41ª mostra internacional de cinema em São Paulo

E mais uma maratona se inicia. Após fechar mais um ciclo décuplo ano passado, com a 40ª edição, a Mostra Internacional de São Paulo, sagrada congregação anual de cinéfilos da cidade, inaugura nessa quinta-feira (19) sua 41ª edição, que vai até o dia 01 de novembro, lembrando que, ainda, certamente do dia 02 ao 05 (ou até mais) de novembro ocorre a tradicional repescagem, mantendo o mesmo valor de ingressos e a validade das credenciais.
Pra quem nunca foi, vale dizer, em poucas linhas, do que se trata a Mostra: ela é tipo o nosso Festival de Berlim ou Cannes. Durante duas semanas diversos cinemas de rua tradicionais da cidade, bem como algumas unidades dos CEUs e da SPcine na grande São Paulo, e até algumas salas em multiplex como Cinemark (de alguns shoppings apenas), recebem uma programação de mais de 300 filmes (este ano, mais especificamente, 394) de mais de 50 países (incluindo o nosso, com 63 filmes brasileiros), com ingressos individuais a R$ 20,00 de segunda a quinta, e R$ 24,00 de sexta a domingo, todos com opção de meia entrada. As novidades desse ano são a volta do cine Marabá (na República) ao roteiro da Mostra e a estreia do mais novo reduto de cultura da cidade, a nossa edição do carioca Instituto Moreira Salles (no final da Av. Paulista).
Os filmes são exibidos divididos em eixos temáticos de apresentação e competição, este ano serão seis: Homenagens, Apresentações Especiais, Foco Suíça, Competição Novos Diretores, Mostra Brasil e Perspectiva Internacional. Vale a pena conferir a programação no site (CLIQUE AQUI) e se certificar se no cinema mais próximo de você estará passando algum filme interessante.

Para iniciantes, eu compartilho a minha estratégia, que há 11 anos utilizei quando comecei a frequentar (e não parei mais): não procure por só filme famoso, embora também valha a pena assistir alguns desses, mas busque aqueles filmes raros, aqueles que você nunca terá a oportunidade de assistir de novo. Essa é a beleza da Mostra. É claro que eu sou um dependente incorrigível, indo com frequência diária de 4 a 5 filmes, comendo e dormindo pouco, quase não sobrevivendo a 2 semanas. Mas não precisam fazer como o titio para ser feliz na Mostra; basta assistir qualquer filme, no cinema mais próximo de você, que você pode estar diante de uma grata surpresa e uma bela e única experiência – ou não, também.
Ao longo dessas semanas algumas dicas pontuais serão postadas aqui, pois conferimos algumas cabines de imprensa para alguns filmes dessa extensa seleção. Dos poucos exemplares, porém, é possível por amostragem fazer um panorama do que pode ser mais facilmente encontrado nessa 41ª edição caso você adote o método aleatório de experimentar essa fantástica e mágica maratona (e um pouquinho cara, é verdade).
A Mostra, como foi lembrado na coletiva de abertura pela diretora Renata de Almeida (que assumiu com garra e responsabilidade o leme após seu marido, fundador do evento e praticamente um mito da cinefilia paulistana, Leon Cakoff, falecer em 2011 – poeticamente no tradicional mês da Mostra, outubro) tem a tradição de discutir temas atuais, levantar debates com respeito, priorizando a diversidade; ela tem uma função não só cultural, mas social importante. E isso, desde a época de Cakoff vem sendo mantido com absoluta seriedade.
Apesar das eventuais falhas técnicas que todo ano encontramos na Mostra, um evento dessa magnitude é feito com muita competência e dedicação por todos os envolvidos (e é uma infinidade de profissionais), sempre nos garantindo uma certeza: um belíssimo espetáculo da diversidade (de opiniões, países, visões, olhares, línguas, pessoas, filmes!).

Nesta 41ª edição, diante dos filmes já exibidos em cabine, algumas temáticas provavelmente serão muito recorrentes. Primeiramente, é notável o número de filmes com protagonistas femininas (e um número, até equilibrado, de diretores homens e mulheres dirigindo estes filmes) que se assistidos todos juntos dão uma visão ampla das histórias, das narrativas e das jornadas de mulheres de diversas sociedades: Grécia, Áustria, Indonésia, Geórgia, Colômbia, EUA, Suécia, Congo, Japão, e muitas, muitas outras. A importância da representatividade feminina, atrás e à frente das câmeras é certamente central na edição desse ano, e esteja certo de ver muitas reflexões sendo levantadas sobre a força o lugar da mulher no mundo.
Outro tema bastante comum tem sido a questão da imigração na Europa. Basicamente, todo filme europeu está trazendo isso em sua narrativa, direta ou indiretamente, de modo central ou secundário nos conflitos do filme. É muito possível, portanto, que qualquer filme europeu que você assista nessa edição do festival você se depare com essa discussão ou se pegue refletindo sobre isso, através da presença de algum ou algumas personagens na trama, das intersecções com personagens principais ou com a história principal, de retratos do cotidiano de vários países europeus, ou até de países africanos ou orientais de origem de imigrantes.
Também há uma porção de filmes discutindo o ódio, numa seleção aguçada da curadoria da Mostra por notar a urgência deste tema. Desse modo, a violência e a origem do ódio e do preconceito na essência humana são algumas reflexões levantadas por alguns filmes. Bem como, há outros tantos filmes trazendo a temática da frivolidade do mundo contemporâneo, a solidão, a dificuldade dos relacionamentos humanos (sexuais ou fraternais).

Exemplos diretos desses filmes pintarão por aqui nos próximos dias, fique ligado nas postagens sob a tag da “41ª Mostra” aqui no site para acompanhar essas resenhas e as datas de exibição destes filmes, para você não perder essa oportunidade de conhecer algumas produções diferentes e raras (dentre os 394 exemplares), as quais você não teria ocasião para descobrir a não ser nessa 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Mais informações: http://41.mostra.org/br/home/

Gui Augusto

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