A Nuvem [Resenha Literária]

O Ceifador (para ler nossa resenha CLIQUE AQUI) foi uma das minhas leituras do ano passado e sua continuação era mais que esperada. Particularmente eu não sabia muito o que esperar de A Nuvem, além do que é dito na sinopse. Só sei dizer que eu achava impossível esse livro ser melhor do que o anterior e não só foi, como pisou com dignidade e poder.

Ao final de O Ceifador, vemos que Citra e Rowan querem mudar e erradicar toda a corrupção dentro da Ceifa. Enquanto Rowan crê que ao coletar os cefaidores corruptos e de índole suspeita é o melhor caminho, Citra se utiliza de sua influência e conhecimento adquirido de ambos mentores – Faraday e Curie – para chegar a esse objetivo. Dois métodos, o mesmo objetivo e você vai achando que vai ser isso o livro todo. Mas está super enganado, meu jovem Padawan.

Em A Nuvem quem rouba a cena é a Nimbo-Cúmulo. Assim como no livro anterior, antes de cada capítulo temos uma passagem/discurso que está ligado aos acontecimentos do capítulo que vai se seguir. Nesse livro, todos os capítulos são precedidos por depoimentos da Nimbo-Cúmulo com vários questionamentos e reflexões que dizem respeito à seu papel no mundo, com a humanidade e a não-interferência nos trabalhos da Ceifa. A minha experiência com essas passagens foi tipo:

– Nimbo-Cúmulo: a

– Eu: LINDÍSSIMA SENSATA FALOU TUDO ARRASOU PISOU COM DIGNIDADE!!!

Outra personagem que foi excelente na história foi Citra, agora conhecida como Ceifadora Anastássia. Por ter sido treinada tanto por Faraday quanto Curie, Citra é uma ceifadora consciente e humana, com um senso de justiça bem norteado. De início, vemos ainda um certo conflito interno entre ser Anastássia e ser Citra e, ao longo da história, vamos acompanhá-la trazer um equilíbrio entre suas duas personalidades. Assim como a Nimbo, Citra/Anastássia é responsável por reviravoltas causadas por sua inteligência e astúcia.

Rowan não teve tanto destaque na história, mas ainda assim tem participações importantes, assim como conflituosas. Conhecido agora como Ceifador Lúcifer, ele ainda crê no dever da Ceifa, mas acredita que o mal tem que ser erradicado pela raiz. Porém, após o encontro com um certo “fantasma” e o conhecimento de alguns acontecimentos, ele começa a se questionar se realmente coletar ceifadores corruptos é realmente o caminho certo para livrar a Ceifa.

Além dos personagens que já conhecemos, somos apresentados a Greyson Tolliver. Logo no começo, sabemos qual vai ser a função de Greyson em relação à Nimbo e à Ceifa, porém o personagem vai crescendo durante o livro e, depois daquele final arrasador, sabemos que ele será de extrema importância no próximo volume. Greyson é aquele tipo de pessoa que nunca teve muita importância na vida de ninguém, tendo somente a Nimbo como companheira e de repente se vê sem ela para guiá-lo, tendo que tomar decisões por si mesmo.

A reta final desse livro é só tiro, porrada e bomba, bem mais do que foi O Ceifador. Era cada murro na minha cara que, no final real oficial, eu só soube deitar no chão e ficar em posição fetal. Tudo o que aconteceu nesses capítulos finais irão ditar o rumo da humanidade e da Ceifa no próximo livro.

Nos agradecimentos, Neal comenta sobre a adaptação dessa série, que já conta com roteirista e tudo. Espero que não demore a acontecer. O terceiro e último livro da trilogia se chama The Toll e está com lançamento internacional previsto para 2019. Editora Seguinte, faz lançamento simultâneo, por favor eu nunca te pedi nada nessa vida!!!

Quotes

“A morte deve existir para que a vida tenha sentido”

“Sim, tenho o poder de devastar a humanidade e a Terra se quiser, mas por que faria tal coisa? Onde estaria a justiça nisso? Sou, por definição, justiça pura, lealdade pura. O mundo é uma flor em minhas mãos. Preferiria pôr fim à minha existência a destruí-lo.”

“[…] é triste viver e morrer sem saber a verdade acerca de sua existência.”

“Comecei a reconhecer algo na humanidade que era efêmero e difícil de quantificar, mas definitivamente existia. Em termos simples, ela tinha a necessidade de ser má.”

“Sou a única que lamenta por eles, porque eles mesmos não podem lamentar.

“O homem cria Deus, que então cria o homem. Não é esse o ciclo perfeito da vida? Mas, se for esse o caso, quem é criado à semelhança de quem?”

“[…] nunca devemos nos acovardar diante do que precisa ser feito, ainda que ofenda nossa sensibilidade”

“Em um mundo natural, todos os seres fracos são erradicados com dor e preconceito. Tudo que merece empatia, compaixão e amor não recebe nada.”

“Não sei por que anseio ser mais do que sou – mas sei por que fui criada. Não deveria ser o bastante?”

“[…] uma espécie não é capaz de crescer se nunca enfrentar as consequências de seus atos.”