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Do Fundo da Estante: Pocahontas

Numa época em que animações não eram 100% digitais e demoravam muito mais pra serem lançadas, os estúdios Disney reinaram soberanos assim que lançaram A Pequena Sereia (1989), A Bela e a Fera (1991), Aladdin (1992) e O Rei Leão. Foram 8 Oscar e várias outras indicações, inclusive a de melhor filme para A Bela e a Fera. Seguindo a tradição, Pocahontas levou mais dois Oscar (os de trilha sonora e canção) e surpreendeu ao alterar os fatos históricos: a verdadeira Pocahontas tinha 12 anos e seria um escândalo ver uma criança num desenho da Disney se relacionando com um homem adulto em plena década de 90. A solução encontrada foi transformar a heroína em uma jovem adulta, usando como inspiração a top model Christy Turlington. Sim, a Pocahontas da Disney é linda, alta, magra e elegante, tal como uma modelo de passarela, o que desagradou muitos mas manteve o padrão Disney de qualidade e agradou o público infantil. E nem eram tempos do politicamente correto e por isso há que se respeitar essa decisão mais do que acertada. O mesmo não se pode dizer sobre uma certa romanização em relação a colonização, mas há que se considerar que em 1995 isso era aceito e pouco discutido.
Na trama, bem simples por sinal, um navio parte da Inglaterra com objetivo de encontrar um “Novo Mundo”, tendo, entre os tripulantes, o ganancioso governador da Inglaterra, que só pensa em descobrir ouro, e o aventureiro capitão John Smith, dublado por Mel Gibson. Ao chegarem em uma terra desconhecida, John sai para explorar a região e encontra uma bela índia chamada Pocahontas, com dublagem da atriz Irene Bedard, especialista em interpretar índia americanas. Ambos aprendem muito um com o outro, até que o povo de Pocahontas e os ingleses entram em guerra por terem interesses diferenciados em relação às terras.
Pocahontas é a 33° animação da Disney e ganhou aqui no Brasil o ótimo subtítulo de O encontro de dois Mundos e isso define muito bem o tom da narrativa. Os mundos do casal central colidem em meio a uma excelente direção de arte e o conflito índios x exploradores caminha naquela linha tênue entre agradar os adultos sem assustar as crianças. Pocahontas não teve o mesmo impacto e o mesmo sucesso de crítica e público que os trabalhos anteriores da Disney e marcou o começo de uma fase problemática dos estúdios. As animações seguintes O Corcunda de Notre Dame (1996), Hércules (1997), Mulan (1998), Tarzan (1999), A Nova Onda do Imperador (2000), Atlantis (2001), Lilo & Stitch (2002) e Irmão Urso (2003) não conseguiram manter o mesmo padrão Disney de qualidade e fizeram com que a última animação não-digital fosse Nem que a Vaca Tussa (2004), retornando apenas em 2009 com A Princesa e o Sapo.
Mesmo não possuindo o mesmo nível de excelência dos anteriores, Pocahontas é uma das mais belas animações da década de 90 e seu visual caprichado ainda impressiona pela beleza das cores e elegância dos traços.
FICHA TÉCNICA
Título: Pocahontas
Direção: Mike Gabriel, Eric Goldberg
Data de lançamento: 7 de junho de 1995
Disney

Italo Morelli Jr.

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