Do Fundo da Estante: Quero ser grande [Nostalgia]

Encerrando este difícil 2020 com um dos filmes mais queridos dos anos 80, um alento neste momento em que a vida mostrou que nenhuma manifestação artística consegue superá-la – para o bem e para o mal. Foram 40 títulos que fiz questão de relembrar para quem já os conhecia e apresentar pela primeira vez as novas gerações.
Agradeço à todos os comentários e espero que tenham sonhado um pouco mais através dessa magia única que o cinema proporciona.
Quero agradecer a Michele Lima pelo precioso espaço em seu blog e a sua preciosa amizade também, assim como ao também precioso amigo Edsom Marques do blog Filmes Diversos.
Quero ser grande (1988)
Tom Hanks era aqui, o astro mais carismático de Hollywood. Vendia este carisma que o norte-americano em geral não possui. Além dessa importante característica, Hanks também possui um notável talento para comédias e, como provou futuramente, para papéis mais dramáticos também. Ganhou dois Oscar seguidos e não foi à toa. Suas atuações em Filadélfia (1993) e Forrest Gump (1994) são indiscutivelmente emocionantes.
Transbordando a inocência da infância e transmitindo o conflito de gerações, a interpretação de Tom Hanks nos faz lembrar que toda criança não vê a hora de se tornar adulto e depois passa a vida adulta lamentando o fato da infância ter passado tão rápido. Isso, claro, no mundo onde esses adultos tiveram uma infância feliz, não importando a classe social e a localização geográfica – o que infelizmente uma pequena parcela da população mundial possui. Quem se identifica com a história, pode sim se considerar um(a) privilegiado(a).
Tom Hanks entendeu o personagem e entendeu a essência da história, e a saudosa atriz e diretora Penny Marshall (1943 – 2018) conduz tudo com mãos de fada, como sempre fez em toda sua carreira. E para revolta geral, Penny não foi indicada ao Oscar de direção, nem por esse e bem pelo ótimo Tempo de Despertar, de 1990. Triste.
Num parque de diversões, o jovem Josh Baskin (Tom Hanks) faz um pedido: tornar-se adulto. Nada acontece de imediato, porém na manhã seguinte, ele descobre que seu desejo se tornou realidade. Com a ajuda do amigo Billy (Jared Rushton), Josh consegue um emprego em uma empresa de brinquedos. Lá, seu conhecimento e sabedoria infantil fazem com que ele consiga sugerir com sucesso o que as crianças querem comprar, tornando-se irresistível aos olhos de sua gananciosa colega, vivida por Elizabeth Perkins. Enquanto vive a vida dos adultos, Josh tem saudades das simples diversões da infância, das quais nem sempre podem ser conciliadas no mundo adulto corporativo – o peso das responsabilidades é o que mais lhe causa arrependimento.
A máxima “aproveite ao máximo sua infância e mantenha viva sua criança interior quando se tornar adulto” mexe com qualquer um e é nisso que reside a força desta pequena obra-prima. Um dos maiores clássicos das tardes na TV aberta brasileira, Quero ser Grande gerou um derivado bem legal em 2004: De Repente 30, com Jennifer Garner, que deixa as redes sociais em alvoroço toda vez que é reprisado.
Como todo filme comercial feito em Hollywood na década de 80, havia uma preocupação com a qualidade do roteiro. Era a única maneira de conseguir uma positiva divulgação boca a boca por parte do público. Em meio a tantos filmes excelentes, tais como Rain Man, Ligações Perigosas, Uma Secretária de Futuro, Nas Montanhas dos Gorilas, Mississipi em Chamas, Um Peixe Chamado Wanda, Uma Cilada para Roger Rabbit e Os Fantasmas se Divertem, foi indicado ao Oscar apenas nas categorias de melhor ator e roteiro original. Muito pouco para uma obra que mexeu com a cabeça de toda uma geração e abordou com ternura a difícil transição da infância para a idade adulta. 
Ao falar do tempo, Quero ser Grande foi um filme à frente de seu tempo. 
A antológica cena da dança sobre o teclado gigante do piano, sintetiza muito bem a mensagem principal de Quero ser Grande: cresçam, mas quando tiverem a chance, sejam crianças – nem que por breves instantes.
FICHA TÉCNICA
Título: Quero ser grande
Título Original: Big
Direção: Penny Marshall
Data de lançamento no Brasil: 23 de setembro de 1988

Italo Morelli Jr.

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