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Parasita [Resenha do Filme]

De todos os filmes que disputam o Oscar 2020, Parasita é o que tem a reviravolta mais impressionante! Nem mesmo os minutos finais de Era uma vez em…Hollywood conseguiram surpreender tanto quanto a história de Bong Joon Ho! E se já é uma marco ser indicado a melhor filme neste Oscar, justo mesmo seria se os atores também tivessem recebidos indicações, Song Kang Ho, por exemplo, deveria ter entrado na lista de melhor ator, sem sombras de dúvidas.
O longa começa mostrando a família sul coreana de Kim Ki-taek (Song Kang Ho) vivendo numa espécie de semi porão, numa situação bem degradante de pobreza. Todos os membros da família estão desempregados e eles estão quase na miséria, até que o amigo de Kim Ki-woo (Choi Woo-shik) o indica como professor de inglês para uma adolescente de uma família rica. E assim, eles iniciam um plano em que todos os membros da família começam a trabalhar na casa. Kim Ki-woo aproveita a inocência da mãe de sua aluna e a convence de que o filho mais novo pode ser um gênio. Park Yeon-kyo (Cho Yeo-jeong) contrata Kim Ki-jung (Park So-dam) que se apresenta como uma especialista em artes e finge enxergar um grande talento na criança. E a personagem explora não só o ego da mãe, como também um possível trauma do seu aluno. Devo dizer que Kim Ki-jung é a mais inteligente, esperta da família.

Kim Ki-jung aproveita uma carona do motorista e arma para que ele seja despedido e assim seu pai, Kim Ki-taek, se torna o novo empregado da casa. Por fim, temos a entrada da mãe, Kim Chung-sook (Jang Hye-jin), a mais difícil de acontecer, já que foi necessário bolar um plano mais complexo para retirar a antiga governanta da casa. E quando finalmente todos estão empregados e felizes, uma reviravolta na trama modifica tudo, não só o rumo do roteiro, mas o filme que até então tinha toques de comédias se torna um suspense com bastante drama.
A primeira parte do filme é focada na construção dos personagens e como a família pobre é muito mais criativa e inteligente do que a família rica que, por viver numa bolha, acabam sendo bem tolos e inocentes. A família de Kim Ki-taek consegue explorar a família Park com bastante destreza e sarcasmo, o que gera cenas bem engraçadas. No entanto, o filme vai além das situações divertidas e isso fica claro antes mesmo da reviravolta, quando Kim Ki-taek reclama da dificuldade em arrumar um emprego ou quando a família rica não dá a mínima para os seus funcionários. Há uma forte crítica social, de classes sociais, que vai aumentando e deixando tudo mais tenso até o final, quando fica evidente a posição de cada um na vida, até mesmo quem merece viver e quem merece morrer.

As casas de cada um fazem um paralelo com as desigualdades sociais. Os ricos ao alto, ao sol, os pobres em porões, sem luz. E as cenas finais são tão chocantes não só pela violência exposta em tela, mas também pela exposição nua e crua da sociedade, dos nossos comportamentos e valores.
É um história sem heróis e sem vilões, mas o roteiro foi genial em nos fazer ter empatia pela família mais pobre. Song Kang Ho está excepcional no filme e as pequenas mudanças de seu comportamento vão nos dando o tom do filme. Parasita parece a princípio uma trama simples, uma comédia estranha, mas comove, choca e nos faz refletir sobre sobre cinismo da sociedade.
Trailer

FICHA TÉCNICA
Título: Parasita
Título Original: Gisaengchung
Diretor: Bong Joon Ho
Data de Lançamento: 7 de novembro de 2019

Michele Lima

Na Nossa Estante

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