Lady Bird – A Hora de Voar [Resenha do Filme]

Histórias com jornadas de autoconhecimento existem de monte nos livros e em Hollywood, mas o que faz Lady Bird ser tão diferente das demais é sem dúvida a direção de Greta Gerwig e criação de uma protagonista bem diferente dos adolescentes comuns, não que Christine, ou Lady Bird (Saoirse Ronan) como quer ser chamada, não tenha os típicos problemas adolescentes, mas por ser bastante egocêntrica acaba chamando bastante atenção.
Sem dúvida o ponto forte da trama é a relação de Christine com sua mãe, Marion (Laurie Metcalf) ,uma relação de amor que fica bem tensa como qualquer relacionamento de pais que possuem filhos adolescentes. Lady Bird quer ser independente, quer estudar longe de casa, ter uma vida própria, mas a família passa por sérios problemas financeiros e teria que se sacrificar para conseguir mandá-la para outra cidade. Assim, começam os problemas da protagonista, somados aos típicos problemas adolescentes, como o primeiro amor.
Lady Bird é um tanto contraditória, oras demonstra ser uma garota de atitude e que gosta de ser fora dos padrões e em outros finge ser quem não é, se afastando inclusive da melhor amiga. De início, a protagonista assume por completo sua egocentricidade, se joga num grande amor de maneira bem impulsiva e quando bate a decepção parece se transformar em outra pessoa, completamente egoísta, com necessidade de se encaixar na popularidade, com vergonha da própria pobreza, mas não percebe que o pior é a pobreza de espírito que ela demonstra ter nessa fase. E ainda assim, Lady Bird tem todo o apoio que precisa da família que realmente faz o que pode por ela.
A direção de Greta Gerwig é um tanto alucinada e nos tira do conforto ao nos mostrar cenas inesperadas e reviravoltas, Christine está em crise e com ela vamos embarcar em suas escolhas erradas, em suas decisões equivocadas e ao final, ao contrário do que a maioria das jornadas de autoconhecimento, fica a sensação de que a protagonista ainda tem muito o que aprender da vida. Sim, existe um genuíno amadurecimento de Lady Bird, mas a personagem acaba não tendo o carisma necessário para que se possa realmente torcer por ela. O erros de Christine são aceitáveis, a interpretação de Saoirse Ronan é impecável, mas fica a impressão de que falta algo mais para Lady Bird realmente voar. Algo que ela quer muito, afinal, é explicito que a personagem quer sair de Sacramento, um lugar que aparentemente ela não gosta, para ir para o mundo.
A química de Saoirse Ronan e Laurie Metcalf funciona muito bem, os personagens secundários como amiga Julie (Beanie Feldstein) e o primeiro namorado Danny (Lucas Hedges) são carismáticos, mas o roteiro é bem simples, apenas como um recorte da vida da protagonista, mostrando momentos engraçados e outros bem tristes, como a história do pai de Lady Bird e do professor de teatro. 
De modo geral, a simplicidade de Lady Bird – A hora de voar agrada, é um filme sensível que mostra a trajetória de uma jovem para a vida adulta, com um humor inteligente, com cenas divertidas, mas não é um trama complexa, impactante ou profunda.

Trailer:
FICHA TÉCNICA
Título: Lady Bird – A Hora de Voar
Título: Lady Bird
Direção: Greta Gerwig
Data de lançamento no Brasil: 15 de fevereiro de 2018.
Nota: 3,5/5


*Conferimos o filme na cabine de imprensa

Michele Lima

13 thoughts on “Lady Bird – A Hora de Voar [Resenha do Filme]

  • 14 de fevereiro de 2018 em 22:33
    Permalink

    Olá!
    Tenho visto muito a ser dito sobre esse filme e confesso que a visão que eu tinha depois de assistir ao trailer e saber do Oscar é bem diferente do que tem sido relatado nas resenhas. Não esperava um filme exclusivamente simples, mas tudo indica que é bem por aí!
    Belo texto
    Beijos,
    http://ofantasmaliterario.blogspot.com.br

    Resposta
  • 14 de fevereiro de 2018 em 23:03
    Permalink

    Eu achei esse filme bem sem gracinha. A personagem principal é fútil, não me identifiquei com os problemas dela, nem senti empatia pelos personagens da história. Achei que seria bem melhor (pela propaganda que fizeram sobre ele).
    Beijinhos <3

    Resposta
  • 14 de fevereiro de 2018 em 23:35
    Permalink

    Hey!
    estava muito ansioso com esse filme, mais depois da sua nota me desanimei um pouco. mais depois vou dar uma conferia e tirar minha próprias conclusões. Adorei a resenha 😀 e seu blog também <3
    – Beijos Vitor
    https://strangerboy01.blogspot.com.br/

    Resposta
  • 15 de fevereiro de 2018 em 03:24
    Permalink

    Oi, Mi

    Vou tentar assistir neste final de semana. Pelo trailer eu acho que vou curtir muito, não creio, pelo menos não inicialmente, que o filme quis passar uma mensagem mais profunda, acho que o ponto aqui é o autoconhecimento e a relação mãe e filha… mas vamos ver.

    Beijos
    – Tami
    http://www.meuepilogo.com

    Resposta
  • 15 de fevereiro de 2018 em 03:37
    Permalink

    Oi! Eu achei a premissa bem interessante e real, a protagonista passa por dilemas que vários jovens vivem, a falta de dinheiro, a relação familiar, primeiro amor etc. Acredito que por ser uma história fácil de se identificar na vida real, tem gerado opiniões positivas. Espero assistir em breve . Bjos ❤

    Click Literário

    Resposta
  • 15 de fevereiro de 2018 em 11:39
    Permalink

    Michele, esse filme parece ser bem bacana! Fiquei com bastante curiosidade em assisti-lo!

    Beijo!
    Cores do Vício

    Resposta
  • 15 de fevereiro de 2018 em 12:15
    Permalink

    Oi Mi, tudo bem?
    Eu curti bastante esse filme, achei bem verdadeiro, inclusive tem resenha dele lá no meu blog também!
    Blog Entrelinhas

    Resposta
  • 16 de fevereiro de 2018 em 06:57
    Permalink

    Ouvi as pessoas falando bem do filme e espero gostar pois, a atriz principal é uma queridinha minha desde o filme A Hospedeira.

    Beijos :*
    vidro-colorido.blogspot.com

    Resposta
  • 19 de fevereiro de 2018 em 20:48
    Permalink

    Olá
    Eu estou com muita vontade de ver esse filme. Em todas as resenhas que vi sobre ele, todo mundo ressalta a simplicidade dele. E eu admiro muito um filme que em sua simplicidade consegue ser incrível.

    Vidas em Preto e Branco

    Resposta

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