Ted Lasso [Crítica da série]

Certa vez participei de um podcast de uma amigo e ele me indicou Ted Lasso, série que estaria concorrendo a várias categorias do Emmy 2021. Comecei a ver sem muitas pretensões, ainda que eu ame futebol, não me animo com qualquer comédia e me deparei com uma série que vai muito além do humor, apesar da premissa.
Ted Lasso (Jason Sudeikis) é um técnico de futebol americano que ficou conhecido na internet por sua comemoração com os jogadores. Não é um treinador de times de primeiro escalação, é aquele tipo de técnico acolhedor, paizão da galera. Não tem a menor noção sobre futebol (soccer), menos ainda sobre a Premier League, ainda assim foi contratado por Rebecca Welton (Hannah Waddingham) para assumir AFC Richmond, deixando todos bem surpreendidos. A verdade é que Ted não passa de um plano de vingança de Rebecca para atingir seu ex-marido, que comandava o clube. Ela quer que o time afunde cada vez mais. No entanto, o protagonista não sabe disso e chega com toda sua enorme positividade na Inglaterra, junto com seu assistente caladão, Beard (Brendan Hunt).
Toda a primeira temporada é focada na falta de experiência de Ted, sua determinação em ajudar os atletas, independente de vitórias ou derrotas, mas logo no início encontramos vários plots bem interessantes que vão muito além do futebol. Ted passa por uma crise no casamento e tem ataques de pânico, algo mais explorado na segunda temporada. O capitão do time Roy (Brett Goldstein) encara a difícil realidade de envelhecer sendo jogador de futebol, Jamie (Phil Dunster) é estrela do time, extremamente egoísta e não merece a namorada Keeley (Juno Temple). O bom é que ela percebe logo e seu relacionamento com Roy é umas das minhas coisas favoritas na série. Temos também Nate (Nick Mohammed), um personagem que parece simples, mas que cresce muito na série, nos surpreendendo na segunda temporada. Sem falar de Rebecca que aos poucos vai se deixando levar pela gentileza de Ted Lasso.
Como podem ver é uma série que trabalha muito temas, o episódio Beard After Hours da segunda temporada fala sobre depressão e relacionamento tóxico com tantas metáforas, sem dúvida genial. Ainda temos o fato de Rebecca passar por um difícil divórcio e sutilmente abordar a questão de como envelhecer para homens é diferente para mulheres. E a adição de uma psicóloga no time também trouxe temas bem interessantes na série, como saúde mental no esporte.
Obviamente que não dá pra fugir do futebol, o time enfrenta muitas dificuldades para se manter na Premier League na primeira temporada. Beatles, Oasis, cultura pop e técnicos como Klopp, Guardiola, Mourinho são claras referências na série, o que faz com que fique mais divertido para quem gosta de futebol, mas não impede o público que não curte gostar da série.

Ted Lasso ganhou o Emmy de melhor comédia em 2021, tem um bom humor (embora você não se acabe de rir), mas tem mais drama do que eu esperava e um bom romance também. Tanto que na segunda temporada, o futebol ficou bem escanteio abrindo espaço para explorar outros pontos na série e outros personagens também. Particularmente, achei que ficou ótimo.
Acredito que se fosse outro streaming e não Apple TV talvez no país do futebol Ted Lasso fizesse até mais sucesso, se puderem dar uma chance, talvez gostem também.
Michele Lima
Na Nossa Estante

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