Corra! [Resenha do Filme]

Jordan Peele escutou Eddie Murphy em uma especial em 1983 e acreditou que a piada dava uma excelente história e deu mesmo! Corra! já é um dos queridinhos da crítica e com certeza vai agradar os fãs de terror psicológico.

Chris (Daniel Kaluuya) é jovem negro que namora uma moça caucasiana chamada Rose (Allison Williams). Os dois estão viajando para encontrar os pais da garota e logo no início há uma visível tensão pelo fato da família ser bem tradicional e é evidente que algo está muito errado com todos os membros, especialmente o irmão que tem cara de louco e o pai que tenta agradar excessivamente ao mesmo tempo que faz comentários ambíguos. Tudo parece ser uma questão de preconceito, principalmente quando aparecem os amigos da família que não conseguem esconder que consideram Chris diferente pelo fato de ser negro.

Nos primeiros atos do longa tudo parece muito estranho, racismo velado, pessoas esquisitas, empregados que parecem dar mais medo que os pais de Rose e uma hipnose no meio da madrugada que a mãe da protagonista faz em Cris é a grande indicação de que algo muito errado está acontecendo naquela casa. E por mais absurdo que as teorias de Rod (Lil Rel Howery) possam parecer, a cada minuto o mais absurdo da trama começa a se tornar realidade.

A cada cena, a cada diálogo, o espectador vai ficando mais tenso, angustiado e quando chegamos ao ato final a agonia toma conta. Certeza que todos acabam tendo a vontade de dizer “corra” para Chris como faz Andrew (Lakeith Stanfield) em um determinado momento. E fica difícil não ter simpatia por Rod que mesmo longe do amigo tenta ajudá-lo.

O estreante no cinema Jordan Peele acerta o tom e faz um equilíbrio perfeito com um suspense que embora possa até ser previsível consegue nos surpreender em alguns momentos. O sarcasmo e a crítica ao preconceito racial americano estão bem presentes. Nada é exagerado, na verdade, chega a ser cômico a cara de pau do pai de Rose dizer que até votaria no Obama novamente se pudesse, quase como aquelas pessoas que dizem que não são preconceituosas, até têm amigos gays/negros.

Allison Williams está numa excelente atuação, bem como Daniel Kaluuya, aliás, Chris é um excelente protagonista que não titubeia ao perceber o quão grave é sua situação, o “sangue nos olhos “no protagonista chega a ser empolgante!

Michele Lima