Dom Quixote [Resenha Literária]
Existe um grande mal nas Universidades Públicas, quando um professor estuda um tema ele só sabe dar aquele tema em aula! E assim, quando estudei realismo eu praticamente só estudei Machado de Assis, vi alguma coisa sobre outros autores, mas 90% do curso foi sobre o Machadão! Em literatura espanhola não foi muito diferente e acabei tendo 100% de Don Quijote de la Mancha no curso. Tivemos que ler mais de 1000 páginas em único semestre em seu texto original! Daí tive que encomendar a versão espanhola que demorou bastante pra chegar, mas valeu a espera, afinal, minha edição tem até textos de críticos literários comentando a obra! E acabou virando o meu xodó da minha estante.
Considerado um dos melhores clássicos de todos os tempos Dom Quixote foi publicado em Madrid em 1605, com 126 capítulos. Sabe-se que a coroa espanhola patrocinou uma edição revisada em quatro volumes em 1777 com uma tiragem inicial de 1600 exemplares.
Cervantes é uma autor irônico, que faz uma interessante paródia com os romances de cavalaria, que tinham uma boa popularidade na época, mas já aparentava estar em declínio. Cervantes utiliza da insanidade de seu protagonista para viver aventuras e fantasias que provocam humor, embora também nos façam refletir, já que o autor joga na nossa cara por meio do burlesco uma dura realidade e uma boa crítica da sociedade. Aliás, o autor adora brincar com a realidade e o imaginário, o possível e o real.
Dom Quixote é ingênuo, criativo, um leitor assíduo, herói que nasceu no período errado e que aparentemente vive em sua própria bolha! Já Sancho, meu personagem preferido, é aquela figura que representa o bom senso, um tanto materialista, inclusive. Obviamente são personagens repletos de camadas mais profundas, mas como esse texto não é um artigo acadêmico, não cabe aqui fazer uma análise profunda de 100 páginas dos dois, mas a complexidade deles é algo bem evidente para qualquer um que leia a obra.
Nem todos sabem, mas Dom Quixote é divido em duas partes, talvez Cervantes tenha sido um dos primeiros autores a fazer uma continuação devido o sucesso do primeiro livro! No entanto, apesar de serem os mesmos personagens é possível perceber uma grande diferença entre as duas partes. A primeira tem um estilo que condiz com o Maneirismo, já a segunda parte é mais Barroca e realmente possui um fim. É triste se despedir de Dom Quixote, mas Cervantes se assegurou de que sua obra não teria continuações falsas. Embora grande parte do público prefira a primeira parte, é na segunda que se encontra a minha história favorita, a que Sancho se torna governador da Ínsula Barataria.
Apesar de ser considerado um dos primeiros textos literários das línguas europeias modernas, Dom Quixote possui um espanhol que não é o espanhol moderno e por isso, mesmo quem é fluente no idioma, talvez tenha alguma dificuldade na leitura. Um prato cheio de doces para quem é da área de linguística, claro!
Enfim, Dom Quixote é uma obra que nos diverte, nos faz rir e também chorar. É um clássico cheio de aventuras e fantasias, adorado por linguistas, historiadores, críticos literários, pois é um poço de referências sociais, linguistas e culturais da época em que foi escrito, trazendo ao mesmo tempo temas que continuam a perpetuar por todos esses séculos. É uma obra que deve ser lida e apreciada, mesmo que você não tenha motivos acadêmicos.
Don Quijote de la Mancha
Eu sou desses também: de viver na própria bolha! Preciso ler Dom Quixote! ainda não o fiz.
Oi, tudo bem?
Até hoje não li esse livro *vergonha*
Gostei muito da resenha! Preciso ler logo ahha
Bj
@saymybook
saymybook.blogspot.com
quando lançaram uma tradução mais apurada do livro os sebos desovaram baratíssimo as edições antigas. comprei uma linda de capa dura azul por R$ 10,00, mas até agora está a espera para ler. beijos, pedrita
Já li adaptações do original, mas me falta ler o livro em si mesmo. Preciso e para logo; se já estava com vontade, sua resenha me deixou louco.
Porém, por enquanto não vai ser a edição em espanhol, o meu espanhol está bem ruim. Vou procurar uma tradução de boa qualidade.
Ótima postagem.
Desbravador de Mundos – Participe do top comentarista de reinauguração. Serão quatro vencedores!
lindo seu Blog, gostei do post, tenha um ótimo inicio de semana. Muito obrigada pela visita. meu anjo!
Estou até (te seguindo) Bjo
http://blogdaadilene.blogspot.com.br/
É esse tipo de livro que eu tenho que passar a conhecer mais sabe?
Confesso que às vezes eu tenho um pouco de preguiça de ler clássicos, mas claro, sei o quanto esse tipo de leitura é enriquecedora!
Beijos!
http://www.ooutroladodaraposa.com.br
Olá. Bom, nunca tive a oportunidade de ler este livro mas com um pouco de curiosidade que eu tenho. A história em si não prende num primeiro instante, mas acabo penando pelo lado clássico da coisa e fico nesse impasse.
Beijos
Sil – Estilhaçando Livros
Oie Michele =)
Eis um livro que ainda tenho que ler.
Confesso que não dou muito atenção para os clássicos por ter ficado traumatizada na época de escola, mas todos falam tão bem desse livro que sempre fiquei curiosa. Acho que já passou da hora de eu ler ele não é?
Beijos;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias…
@mydearlibrary
Talvez seja uma obra para ser lida especialmente sem interesse acadêmico kkkk Pq até pesquisa historiográfica é mais gostosa de ser lida quando a gente não tem que fazer uma resenha no final hahah Adorei o texto Mi, ficou perfeito. Eu aprendi coisas novas sobre "Dom Quixote" e fiquei com mais vontade ainda de ler o texto inteiro, realmente Cervantes tem um humor acido, mas como não amar um cara que vive dentro da bolha, quando eu faço o mesmo?!?!/ hahahahah…
Adorei!
Olá, Michele.
Nossa que tudo essa sua edição. Eu já li o livro algumas vezes, mas faz tempo já. Gostei da sua resenha e de ver uma visão diferente da história do que eu tinha visto.
Blog Prefácio
Oi, Michele.
Caramba, que raridade esse livro!
Vejo muito falar dessa obra, mas nunca li.
Mas é um clássico e não é por acaso.
Tem a sua relevância histórica e certamente pode ser aplicado aos dias atuais.
Abraços.
Diego || Diego Morais Viana