Rua Cloverfield, 10 [Resenha do filme]

Conferimos o filme na Cabine de Imprensa

Sinopse: O filme conta a história de Michelle (Mary Elizabeth Winstead), uma jovem que, após um grave acidente de carro, acorda no porão de um desconhecido (John Goodman). O homem diz ter salvado sua vida de um ataque químico que deixou o mundo inabitável, e, por isso, a manterá presa no local. Sem saber se pode confiar na história, ela tenta descobrir como se libertar. O elenco conta também com John Gallagher Jr. A produção é de J.J. Abrams e a direção, de Dan Trachtenberg. Josh Campbell, Matt Stuecken e Damien Chazelle assinam o roteiro.

Falemos de expectativas.

Se você as cria antes de ir assistir um filme, isso pode ser muito ruim. Quando não é ruim, é porque suas expectativas foram alcançadas e você conseguiu supri-las ao ver o filme. Caso contrário, você pode sair do cinema proferindo palavras não muito delicadas. Na minha história com Rua Cloverfield, 10 eu criei expectativas demais. Ainda bem que John Goodman está excepcional na pele daquele a qual falta um parafuso (será?), Howard. Mary Elizabeth Winstead e John Gallagher Jr. mandam bem também em seus papéis de “salvos por Howard”.

A narrativa aproveita de momentos cruciais na interação de suas personagens para ir enchendo a cabeça do espectador de perguntas, dessas do tipo que não querem calar. A maior delas talvez seja qual a relação do primeiro tenso e “destruidor” filme com esse segundo. Ainda que seja bem fácil relacionar, principalmente na segunda parte do filme, essa condução da narrativa que valoriza mais as personagens do que o plot em si, deixa bastante confusa a ideia de conectar a primeira história com essa.

Como o próprio cartaz do filme diz, o “monstro” em destaque aqui é outro. Bom, pelo menos até que tenhamos acesso ao lado de fora do bunker. O filme é claramente dividido em duas partes, sendo que a primeira tem uma maior relevância para o diretor, pois o trabalho maior dele (maior em termos de tempo e também de realização) com as três personagens enclausuradas com uma caótica realidade do lado de fora é o que vai tecer a trama, mesmo quando a segunda parte se faz presente. Com o objetivo alcançado, Michelle precisa então virar a heroína da vez e atacar o inimigo de frente. E é exatamente aí que as soluções são fáceis demais e o clichê invade a história. Pode até ser que seja tudo proposital mesmo, para mostrar que temos outros monstros bem piores para lidar no nosso dia a dia e na vida “simples” e “sem graça” de cada um, mas enquanto recurso para dar um pouco de credibilidade ao roteiro, ficou devendo.

Se mencionarmos a produção de JJ Abrams, vai ficar difícil não mencionar Lost: o bunker, a heroína, o vilão, o engraçadinho apaziguador, as canções em jukebox preenchendo o vazio, o barulho característico de um “monstro”, segredos, mistérios. No final das contas, parece tudo revivido ali, nos 100 e poucos minutos do filme. Tem ainda a homenagem à Pretty in Pink, clássico dos 80, o que pode na verdade ser uma dica do tipo de meninas que o ranzinza Howard gosta de assistir, observar, estudar. Então faça o seguinte: vá assistir Rua Cloverfield, 10 sem grandes expectativas. Vibre com a incrível atuação de John Goodman, e não ligue para o heroísmo fácil que invade a história no final, quem sabe assim você saia do cinema dizendo ‘Pô, que filmão!’. 2.5/5.0

FICHA TÉCNICA
Rua Cloverfield, 10
Título Original: 10 Cloverfield Lane
Ano: 2016
Distribuidor: PARAMOUNT PICTURESDiretor: Dan Trachtenberg
Cristiano Santos
Na Nossa Estante

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