“Aquele que luta com monstros deve procurar que ele próprio não se torne um monstro”
– Friedrich Nietzsche (1844-1900)
Reta final dos anos 90 e eis que o faroeste de terror, Mortos de Fome, surge e continua muito bom até hoje, graças a uma direção competente e uma história bem contada, sem elementos que o caracterizasse como um produto de sua época.
Durante uma batalha na guerra Mexicana-Americana (1846 – 1848), o oficial John Boyd (Guy Pearce, bem aqui) se finge de morto e é colocado sob uma pilha de mortos enquanto litros de sangue alheio adentram sua garganta. Isso justifica sua aversão a carne mal passada servida no acampamento e sua falta de autocontrole perante sangue de animais e ferimentos em corpos humanos. Considerado inadequado para permanecer no pelotão devido a sua “covardia”, Boyd é enviado para o Fort Spencer em Serra Nevada, sendo o terceiro na linha de comando. A monotonia do local é quebrada quando o misterioso coronel Ives (Robert Carlyle, sempre ótimo) chega pedindo abrigo e revela que sobreviveu a uma interminável tempestade ao se abrigar numa caverna e se alimentar dos outros companheiros de viagem, menos um casal que ainda permanece lá. Boyd então parte para resgatá-los e o banho de sangue começa.
De acordo com um argumento indígena, aquele nativo que se alimenta da carne de outro adquire sua força e coragem, porém, como se fosse uma droga, transforma quem provou da carne um eterno dependente que nunca tem sua fome saciada.
Com bela fotografia e direção de arte bem cuidada, o visual de Mortos de Fome em nada lembra um filme de terror, o que o torna ainda mais aterrorizante. Outro destaque é a ótima trilha sonora de Michael Nyman e Damon Albarn (Blur e Gorillaz) com suas violas, banjos e bandolins em belos arranjos.
O roteirista Ted Griffin teve a ideia do filme enquanto lia “The Thin Man”, de Dashiell Hammett (1894-1961), e seu roteiro nunca se perde na abordagem da antropofagia, construindo bem a tensão e acertando nos diálogos afiados.
A produção do filme não teve um bom começo, com o diretor macedónio Milcho Manchevski deixando a produção três semanas após o início das filmagens, sendo substituído pela inglesa Antonia Bird (1951-2013), que já havia mostrado seu talento no perturbador O Padre (1994), também com Robert Carlyle. Aliás, foi Robert que a indicou e Antonia trabalhou bem, surpreendendo a quem pensava que Mortos de Fome fosse dirigido por um homem.
Com elenco 99% masculino e cheio de cenas muito violentas, Antonia não perdeu a mão e fez de Mortos de Fome um filmão que se tornou um cult com o passar dos anos.
Merece o selo de qualidade Cine Trash anos 90.
FICHA TÉCNICA
Título: Mortos de Fome
Título Original: Ravenous
Direção: Antonia Bird
Data de lançamento: 19 de março de 1999
Italo Morelli Jr.
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