Pânico e a última revolução do gênero slasher!

O ano era 1996 e quando Pânico chegou e fez o maior sucesso nos cinemas e nas videolocadoras, todos concordavam que isso só aconteceu porque o responsável era Wes Craven, o mesmo que já havia causado outra revolução no gênero lá atrás em 1984 com A Hora do Pesadelo e seu Freddy Kruegger. Não é de hoje que continuações nunca superaram o original. O primeiro A Hora do Pesadelo e o primeiro Pânico seguem imbatíveis, ainda que A Hora do Pesadelo 3 seja interessante e o 4° tenha feito considerável sucesso. A polêmica até hoje gira em torno do 2° filme que usa o Freddy Krueger como metáfora da libertação sexual de um jovem – funciona mais assim do que como parte da franquia.

Pânico chegou com tudo trazendo a grife Wes Craven em meio a um mar de filmes de terror sofríveis que passavam rapidamente nos cinemas, eram massacrados pela crítica e iam parar ou nas prateleiras das vide locadoras (sem muito sucesso) ou nas madrugadas da TV depois de uns dois anos. Mais do que revitalizar o gênero slasher, Craven sabia que tinha em mãos um pote de ouro, um sólido ponto de partida para uma franquia de sucesso. Mas a exemplo de A Hora do Pesadelo, Pânico seguiu de maneira irregular, mesmo com fãs adorando cada continuação lançada. Ao mesmo tempo muitos filmes replicavam a história do serial killer matador de jovens e Hollywood descobriu ali um novo jeito de atrair essa galera para os cinemas. Nenhum destes filmes chegou aos pés de Pânico e sua protagonista Neve Campbell se tornou um ícone, uma nova “Rainha do Grito”.

Abrindo com uma impressionante sequência com Drew Barrymore, Scream (o título original) tem todos os clichês possíveis de um filme de terror, porém foi tudo tão bem retrabalhado que até parecia novidade. Não é trash em nenhum momento, tem boa produção e até a fotografia é bem cuidada. O frescor da narrativa era tanto que, a protagonista Sidney era a mocinha em perigo e a heroína ao mesmo tempo. Wes Craven conseguiu emular o universo teen dos anos 80 e atualizá-lo para os 90, sem soar estereotipado. O resultado foi tão bom que fez a alegria de quem foi adolescente dez, vinte anos antes, agradou aos adolescentes da época e ainda hoje conquista novos públicos, entediados com a fraca safra atual. Nem o marco zero do slasher, Halloween, conseguiu se atualizar e entregou, depois de quase uma dúzia de continuações regulares, dois filmes de baixa qualidade, com a promessa de que o terceiro (e talvez o último) será excelente.

A franquia Pânico não teve essa queda brusca de qualidade mas também não soube esconder aquele ranço de “mais do mesmo”. Tirando a venda do fanatismo, não é difícil admitir que o 3° e o 4° filmes não acrescentaram absolutamente nada e que o hype pelo 5° não é o que esperavam. Ainda assim, os fãs, os não tão fãs e até que detestou os filmes anteriores irão conferir a nova empreitada 26 anos depois de sua estreia.

O diretor Wes Craven já se foi e Neve Campbell está beirando os 50 anos. Muita coisa mudou, o mundo mudou muito, mais do que entre os anos 80 e 90, no hiato que separa o primeiro A Hora do Pesadelo e o primeiro Pânico. Portanto, o que vier deste novo capítulo da saga Pânico, será lucro. Nem que seja pela nostalgia de uma época que não volta mais.

Italo Morelli Jr.

Michele Lima

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