Baseado em fatos reais, Silkwood narra a história de Karen Silkwood (Meryl Streep), funcionária de uma fábrica de componentes nucleares em uma pequena cidade do interior dos EUA. Após se contaminar por acidente, ela se torna líder do sindicato local e passa a lutar por sua saúde e por melhores condições de trabalho para os funcionários da fábrica. O problema é que Karen descobriu mais do que os poderosos proprietários gostariam que ela soubesse e passa a ser perseguida.
O diretor Mike Nichols estreou nos cinemas de maneira arrebatadora com o incrível Quem tem medo de Virgínia Woolf? (1966) e no ano seguinte ganhou o Oscar de melhor direção pelo ótimo A Primeira Noite de um Homem. Este Silkwood lhe deu sua merecida terceira indicação, mas não tem o mesmo brilho de seus trabalhos anteriores. Com um ritmo lento, a história demora a engrenar e por vezes se torna tedioso devido a longa duração. Mike Nichols depois se redimiu bem com o ótimo Uma Secretária de Futuro (1988), a minissérie Angels in América e o longa Closer, de 2005.
Meryl Streep está bem, um ano após causar furor com sua atuação em A Escolha de Sofia (1982) e ganhar seu segundo Oscar. Mesmo indicada novamente, premiá-la pela terceira vez em tão pouco tempo seria uma forçação de barra muito grande dos votantes. Mesmo porque, fora o momento em que canta lindamente Amazing Grace, Meryl está excessivamente técnica e suas emoções parecem um tanto artificiais às vezes. Para quebrar esse estigma de atriz fria, ela fez, dirigida pelo próprio Mike Nichols inclusive, o bacana Lembranças de Hollywood (1990) e encarou duas comédias que foram sucesso de público e crítica: Ela é o Diabo (1989) e A Morte lhe cai Bem (1992). Sua química com Kurt Russell é boa, mas seu protagonismo acabou eclipsado por uma surpreendente Cher, premiada com o Globo de Ouro de atriz coadjuvante e indicada ao Oscar.
Cher interpreta Dolly Pelliker – colega de casa e trabalho e também amiga íntima de Karen Silkwood. Para quem conhecia Cher por sua carreira na música e na televisão, sua presença neste filme é marcante – ela já havia chamado a atenção da crítica por sua atuação em James Dean – O Mito Sobrevive (1982) do diretor Robert Altman, e quase foi indicada ao Oscar.
O papel de Dolly Pelliker não é particularmente complicado e segue o modelo convencional de “melhor amiga” e serve, principalmente, para fornecer um contraponto a Karen. Porém, Dolly tem seus momentos sombrios e depressivos e Cher compõe a personagem de maneira dúbia, deixando no ar se sua melancolia é natural ou se sua vida está em um momento ruim devido a sua sexualidade reprimida. Sua “saída do armário” é tratada com muita sensibilidade.
Silkwood foi lançado depois de Síndrome da China (1979) e no mesmo ano de Herança Nuclear, tendo em comum com eles o fato de ser um filme-denúncia sobre os perigos da indústria química. O final apenas reproduz o que ficou registrado no inquérito – e claro, nunca saberemos o que realmente aconteceu.
FICHA TÉCNICA
Título: Silkwood – O Retrato de uma Coragem
Título Original: Silkwood
Direção: Mike Nichols
Data de lançamento; 14 de dezembro de 1983
Italo Morelli Jr.
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Nossa, como A Maryl estava novinha nesse filme! S2 Eu não conhecia ele, mas fiquei interessada por saber que conta um fato real. Uma pena que a atuação dela não tenha sido das melhores, e que ninguém saiba o que realmente aconteceu na vida real com eles.
Bjks!
Mundinho da Hanna
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