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Do Fundo da Estante: Sonâmbulos [Crítica do Filme]

Aclamado terror trash-teen, Sonâmbulos é um típico pacote completo de Stephen King, num dos maiores sucessos de sua carreira e em seu primeiro roteiro original para cinema: cidade do interior, xerifes, gatos, personagens inesquecíveis, mortes absurdas e muito, muito horror e sangue.
A história é interessante e começa explicando a origem dos tais sonâmbulos, que são criaturas nômades de origem humana e felina, vulneráveis a arranhões de gatos que se alimentam da vitalidade de virgens e são a provável fonte da lenda dos vampiros.
Muita brisa? Calma, que vem mais!
É um rico ponto de partida que nos leva de encontro aos sonâmbulos mãe e filho que possuem uma relação incestuosa – já que não são humanos, a polêmica passa longe e a trama segue. A mãe, Mary Brady, é interpretada pela sempre ótima Alice Krige. Bonita e sedutora em sua forma humana, ela esconde na verdade uma terrível criatura sedenta de sangue. Seduz e manipula constantemente o único filho Charles (Brian Krause) para que ele traga pra casa uma garota virgem. A vítima da vez é a estudante Tanya (Mädchen Amick, de Twin Peaks, ótima) que não desconfia do seu novo colega de escola e logo estará apaixonada por ele. Ela é a típica mocinha inocente e vulnerável, encaixando-se perfeitamente na situação e nos deixando naquela clássica dúvida: será que o vilão irá se apaixonar por ela também e iremos adentrar no segmento A Bela e a Fera do roteiro? Será?
Porém, Tanya não está só e contará com a ajuda do fofíssimo gato Clóvis, o terror dos Sonâmbulos.
Sonâmbulos entrega tudo e sem miséria. Tem ação, suspense, terror, maquiagem surpreendente (para a época) e efeitos especiais bacanas que fazem uso da tecnologia Morpho, a mesma usada no clipe Black or White do Michael Jackson.
Sucesso absoluto de público (nem tanto dos críticos esnobes) Sonâmbulos (ou Sleepwalkers no original) foi muito bem tanto nas videolocadoras (onde as fitas não paravam nas prateleiras) quanto nas noites da tv aberta, sempre com números significativos de audiência mesmo sendo constantemente reprisado. A chamada sempre trazia as melhores cenas, onde se via os efeitos práticos de maquiagem e a transformação dos atores nas criaturas, as cenas mais movimentadas e, é claro, a menção ao criador da obra, Stephen King.
Hoje um verdadeiro cult movie, Sonâmbulos envelheceu mas não perdeu nem o impacto e nem o charme oitentista (é de 1992 mas ainda era nítida influência da década de 80) surpreendendo até quem o vê pela primeira vez. Pra fechar com chave de ouro, a música tema é da cantora Enya e há participações especiais de Tobe Hooper, John Landis, Clive Barker e do próprio Stephen King.
A seguir, entrevista exclusiva com a queridíssima Carmen Sheila, dubladora da personagem Mary Brady.
Muito filmes de terror tiveram personagens femininas marcantes, como por exemplo Ellen Burstyn em O Exorcista e Uta Hagen em A Inocente Face do Terror, Sissy Spacek em Carrie e também Mary Brady em Os Sonâmbulos. A senhora possui muita experiência em filmes dramáticos e isso com certeza foi essencial. Como foi dublar um filme de terror pela primeira vez?
Carmen Sheila: Não lembro exatamente qual foi o meu primeiro filme de terror. Eram tantos trabalhos seguidos e intercalados que não tenho lembrança de qual foi o primeiro título que dublei. O que me lembro muito bem, é que no primeiro filme de terror que dublei, fiquei de costas com os olhos fechados durante as cenas mais terríveis porque eu tinha muito medo, torcendo para o diretor não ver. Eu me guiava pelo som.
Sonâmbulos é um filme que fez muito sucesso na TV aberta durante as noites de domingo. Muitos fãs do filme gravaram em fitas numa época em que era quase impossível comprar um VHS original. Todos têm uma grande admiração pela sua interpretação da personagem Mary Brady (Alice Krige), a vilã da história. Como foi dublar algo tão atípico em sua carreira?
Carmen Sheila: Foi difícil. Tinham cenas muito fortes de terror, muito sangue e eu imediatamente fechava os olhos, me guiava pelo som pra saber se a fala era rápida ou arrastada e fazia o meu trabalho, muitas vezes interpretando sem ver as expressões da atriz. Minha intuição e experiência me ajudaram muito nesses momentos e o estúdio também, porque tínhamos uma televisão acesa e uma luzinha muito fraquinha na mesa do diretor (na época era dentro do estúdio e hoje não é mais) e o ambiente que era todo escuro de propósito para melhorar a imagem também favorecia o medo (risos).
Fico feliz pelos fãs do filme gostarem da minha dublagem, muito obrigada!
Sua interpretação em Sonâmbulos é cheia de nuances. Vai do tom de voz mais grave e sedutor que a personagem exige ao mais agressivo nas cenas em que ela se revela. Como é feito esse trabalho de voz? É intuitivo, exige alguma técnica ou a direção da dublagem é que determina?

Carmen Sheila: É um pacote. O diretor mais ou menos avisa, me orienta sobre o tom de voz, minha experiência contribui também e aí é feito o primeiro looping do filme. Se o diretor achar que a voz está um pouquinho fora, eu repito e faço de outra forma. Vai um pouco na intuição e um pouco na prática, essas coisas andam juntas, entende?
Obrigado por mais essa entrevista, um beijo grande de toda a equipe do O que tem na nossa Estante!
FICHA TÉCNICA
Título: Sonâmbulos
Título Original: Sleepwalkers
Direção: Mick Garris
Data de lançamento: 23 de outubro de 1992
Italo Morelli Jr.
Na Nossa Estante

View Comments

  • Olá, Italo.
    Nunca ouvi falar desse filme, e olha que sou dessa época. Acredito que por nunca ter gostado de filmes de terror hehe. Achei bem legal a postagem trazer uma entrevista com a dubladora.

    Prefácio

  • Oi, Italo! Tudo bom?
    Eu nunca tinha ouvido falar nesse filme, e olha que adoro procurar uns terrorzão trash HUSAUHSAHUSAUH mas que maneira a entrevista! Adorei saber do trabalho da dubladora, dubladores BR são os melhoreeees.

    Beijos, Nizz.
    http://www.queriaestarlendo.com.br

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