Do Fundo da Estante: Mortal Kombat 2 – A Aniquilação

Os mesmos que detonam esta continuação do ótimo Mortal Kombat, de 1995 e superior ao reboot de 2021, são os mesmos que foram ao cinema e que alugaram o VHS pra assistir com os colegas. Hoje, depois da lavagem cerebral feita pelos filmes de heróis da Marvel, se dizem envergonhados por ter gostado do que viram. Nem é pra tanto!

O livro “Lights, Camera, Game Over” revela que Mortal Kombat 2 é, na verdade, um workprint inacabado que o público respondeu positivamente em sessões teste. Então a New Line Cinema decidiu lançar do jeito que estava ao invés de finalizá-lo, mesmo com 30 milhões de dólares de orçamento.

As sessões aqui no Brasil estavam sempre lotadas e a corrida pelas locadoras atrás do VHS é lembrada até hoje – algumas só possuíam uma cópia e a fila de espera podia durar dias. Foi assim com as fitas de O Máskara (1994) e numa escala muito maior, com Titanic.

Eram os finalmentes dos anos 90 e ninguém reclamou/reparou na troca de quase todo o elenco, do fundo verde tosco, das lutas coreografadas e figurinos Terezinha Modas…atualmente, a lacrolândia dos críticos cinematográficos se dá ao trabalho de rever o filme e criticá-lo com superioridade, sem levar em consideração que os produtores só queriam fazer dinheiro em cima dos jogos e entreter os fãs adolescentes, sem a pretensão de fazer uma obra atemporal pra ser aclamada pelos próximos cinquenta anos.

O cineasta John R. Leonetti vinha da direção de fotografia de Contos da Cripta e fez sua estreia atrás das câmeras com a difícil missão de dar continuidade ao sucesso do primeiro Mortal Kombat, que segue sendo até hoje a melhor adaptação de um game para as telonas. Apenas Robin Shou (Liu Kang) e Talisa Soto (Kitana) voltaram do elenco original. Todos os outros, inclusive o astro francês Christopher Lambert que era o Raiden, foram substituídos.


O motivo? Com o sucesso do filme anterior, todos acabaram envolvidos entre outros projetos e, na boa, ninguém fez falta. Das novas aquisições, o destaque vai para a bela e talentosa Musetta Vander, no papel de Sindel (aclamada até hoje pelo fãs dos jogos) e Brian Thompsom, bem convincente como Shao Khan.

História? Roteiro? Basicamente, Mortal Kombat 2 é uma sequência de lutas aleatórias e divertidas, assumidamente trash, tendo seu auge com a briga na lama entre Sônia (Sandra Hess) e Mileena (Dana Hee), seguida do confronto entre Jaxx (Lynn Williams) com um dragão do mais tosco CGI possível. Antológico.

Se a intenção era ficar pra história, o feito foi alcançado com louvor e há quem aposte, inclusive eu, que a nova produção a ser lançada em 2024, será comparada com esta, separadas por quase trinta anos.

A única maneira de fazer algo beirando os 100% de fidelidade com a saga Mortal Kombat, seria um financiamento coletivo para produzir um longa. O roteiro teria que ser escrito por um fanático especialista e a produção também. Tudo teria quer ser idêntico ao game e com muito fanservice, sem piadas e referências aos filmes antigos. Essa ideia nunca foi cogitada e por isso os detratores seguem reclamando e reclamando, insatisfeitíssimos.

O tempo só fez bem a Mortal Kombat 2 – A Aniquilação. Ele é o exemplo de como a indústria nunca viu potencial cinematográfico em jogos de vídeo games.

FICHA TÉCNICA

Título: Mortal Kombat 2 – A Aniquilação
Título Original: Mortal Kombat: Annihilation
Direção: John R. Leonetti
Data de Lançamento: 21 de novembro de 1997 (EUA)

Italo Morelli Jr.

Na Nossa Estante

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