Terrifier 3 [Crítica do Filme]

Vemos muitas tentativas frustradas de projetos de terror tentando emplacar figuras de slashers (assassinos) ao grande público, mas um projeto independente que começou por financiamento coletivo e comandado por uma só pessoa que se recusa a vender a franquia, está se tornando um dos grandes ícones desse subgênero dentro do terror. A figura de Art, o Palhaço, cada vez ganha mais força por suas características carismáticas, além da liberdade criativa e pela densidade do “gore” (sangue e mutilação) inserido pelo diretor, produtor e roteirista Damien Leone.

Em Terrifier 3, acompanhamos uma nova onda de assassinatos por Art (David Howard Thornton), na qual retorna dos mortos, ressuscitando em uma nova temática do ano, o Natal. Enquanto, os irmãos sobreviventes Sianna Shaw (Lauren LaVera) e Jonathan Shaw (Elliott Fullam) tentam retomar suas vidas mesmo com traumas perturbadores que sofreram com o assassino.

O diretor nunca escondeu sua inspiração em outras sagas como: Halloween, IT, entre outras. As referências são claras quando analisamos a trilogia, mas Terrifier, ao mesmo tempo, consegue ser diferente de tudo e ganha sua própria personalidade. E, como o primeiro filme era apenas um conceito esperando por aceitação, somente a partir do segundo que temos a introdução de ideias contextuais para uma construção de narrativa.

Com isso, temos o simbolismo da personagem Sianna, que se transformou em uma figura “messiânica” para enfrentar esse mal, tal como: Laurie Strode vs Michael Myres em Halloween e Sidney Prescott vs Ghostface em Pânico, o que faz com que haja um desenvolvimento maior para a cosmologia da franquia. Entretanto, no terceiro filme isso acaba não sendo exercido do mesmo modo como no anterior, ficando aquém nesse sentido, mesmo atriz estando bem no papel. 

Já a postura de adicionar mais personagens ao redor dos irmãos no novo longa, acaba não servindo para nenhum propósito, mas sim apenas como alvos do palhaço. Contudo, nesse sentido, não há o que reclamar, já que o foco é a violência explícita, que está em outro patamar e cumpre seu objetivo que é entregar essas atividades. Analisando outras obras do gênero, Terrifier 3 se torna um dos filmes mais brutais e, se não for, o maior do cinema. 


Leone tem mais orçamento em suas mãos, com isso, ele consegue aumentar a escala e diversidade de mortes, tornando o serial killer imprevisível e agonizante. O cineasta também é artista visual e plástico, sendo a cereja do bolo para criar todo o ambiente aterrorizante, com quase a totalidade realizada por efeitos práticos. Assim, tornando essa escala de brutalidade em uma arte.

Sendo assim, o grande destaque fica mais uma vez para a atuação de David Howard, que consegue com seus trejeitos impactar as cenas e, ao mesmo tempo, levar um carisma único ao protagonista. Assim como o uso de tonalidade cômica que está mais presente nesse filme, principalmente pela representação natalina.

O lado sobrenatural acaba sendo mais explorado, respondendo algumas questões em aberto e amarrando ainda mais a franquia, dando importância para o primeiro e até o spin-off “Terrifier: O Início”, que até então não era considerado canônico. 

Enfim, Terrifier 3 acaba caindo na mesmice de filmes slashers, empurrando a saga para futuras obras para realmente contar mais da história em si. Mas nesse quesito, quem adora essas produções, ficará satisfeito com todo o conjunto entregue e querendo ver mais de Art nas telonas.  

FICHA TÉCNICA

Título: Terrifier 3
Data de Lançamento: 31 de outubro de 2014
Direção: Damien Leone
Diamond Films

Lucas Venancio

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