Não é exagero dizer que o diretor Francis Ford Coppola fez uma versão definitiva de Drácula. Tanto é verdade, que quase 30 anos depois não apareceu nenhuma outra que tenha feito sombra a esta obra-prima e, se aparecer, será inevitável beber desta fonte.
Pra começar, Gary Oldman (que ficou inexplicavelmente fora do Oscar) no papel título é um show a parte, principalmente quando está caracterizado. Não fosse ele, o longa perderia muito de seu impacto. Anthony Hopkins no papel do ilustre Van Helsing também está incrível, assim com a então jovem Winona Ryder no papel da donzela em perigo. Tudo aqui é luxuoso e sombrio ao mesmo tempo e a trilha sonora casa perfeitamente.
Com sua habitual maestria, Coppola soube dosar o terror, o romance, o suspense, o drama, a ação e o sexo, com nudez e muita sensualidade pra não ofuscar a trama principal que é basicamente uma história de amor.
No século XV, um líder e guerreiro dos Cárpatos (Gary Oldman) renega a Igreja quando esta se recusa a enterrar em solo sagrado a mulher que amava (Winona Ryder), pois ela se matou acreditando que ele estava morto. Assim, perambula através dos séculos como um morto-vivo e, ao contratar um advogado (Keanu Reeves), descobre que a noiva deste (Winona Ryder, de novo) é a reencarnação da sua amada. Deste modo, o deixa preso com suas “noivas” (entre elas Monica Belucci) e vai para a Londres da Inglaterra vitoriana, no intuito de encontrar a mulher que sempre amou através dos séculos.
O capricho dos cenários e figurinos é tanto que até hoje ditam moda. É visível o cuidado da produção com cada detalhe. O resultado é um épico sem a pretensão de sê-lo, pois sua duração vai um pouco além das duas horas. Coppola consegue contar tanta história neste tempo que fica impossível pensar em algum corte. Mesmo com algumas diferenças em relação ao livro, é raro alguém não gostar desta adaptação, mesmo porque Drácula de Bram Stoker entrega tudo o que promete e encanta com sua mórbida beleza. Efeitos práticos muito bem feitos aliados a maquiagem impressionam até hoje, ainda mais considerando a época em que foram feitos.
Destaque também para a talentosa (e sumida) Sadie Frost, intérprete da vampira Lucy. Ela protagonista cenas difíceis (como a cena de sexo com o Drácula em sua forma não humana) e não deixa a peteca cair. Keanu Reeves e Winona Ryder foram criticados por serem jovens demais para os personagens mas em nenhum momento fazem feio. A química entre Gary e Winona acontece e enche a tela de beleza pra fazer um contraponto com os momentos de horror que não são poucos.
Difícil concluir se Drácula é uma história de amor com terror ou de terror com amor – ele leva nota 10 em ambas as categorias.
FICHA TÉCNICA
Título: Drácula de Bram Stoker
Título original: Bram Stoker’s Dracula
Direção: Francis Ford Coppola
Data de lançamento no Brasil: 25 de dezembro de 1992
Italo Morelli Jr.