Corrente de Ouro [Resenha Literária]

Personagens cativantes, leitura envolvente e cheio de reviravoltas, Corrente de Ouro, primeiro volume da nova trilogia de Clare, foi tudo o que eu poderia esperar para o começo de uma história que busca dar continuidade a trilogia das Peças Infernais.
Nesse novo cenário, acompanhamos Will e Tessa agora à frente do instituto de Londres, comandando a nova geração de Caçadores de Sombras, incluindo seus próprios filhos, James e Luce. Após anos sem qualquer intriga ou batalhas memoráveis contra demônios, Londres parece pacata e talvez seja a conexão perfeita para a jovem Cordélia que busca de alguma forma influência positiva para salvar seu pai de um processo que a Clave tem executado contra ele. Mas sua chegada também marca o início de uma pandemia e eventos inesperados que colocam todos em alerta. Quando um vírus começa a se espalhar, contaminando os Caçadores de Sombras, James Herondale e seus companheiros são talvez os únicos que podem descobrir quem é o causador. Entretanto, existe muito mais em jogo, e tanto James quanto Cordélia precisaram enfrentar muitas provações.
Depois da experiência bem decepcionante com Senhor das Sombras, segundo volume da trilogia Os Artifícios das Trevas, eu temia por esse livro. Felizmente, de fato, minhas expectativas foram supridas e Corrente de Ouro foi instigante, devastador e uma das melhores leituras que fiz ao decorrer do ano passado.
Esse é um livro com uma pegada de romance de época que mescla perfeitamente seus elementos de fantasia em um cenário envolvente. Apesar do começo mais lento, introduzindo o mundo e os personagens, quando as viradas se iniciam, elas não param. É ação por cima de ação e você não consegue largar suas páginas. Aliás, o mistério em volta do arco de alguns personagens também é instigante e te mantém sempre apreensivo com o que vai acontecer. Na verdade, nesse primeiro momento, a trama de desenvolvimento pessoal de cada membro do grupo é muito mais interessante do que a do principal. As intrigas políticas e pessoais de cada personagem, causam as melhores situações, principalmente levando em conta o contexto no qual a obra está inserida, com todos os costumes e preconceitos da época. E por isso assumo que os pontos que mais me agradaram foram os elementos de romance de época. Todas as intrigas entre os personagens, seus segredos, conseguiram me manter envolvido e imerso na leitura a todo instante. Vale ressaltar que o desenvolvimento dos protagonistas e seus dramas pessoais são exatamente o melhor da obra. Clare não peca e prepara o cenário para o plot-twist por cima do plot-twist sem parar minuto algum com a ação.
Narrado em terceira pessoa, a obra explora diferentes visões dos personagens, colocando sempre um deles em destaque, mas centraliza, claro, Cordélia e James. Isso me fez adorar todos os principais, mas preciso ressaltar o desenvolvimento de Cordélia, que sem sombra de dúvidas é a melhor protagonista de Clare até então. Ela é determinada, prática e possui uma língua afiada que me encantou. Extremamente focada em ser profissional, eu fiquei impressionado com suas reações em certas situações. E embora sim, exista um envolvimento romântico entre os protagonistas, ele é completamente secundário, o que apresenta mais uma diferença gritante com outras obras da autora.
Mas não devo me esquecer de mencionar o quanto me apaixonei por Luce, que também rouba nosso coração com seu jeito calmo e meigo. Suas participações são cativantes e ela é única e muito especial. Inclusive espero maior desenvolvimento dela nos próximos volumes.
Já os meninos, Matthews, Christopher e Jesse são os melhores para mim. Embora goste de James, certas atitudes dele me incomodaram, o que não me surpreende levando em consideração a qual família de Caçadores ele pertencem. É um histórico complicado o meu como os Herondale. Tenho uma relação muito forte de amor e ódio. Por isso, me envolvi muito mais com os outros, com suas personalidades e inseguranças, mantendo-me apreensivo com o que o destino reserva para eles.
Os personagens que surgem como anti-heróis também são interessantes e odiosos. É inegável o sentimento negativo com que você termina a obra para com eles. Embora a autora não falhe e tente justificar as atitudes que esses personagens tomam, ainda sim, foi difícil engolir a personalidade. Sou extremamente apático a eles, e não me importaria com suas mortes.
Os plots chocantes e as brigas internas são os melhores e te prendem tanto que a aparição de um vilão é quase irrelevante. Corrente de Ouro é um começo espetacular e extremamente envolvente, apresentando problemáticas clichês de uma época bem marcada, que em cena são mais interessantes do que qualquer batalha eletrizante.
FICHA TÉCNICA
Título: Corrente de ouro – As Últimas Horas # 1
Autora: Cassandra Clare
Onde Comprar: Amazon

Emerson Andrade
Na Nossa Estante

View Comments

  • Olá, Emerson.
    A Cassandra Clare e o Rick Riordan estão disputando para ver quem escreve mais livros no mesmo universo hehe. Dela só li A trilogia As Peças Infernais e nem terminei ainda Os Instrumentos Mortais hehe. E queria ler esse por causa dos protagonistas mas tem tantos livros no meio que até desanimo hehe.

    Prefácio

  • Eitcha! Quantas trilogias essa mulher escreveu?! hahahah Gente, quando menos espero tem uma trilogia que dá continuidade a outra trilogia. Enfim, que bom que dessa vez você curtiu a leitura e tomara que os outros volumes sejam tão bons quanto esse. ^^
    Bjks!

    Mundinho da Hanna
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  • Oi Emerson! Tudo bem?
    Eu me mordo para ler algum livro dessa mulher kkk sempre coloco na minha lista mas nunca deu certo de ler. Desse ano não passa! Prometo haha
    Eu vejo tanta gente falando dela que na real não sei porque fico adiando.
    Beijos

    Quanto Mais Livros Melhor

  • Oi Emerson,
    Eu não me dou tãããão bem com a Cassandra Clare, pelo menos, não com base na série inicial que foi Instrumentos Mortais. Preciso até dar mais uma chance para ela e essa pegada romance de época muito me atrai. Acho essa edição maravilhosaaaaaaaaaa!
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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