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Anomalisa [Resenha do filme]

Conferimos a Cabine de Imprensa do filme Anomalisa do diretor Charlie Kaufman
Entrar na cabeça de Charlie Kaufman nunca é tarefa muito simples. Não é ir ao cinema, sentar, acompanhar uma história que terá seus dramas e felicidades e no final tudo acabará bem. Você sairá satisfeito, entretido e com sorrisos no rosto. Kaufman te leva ao cinema e pode até te fazer rir, mas será mais por incômodo ou até mesmo dificuldade em compreender o que foi que aconteceu. Vai te fazer pensar uma, duas e até três vezes sobre o que acabou de ver. Vai sair do cinema com pontos de interrogação fazendo ciranda sobre a sua cabeça. Ou ainda, pontos de interrogação intercalados com pontos de exclamação. Com Anomalisa não foi diferente! E o fato de ser uma animação gera um primeiro questionamento. Digo isso no sentido de que pessoas como eu e você, caro leitor, não podemos viver muitas das coisas apresentadas em animações, já que a liberdade da fantasia permeia personagens animadas.
O sentimento de que situações como aquelas não poderiam ser reais, mas na verdade o são, já incomoda bastante. Pura e simplesmente pelo fato de que Michael Stone, nosso querido (?) protagonista, está fazendo coisas que eu, você, alguém da sua família ou seu vizinho, faríamos sim. Ele toma remédios, ele toma banho, ele tem drink favorito. Lisa até gosta da Cindy Lauper (ahhh que coisa mágica essa sequência!). E tem baixo auto-estima. Michael é um escritor de motivação empresarial bem sucedido e que faz palestras motivadoras pelo país. É admirado e quase cultuado, inclusive por Lisa, que se vê numa situação bastante invejada por muitas fãs de homens bem-sucedidos e famosos, mas será que Michael é realmente bom como ele acredita ser? E será que não é apenas um ego gigantesco cada vez mais alimentado por ele próprio e toda a apreciação que passeia em volta dele?
O que sentimos é confuso e misturado como a própria cabeça de Michael Stone. Seu ego pode ser imenso, mas ele também se culpa e se cobra de ações que poderiam ter levado sua vida em outra direção. E nos perguntamos se ele seguiria essa outra direção, caso ela aparecesse para ele. E ainda, se ao seguí-la, estaria ele em paz finalmente? No final das contas, Michael talvez seja apenas mais uma vítima da sociedade imediatista e caótica em que vivemos hoje em dia. Nada vai fazer muito sentido até que ele realmente queira colocar em pratos limpos que tipo de verdades irá suportar ou fingir que não o afetam. E Michael sou eu, você e todos nós. Seja bem-vindo ao mundo dele. Malkovich Malkovich? Malkovich. Se é que você me entende.
4.5/5.0
Cristiano Santos
Michele Lima

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