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Belgravia [Resenha Literária]

Meu primeiro contato com Belgravia foi ao saber que a Editora Intrínseca estaria lançando os capítulos do livro online. Uma forma de nos fazer acompanhar a história como um folhetim e adorei a ideia. Ler um capítulo por semana é leve, divertido e nos instiga a acompanhar a história! No entanto, ter o livro completo em mãos me ajudou na ansiedade de saber sobre toda a trama!


Belgravia tem 11 capítulos em uma narrativa fácil e ao mesmo tempo com personagens com boas camadas de profundidade, algo já bem conhecido do autor Julian Fellowes, criador da série Downton Abbey. Em meados de 1840 a sociedade precisa aprender a conviver com uma nova classe emergente por conta da Revolução Industrial e para os mais nobres e esnobes isso não é muito fácil. O primeiro capítulo, Dançando para a batalha, que está disponível online, mostra Sophia e Edmund, um casal de classes sociais diferentes, protagonistas de uma tragédia logo ao início do livro. Depois disso, toda a história é desenvolvida pelas consequências do ato do casal, com narração de outros personagens, mas principalmente de James e Anne, país de Sophia, 25 anos depois do ocorrido.




Anne é uma mulher que, apesar do dinheiro conquistado pelo marido no comércio, não é deslumbrada. Pelo contrário, a matriarca não se sente como as outras damas, como se seu lugar no fosse com elas. No entanto, o novo status do seu marido a obriga participar da alta sociedade. Já James é quase o oposto, deslumbrado com a nobreza, o pai de Sophie sempre quis reconhecimento. Já a família Brockenhurst, de Edmund, é o estereótipo da aristocracia, que só pensa em dinheiro e aparências. Entretanto, todos os personagens, sem exceção, mostram complexidade expressando um realismo incrível em que a humanidade deles é retratada com excelência. Não temos mocinhos ou vilões, todos cometem seus pecados, todos sofrem, todos podem ser odiados e amados, menos Charles e Maria, que possuem caraterísticas de heróis de romances.

Charles é trabalhador, esforçado e Maria gosta do rapaz mesmo sabendo que ele não é tão importante na sociedade como seu noivo. Em se tratando de Anne, é difícil não se simpatizar com a personagem, com sua determinação e inteligencia, mas a senhora cometeu atos que apensar de se arrepender condiz claramente com a sociedade da época. Já James é tão apaixonado pelo status que irrita e ao mesmo tempo nos compadece com sua ingenuidade. Claro que os Brockenhurst podem ganhar facilmente a antipatia dos leitores, mas também sofrem como os Trenchard.



Belgravia não é um romance vitoriano, apesar de ambientado no século 19, não temos como ponto de partida uma heroína sofredora, o que temos é uma trama bem desenvolvida fortemente marcada por uma narrativa de costumes. Vemos diversos pontos de vista inclusive dos empregados que julgam os Trenchard por não serem nobres. E o decorrer do enredo prende como se fosse uma boa novela televisiva em que cada capítulo parte do enredo é trabalhado. Existe claramente uma excelente construção de personagens, com núcleos secundários muito bem explorados, com tramas paralelas que se fundem ao enredo principal. No final da leitura você se sente parte da história, como se finalmente entendesse os motivos dos personagens. Tudo termina de uma maneira bem amarrada, sem pontas soltas e ainda assim ficamos com enorme gosto de quero mais!

Dados do livro:

Título: Belgravia
Autor Julian Fellowes

Onde Comprar


Amazon – Belgravia






Michele Lima

Michele Lima

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