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Todo o clichê do amor [Resenha do Filme]

Todo o clichê do amor não é um filme que te ganha nos primeiros minutos, mas se você tiver um pouco de paciência, vai encontrar três narrativas interligadas de uma maneira bem diferente e histórias de amor que conquistam ao longa da trama.
No velório, temos a madrasta interpretada pela sempre brilhante Maria Luisa Mendonça. A personagem tenta conquistar o afeto da sua enteada, uma mulher grávida cheia de amarguras da vida e durante o velório as duas vão aos poucos expressando seus sentimentos. Neste arco temos um gancho para a história da prostituta que pratica BDSM e que durante sua sessão com seu cliente discute com o marido por telefone. Lia (Marjorie Estiano) quer ser mãe, mas seu esposo, ator pornô não quer ser pai no momento. O cliente é um homem apaixonado por sua esposa que é cega, mas enfrenta problemas no casamento. A outra narrativa do longa é do entregador (Rafael Primot) apaixonado por uma atendente de uma lanchonete de fast-food (Débora Falabella), mas ela é comprometida. Para conquistar seu amor ele é capaz de fazer os maiores absurdos. Dentro dessa trama temos o gancho para a primeira história fechando o ciclo de maneira genial.
O arco da viúva e a enteada é bem interessante por ambas serem bem sinceras, a acidez do diálogo das duas é ótimo e a carência vivida por elas é o principal ponto dessa trama. Já a parte do entregador é a mais romântica, doce e sensível e também a mais exagerada. O personagem (interpretado pelo ator, diretor e roteirista Rafael Primot) ama Helen, mas é capaz de sair com a melhor amiga dela só pra pegar seu telefone. O final dessa história acabou sendo um pouco mais surpreendente do que eu imaginava. Já a história da prostituta que quer ser mãe e seu cliente apaixonado pela esposa é a mais divertida. Não tem como não rir com os disparates de Lia, que para o que está fazendo para ligar para o marido. Toda a quebra de clímax nessa história acaba sendo bem engraçada, já que Lia trata tudo de uma maneira muito natural e espontânea, sendo este arco o melhor do filme.
O título tem tudo a ver com as histórias contadas e usa e abusa de clichês nos diálogos o tempo todo, mas também consegue sair do lugar comum ao nos apresentar personagens tão distintos entre si. A prostituta de Marjorie quebra todos os esteriótipos e fica claro que o diretor se preocupa em não cair no machismo que personagens do gênero acabam invocando. Também chama bastante atenção ao ter histórias com pessoas cegas, surdas e até mesmo sem paladar.
O início do longa pode parecer tudo confuso e desconexo, mas o espectador vai encaixando as informações ao longo da trama e entendendo a conexão entre os personagens. Pode não ser original a forma como Rafael Primot interliga as narrativas, mas ainda assim é o grande diferencial no longa.
Todo o clichê do amor apresenta histórias diferentes, mas também um tanto comuns e o filme acaba nos ganhando ao ter histórias e protagonistas cativantes e conexões que saem um pouco do clichê.
Trailer:
FICHA TÉCNICA
Título: Todo o clichê do amor
Diretor: Rafael Primot
Data de lançamento: 19 de abril de 2018
Nota: 3,5/5
Enkaphothado Filmes e MUK

*conferimos o filme na cabine de imprensa
Michele Lima

Na Nossa Estante

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