Atração Fatal [Crítica da Série]

De quem foi a brilhante ideia de esticar um filme de 120 minutos para uma série de 8 horas?

Ninguém pediu, mas a Paramount fez de um longa-metragem que não deixa gancho pra uma continuação, uma série de 8 episódios com 1 hora cada, cujo final…deveria surpreender e ficou aberto e constrangedor. 

Com o intuito de mudar o que já se conhece, não há a cena de sexo na pia, a pegação no elevador, o coelho, a montanha-russa e o inesquecível clímax final na banheira. As cenas de intimidade entre os personagens principais são pífias e o final de Alex Forrest é completamente aleatório e a justificativa é intragável.

Visualmente tudo é muito marrom, bege, caramelo e amadeirado, não só nos cenários e na decoração como nos figurinos – aquele visual de filme B embelezado que tanto combina com o plot deveria ter sido mantido. Sóbria e elegante demais, não possui aquela pegada de suspense Supercine na Globo sábado à noite na TV de tubo e virou o pior enlatado possível – Atração Fatal 2023 parece datado, antigo e não a reimaginação atualizada que prometeram. 

Boa parte de sua duração é preenchida com personagens nada marcantes, defendidos por um elenco desconhecido e apático. O trio central foi mal escalado e por isso o resultado final é decepcionante. O Joshua Jackson no papel que foi do Michael Douglas nem de longe faz o tipo cafajeste socialmente aceitável como era em 1987. Com sua cara de cachorro sem dono, seu Dan Gallagher não convence como pegador irresistível que justifique a obsessão da amante. Parece mais aquele paizão de família que usa bermuda e chinelão dentro de casa, bem diferente do tiozão sedutor interpretado com notável intensidade por Michael Douglas. No mesmo ano de Atração Fatal, Douglas ganhou um merecido Oscar por Wall Street, somando então duas atuações marcantes. 

O mesmo vale para Amanda Peet no lugar de Anne Archer. Enquanto uma concorreu ao Oscar por sua atuação, a outra exagera no tom e poderia até ter sido escolhida para ser a Alex Forrest no lugar da insossa Lizzy Caplan, que com um pouco mais de empenho, seria uma Beth Gallagher mais adequada.

Pela grande razão de Atração Fatal ser lembrado até hoje, merecia no mínimo uma atriz a altura de Glenn Close. Sabemos que não existe e é por isso que essa série jamais deveria ter saído do papel. Glenn já tinha uma estante cheia de Tony (o Oscar do teatro) quando topou fazer Atração Fatal após uma recusa da Debra Winger que vivia recusando tudo. Tempos depois, Glenn disse ter se arrependido, já que a saúde mental da personagem não foi levada em consideração, ficando apenas como uma psicopata sem alma, prejudicada pelo final meio Rambo. A causa dos traumas psicológicos da nova Alex beira o patético e com isso Lizzy Caplan não tem como brilhar.

O diretor/publicitário Adrian Lyne foi criticado na época, mas sabia o que estava fazendo e foi merecidamente indicado ao Oscar. Se fosse tão ruim como diziam, seria fácil corrigir seus erros e fazer uma releitura decente ao invés dessa verdadeira bomba.

Será que mesmo assim vem aí uma segunda temporada?

Italo Morelli Jr.

Na Nossa Estante

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