preguiça de roteiro.

    1) "Eles são idiotas": sim! Eles são! Assim como todo ser-humano ao lidar com assuntos que não compreendem. Observem que são homens que viveram numa sociedade machista também. Lhes foi negada a opção de entender seus próprios sentimentos e suas questões sem ser ofendido ou ridicularizado. Isso é machismo estrutural! E fica evidente quando só um dele procura ajuda profissional e, ato contínuo, o próprio profissional procurado opta por se juntar a eles. Isso não é uma falha de roteiro, é um ACERTO! Mostra que mesmo ao tentar buscar a sanidade e a clareza, a sociedade machista se impõe e nos atrai novamente!

    2) "Eles não conversam com as parceiras": Sim! É verdade! E isso acontece porque em toda relação se erguem muros, assuntos tabus e situações que não podem ser criadas. A questão sexual é parte disso! Casais tendem a fazer sempre o que lhes é mais cômodo para não atrapalhar a relação. Ou vocês acham que seria fácil chegar na parceira e dizer: "Eu não tenho tesão em você". Não é! E não é por uma série de razões: a primeira é que você ama aquela mulher! Pra que faze-la sofrer? A segunda é que você vai alterar toda a dinâmica da relação e tal fato vai virar desde uma piada até a razão de brigas futuras.

    3) "Tem muitos homens brancos": Sim! É um filme que se passa num país Europeu majoritariamente branco e que lida com os problemas desse público. Não é voltado a discussões raciais e as questões colocadas são universais, independente da cor dos personagens. É desonesto repreender um filme por essa razão.

    No mais, compreendo os motivos dessas críticas. O zeitgeist de 2018/19 impunha esses questionamentos. Por isso fico feliz de ter assistido o filme hoje, em 2025, e ter lido suas críticas nessa data. Acredito que a minha experiência me enriqueceu mais do que teria me enriquecido em 2018.

    Muito massa o seu trabalho e lerei as outras críticas! Abração e tudo de bom!

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