Antes de se consagrar com o esplêndido Los Angeles – Cidade Proibida (1997), o saudoso diretor Curtis Hanson (1945 – 2016) fez barulho com este simples e eficiente suspense. Simples porque faz bom uso de clichês e eficiente porque atinge seu objetivo: uma história de vingança com uma protagonista feminina tendo a maternidade como pano de fundo.
Após sofrer um abuso sexual durante uma consulta no ginecologista, Claire Bartel (Annabella Sciorra) processa o médico que se mata em seguida. A viúva Peyton Flanders (Rebecca De Mornay, em sua atuação mais conhecida até hoje) passa mal e perde o bebê. Num mirabolante plano de vingança, finge ser babysitter e consegue emprego na casa de Claire, agora mãe de duas crianças.
Típico filme barato e feito pra render uns trocos no cinema, depois nas videolocadoras e consequentemente na TV aberta, A Mão que Balança o Berço não vai pelo viés da relação patrão/empregados como Parasita fez brilhantemente. Peyton até sente na pele o tratamento que é dado a classe trabalhadora pela elite, mas essa discussão não é o ponto central do bom roteiro escrito por Amanda Silver, também autora da recente trilogia de O Planeta dos Macacos. O suspense e as sacadas da trama são o puro suco do entretenimento hollywoodiano, daqueles que não carecem de discussão após o término da exibição. Quem viu em tela grande, foi direto ao Bob’s lanchar e nem lembrava mais do que acabou de ver e, em tempos de boca a boca, recomendou aos amigos. Para aqueles que não puderam ver nas telonas, restou o VHS pra acompanhar em casa as maldades da babá vingativa e quem esperou passar na TV, assistiu em plena segunda feira a noite, esperando os reclames para abastecer a bacia de pipoca.
Rebecca De Mornay não é particularmente excelente, mas dá conta do recado. Annabella Sciorra é mais competente e entrega ótimos momentos dramáticos. Porém o grande destaque vai mesmo para Juliane Moore, que em uma pequeno papel consegue mostrar o brilho de estrela que já possuía antes mesmo de se tornar uma das melhores de sua geração.
Visto hoje, não dá pra acreditar que o mesmo diretor lançou 4 anos depois o já clássico Los Angeles – Cidade Proibida, que juntamente com Chinatown (1974), Corpos Ardentes (1981) e O Poder da Sedução (1994) foram responsáveis pelo revival do gênero Filme Noir dos anos 40.
Este A Mão que Balança o Berço nem foi um embrião, muito menos O Rio Selvagem, de 1994. O que fica evidente é a versatilidade de Hanson no domínio do suspense, bebendo aqui e ali das fontes de Alfred Hitchcock sem nunca parecer uma imitação ruim. O melhor de tudo é a satisfação com a condução da trama, as surpresas coerentes e o final carregado de heroísmo e justiça, tudo devidamente calculado para saciar nossa eterna fome de entretenimento.
Italo Morelli Jr.
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Há anos ouço falar desse filme, mas acredita que nunca assisti??? Agora que me dei conta de que nem sabia de verdade qual era a trama mesmo do filme. Agora fiquei curiosa e com vontade de assistir!
=)
Suelen Mattos
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Romantic Girl