Mulheres Divinas [Resenha do Filme]

Conferimos a cabine de imprensa de Mulheres Divinas.

Mulheres Divinas é o longa selecionado pela Suíça ao Oscar 2018 de melhor filme estrangeiro estrangeiro e só de ver o trailer a gente entende o motivo. Numa época em que o feminismo é ao mesmo tempo tão forte e tão questionado por muitos, nada como um longa para nos lembrar da importância histórica do movimento. 
Nora (Marie Leuenberger) é um dona de casa comum numa pequena aldeia na Suíça, ela cuida dos filhos e do sogro, limpa a casa, cuida do marido e não trabalha fora. Uma mulher jovem que que começa a dar indícios de cansaço da rotina doméstica. Um dia resolve trabalhar, mas o marido, Hans (Maximilian Simonischek), não permite, por ciúmes, por se importar com a opinião dos outros e por achar que Nora não precisa de um emprego fora de casa. Pela lei o marido manda na mulher e a protagonista é obrigada a aceitar a decisão de Hans, mas não aceita! Indignada por estar presa numa lei que a oprimi e somando ao fato de sua sobrinha ir para um reformatório só porque não está dentro das regras da sociedade, Nora resolve apoiar o movimento pelo sufrágio feminino. O longa se passa em 1971, quando os direitos femininos estão a todo vapor com a votação sobre se deve ou não liberar o direito de voto para as mulheres.
A protagonista não é um mulher que odeia os homens, não estamos falando aqui de estereótipos, embora claramente o longa trabalhe com isso, mas sim de uma mulher simples, que apenas queria trabalhar e ter mais ambições na vida do que ser dona de casa. Nora não critica as mulheres da aldeia que querem apenas cuidar de seus filhos, ela não sai em uma batalha contra o sexo oposto, ela simplesmente quer ser livre para ter a vida que desejar. Inesperadamente ela conta com a ajuda da senhora Vroni (Sibylle Brunner), uma mulher que sempre foi a favor do voto feminino e que só agora na velhice tem coragem para lutar pelos seus ideais. Junto com Theresa (Rachel Braunschweig), uma italiana nova no lugar, e a cunhada de Nora, as personagens começam a mudar a mentalidade da aldeia onde vivem. Não é uma luta fácil, até porque as mulheres se sentem intimidadas e com medo de seus maridos, mas Nora mesmo sendo ameaçada e com problemas familiares não desiste de sua luta.
Interessante notar que a divertida viagem das mulheres para a capital resulta em grandes descobertas como conhecer a própria vagina e entender o quanto é importante um orgasmo, porque parece óbvio hoje, mas nem sempre foi claro o direito da mulher a ter prazer sexual. Importante notar também que Hans apesar de se incomodar com as coisas que a esposa faz, não é um homem ruim, apenas o fruto de uma sociedade extremamente machista. Nora e Hans são claramente apaixonados, mas ele precisa entender os anseios de sua mulher e enfrentar a população da aldeia.
O longa tem vários diálogos incríveis e pertinentes, vemos nos personagens da aldeia frases comuns ainda nos dias de hoje, comportamentos que apesar dos anos ainda se repetem na sociedade, inclusive em mulheres. E é com um olhar mais atento, no microcosmo (a aldeia) e não num plano macro (a capital), que o roteiro vai examinando o movimento pelo sufrágio feminino, sem colocar todo mundo em pacotes rotulados. A gama de personagens diferenciados no filme é algo bastante positivo, temos inclusive antagonistas mulheres na trama.
Petra Volpe dirige Mulheres Divinas de um forma bem encadeada e leve, apesar do tema sério, temos drama, mas também muitos momentos divertidos. O filme nos lembra a importância do papel da mulher na sociedade e da história do movimento feminista com personagens corajosas e carismáticas que enfrentaram o mundo para impor o mínimo de dignidade à nós mulheres. Não é filme só para a atualidade, diria que é um longa para qualquer momento da vida.
Trailer:
FICHA TÉCNICA
Título: Mulher Divinas
Titulo original: Die Göttliche Ordnung
Diretora: Petra Volpe
Data do lançamento no Brasil: 14 de dezembro de 2017.

Michele Lima

4 thoughts on “Mulheres Divinas [Resenha do Filme]

  • 14 de dezembro de 2017 em 15:57
    Permalink

    não tinha ouvido falar do filme, mas pelo trailer e sua resenha, achei muito interessante, agora estou curiosa para saber se elas atingem o objetivo mesmo. Beijos
    Pequena Tagarela

    Resposta
  • 15 de dezembro de 2017 em 10:38
    Permalink

    Olha Mi!
    Provavelmente irei assistir, mas não por agora. Eu sempre espero a lista do Oscar saí e aí vou lá assisti o filme.
    Pela sua resenha o filme parece bom
    Beijos
    Ari

    Resposta
  • 17 de dezembro de 2017 em 13:43
    Permalink

    OOi mi, adorei a resenha, ainda não sabia do filme mas lendo um pouco sobre ele já despertou uma vontade para assistir-lo.
    Adorei a dica.
    Beijinhos boa semana
    bellapagina.blogspot.com.br

    Resposta

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