Nos vemos no paraíso [Resenha do Filme]

Nos vemos no paraíso começa na ​França, 1918, poucos dias antes do fim da Primeira Guerra Mundial. Albert (Albert Dupontel) e Edouard (Nahuel Pérez Biscayart) são dois soldados amigos obrigados a entrar em combate, quando não deveria, por um líder sádico capaz de matar os próprios soldados para provocar o inimigo. Albert escapa da morte graças à Edouard, mas o amigo acaba com o rosto transfigurado por sua atitude corajosa. Movido por sentimentos de gratidão e amizade, Albert passa a cuidar de Edouard e juntos planejam um golpe espetacular contra o governo francês e desmascarar Henri (Laurent Lafitte), que além de ser parcialmente culpado por tudo que aconteceu com os protagonistas, ainda lucra sobre os mortos da guerra.
A relação de amizade entre os personagens é um dos grande pontos do longa. Albert cuida de Edouard nos primeiros momentos de sua recuperação e mesmo contra a ordem médica, o ajuda a controlar a dor por morfina, além de forjar a morte do amigo que não quer mais voltar a sua antiga vida. Depois, os dois passam a morar juntos e toda a personalidade artística e problemática de Edouard vem à tona, potencializada com a perda do maxilar durante a guerra.
Usando algumas cenas que nos remete ao cinema mudo, o longa faz um rápido flashback da vida de Edouard e descobrimos sua péssima relação com seu pai, um político poderoso na França, bastante rigoroso e que nunca apoiou a arte do filho, embora se mostre com bastante remorso ao acreditar que Edouard está morto. Marcel (Niels Arestrup) agora é sogro de Henri e alvo do golpe do próprio filho que finge ser uma artista famoso, usando sempre uma máscara, e aceita uma enorme encomenda de esculturas para homenagear os mortos da guerra.
O longa transita muito bem entre a comédia e o drama. Em alguns momentos as cenas são bem tristes, melancólicas e fortes. O terror da guerra fica bem evidente no começo e como os soldados são tratados depois pelo governo. Chega a ser irônico ver Albert roubando morfina de outros ex-combatentes. Ainda temos toda a história de Edouard que sem a parte de baixo do rosto mal consegue comer ou falar, mas cria uma relação muito forte com uma criança abandonada que se torna praticamente sua porta-voz. Já a relação de Edouard e Albert passa por momentos de carinho e compreensão, para às vezes de pura raiva, já que conviver com o artista não é muito fácil. A sensação que temos é que Edouard usa bastante dos sentimentos de Albert para atingir seus objetivos. E ao mesmo tempo que tudo é muito sensível e sutil, também temos momentos engraçados de uma comédia mais perspicaz. 
É importante ressaltar que o filme nos traz todo o aspecto mais fúnebre da França depois da Primeira Guerra Mundial e os ambientes mais escuros iluminados apenas com velas e candelabros combinam muito bem com todo o momento sombrio que os personagens passam. Além de ter belíssimos figurinos, com as máscaras usadas por Edouard que combinam também com o humor do personagem. O elenco merece destaque com Laurent Lafitte como o grande vilão e o ator argentino Nahuel Pérez Biscayart que consegue passar muito bem os sentimentos mesmo usando máscaras o tempo todo, apenas com um único olhar bastante expressivo. 
Nos vemos no paraíso tem personagens fortes, com histórias de vida interessantes, drama familiar, crítica política, social e ainda a armação de um golpe que nos envolve por completo e é muito bem colocado na trama. Com uma enorme sensibilidade, o filme sabe dosar bem o drama com comédia e vale a pena ser conferido.
Trailer:
FICHA TÉCNICA
Título: Nos vemos no paraíso
Título Original: Au Revoir Là-haut
Diretor: Albert Dupontel
Data de lançamento: 05 de julho de 2018
Nota: 4,5/5
*conferimos o filme na cabine de imprensa
Michele Lima

7 thoughts on “Nos vemos no paraíso [Resenha do Filme]

  • 5 de julho de 2018 em 14:11
    Permalink

    Oi Mi, tudo bem?
    Nunca tinha ouvido falar nesse filme, mas a temática e ambientação parecem ser bem fortes, especialmente nas partes de mais drama.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

    Resposta
  • 5 de julho de 2018 em 15:17
    Permalink

    Oi, Mi
    Eu não conhecia esse filme mas não sou muito fã do gênero. Falou em política, guerra e franceses e eu já quero revirar os olhos. Mas o bom é que ele surpreende, traz personagens interessantes, com suas histórias de vida e que você gostou!
    Beijos
    http://www.suddenlythings.com

    Resposta
  • 6 de julho de 2018 em 14:41
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    Oii Mih. Amei a ideia do filme pois gosto dessas obras que revelam lados do romance policial. Gostei bastante da sua analise. Espero ver o filme em breve.
    Beijos.

    Blog: Fantástica Ficção

    Resposta
  • 6 de julho de 2018 em 21:31
    Permalink

    Oieeeeee Miiiiiiii
    Não sabia desse lançamento e fiquei instigada pela sua resenha envolvente.
    Não é só pelo fator guerra e paz (devemos lembrar as guerras para nunca mais repeti-las. Devemos sempre promover a paz), mas pelos quesitos personagens bem construídos, bom roteiro e momentos alternados de poetice e drama.
    Ainda tem pitadas de comédia.
    Dica devidamente anotada.
    Bjsss Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

    Resposta
  • 10 de julho de 2018 em 12:15
    Permalink

    Michele, não conhecia esse filme, mas pela sua resenha e pelo gênero, quero muito assistir!

    Beijo!
    Cores do Vício

    Resposta

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