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Rita Lee, a rainha do Rock Nacional.

Há muito tempo venho querendo falar sobre a cantora e compositora que tanto me inspira, já me divertiu e me fez ver que é necessário ousar sempre. Falo a rainha do Rock Nacional: a vovó Rita Lee. Resolvi escrever depois de uma tarde de overdose de Rita Lee, percorrendo a todos os seus songs que tanto chocaram e influenciaram gerações (inclusive a minha, e olhe que só tenho 22 anos! rs) No que diz aos ritmos[1], a sexualidade e a liberdade de expressão, Rita Lee é uma mulher sem dúvida alguma determinante no cenário brasileiro, principalmente em relação a música e a emancipação feminina.

É verdade que Rita Lee nunca se considerou feminista, mas femealista! Por mais que ela preferia o outro termo, que na sua concepção designa os direitos da “fêmea” se expressa em um meio predominantemente “macho”, acredito que suas letras formam centrais. Não é por acaso que sempre quando se fala da mulher na música, seu nome sempre está lá ou mesmo no dia internacional da mulher eu vi milhares de compartilhamentos de músicas da vovó do rock (em especial “Pagú” e “Todas as Mulheres do Mundo”). Se Rita Lee tinha medo de não conseguir ser imortal, ela já pode ficar tranquila porque seu nome e suas letras sempre serão lembradas.
Rita Lee teve muitas fases, inclusive o momento em que ela passou pelos Mutantes. Há quem diga que esse foi a melhor fase da cantora. Eu discordo plenamente, me insiro na linha que entende a fase Mutantes como o momento da vida de Rita Lee em que ela se projetou como rockeira. Mas como ela nunca quis “luxo nem lixo”, sua imortalidade só viria mesmo depois que ela conhece o seu companheiro de palco, produções, composições e é claro de vida, seu esposo Roberto Carvalho.
Ao lado de Roberto Carvalho Rita Lee não só começou um longo processo de recriação, revisão e experimentação de ritmos, mas também de internacionalização. A quem diga que ela traiu o rock e começou a fazer pop. Senhores, ledo em engano! Foi aí que Rita Lee mostrou que era Rita Lee e que o rock nacional tinha todo o direito ao circuito de ter o seu lugar. Diferentes figuras internacionais citavam e ainda citam hoje Rita Lee como uma referência do rock brasileiro, fazendo menção a diferentes músicas.
O álbum que garantiu esta internacionalização foi Rita Lee (1979), Rita conseguiu emplacar nas paradas de sucesso quase todas as músicas do mesmo (entre elas estavam “Doce Vampiro”, “Chega Mais”, “Papai Me Empresta o Carro” e “Corre-Corre”). A primeira foi a inesquecível “Mania de Você”. Que fez tanto sucesso que levou ao disco ficar mais conhecido com o nome desta faixa do que o originalmente proposto pela dupla.
O sucesso midiático levou a muitos críticos alegarem que esse sucesso tinha nascido com prazo de validade, mas Lee e Carvalho provaram o contrário quando lançaram em 1980 o álbum que ficou conhecido como “Lança Perfume” (o nome original também era Rita Lee). Deste disco saíram vários sucessos além do próprio “Lança Perfume”, entre eles: “Baila Comigo”, “Nem Luxo Nem Lixo”, “Orra Meu”, “Shangrilá” e “Bem-me-quer” [2].
Depois disso, Lee não parou mais. Foi um sucesso atrás do outro. Alguns de seus alguns não fizeram tanto sucesso como o Rita e Roberto (1985), mas a capacidade de reinvenção da rockeira sempre lhe garantiram uma rápida recuperação destas baixas. Eu concordo com várias entrevistas que ela concedeu em que o motivo esta baixa também esteja associado a uma industrialização da música. É difícil mesmo você manter uma alta qualidade em todos os projetos com prazos curtos e órgãos te pressionando a todo o momento para você produzir e apresentar resultados… [3]
Contudo essa parceira teve uma pausa no início dos anos de 1990, mais precisamente em 1991. Foi o momento em que Rita faz releituras de sua carreira e vida pessoal, em especial da década de 1980 e traça turnês alternativas patrocinadas pela MTV. Além de lançar discos como Santa Rita de Sampa (1997), onde emplaca a música “Dona Doida” que foi tema de abertura da novela global “Zazá”.
Em 2000 já de volta a parceira com seu esposo Roberto Carvalho [4], Rita Lee lança o álbum 3001 que continha três grandes sucessos: “Pagu”, “Erva Venenosa” e “O Amor em Pedaços”. Em seguida ela lança Bossa’n Beatles, uma belíssima releitura de Beatles.
E, por fim, em 2012 Rita seu grande último sucesso o álbum Reza (seu último CD com músicas inéditas foi Balacobaco em 2003) e também sua aposentadoria oficial. Em sua últimaentrevista ela disse continua compondo, pois ela está cansada dos palcos e não da música. Entre suas tarefas favoritas agora é cuidar de sua neta que, segundo ela está lhe ensinando a ser mais feminina.
Termino minha curtíssima homenagem – e certamente a primeira, pois não fiquei nada contente com o que escrevi – com 5 músicas dela que sei que ainda serão ouvidas por muitos por muito tempo e que ao mesmo tempo revelam a complexidade de nós mulheres:

Mania de você

 

Cor de Rosa Choque

 

 Pagu

 

 Meno Power

 

Pega Rapaz

 

[1] Rita Lee está
entre as primeiras mulheres a ser cantora, compositora e guitarrista em nosso
país! Cantoras como Pitty reconhecem influência direta da rainha do rock

[2] Eu inclusive
suspeito que “Nem luxo nem lixo” tenha nascido dessa série de críticas que a
cantora sofreu. Posso estar enganada, mas é muita coincidência não? rs

[3] Foi mais forte
que eu, tive que fazer uma crítica a esse sistema que pensa que músicos,
artistas e pesquisadores são máquinas de produzir em série! Fim do desabafo!
Estou melhor, obrigada! rs

[4] Em 1996 Rita
Lee se casa legalmente com Roberto Carvalho, mas eles estavam juntos desde
1966. Rita conta que se apaixonou por Roberto a primeira vista. Sua união
nasceu quando ela descobriu que estava grávida do primeiro filho do casal.
Inclusive, Roberto só descobriu que seria pai porque Rita antes de ser presa –
a alegação foi por ela portar drogas, mas ao que parece não passou de uma
postura coercitiva da Ditadura Militar – ligou para ele avisando que estava
grávida.

Referências
Na Nossa Estante

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