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Minha Coisa Favorita é Monstro [Resenha Literária]

Emil Ferris, de Chicago, Illinois, recomeçou sua vida aos 40 anos, após se ver em uma cadeira de rodas e sozinha para criar sua filha de 6 anos, devido a picada de um mosquito transmissor da febre do Nilo Ocidental. Essa doença ocasionou paralisia dos membros inferiores, assim como da mão direita, mão essa que ela utilizava para trabalhar como ilustradora e design freelancer. Ela entra na School of The Art Institute of Chicago e reaprende a desenhar, agora com a sua mão esquerda.
Foram cinco anos para concluir Minha Coisa Favorita é Monstro e o esforço valeu a pena. Mesmo depois de ser recusado por mais de 40 editoras, quando publicado recebeu os prêmios Eisner Awards de Melhor Escritor/Artista (2018); Gran Guinigi para melhor Graphic Novel (2018); Eisner Award para Melhor Colorista (2018) e Fave d’Or Festival de Angolême na França.
Minha Coisa Favorita é Monstro conta a história de Karen Reys, uma menina de 10 anos, que adora monstros e usa um caderno comum como seu diário e se auto retrata como uma “lobismoça”. Com certeza o que chama atenção nessa obra é a sua arte toda ela feita com caneta esferográfica e canetinhas dá um toque único e especial a obra. A autora não tem certeza que quantas canetas e canetinhas foram usadas, mas deve ultrapassar a casa da centena.
Arte é algo recorrente na obra, o irmão de Karen, Dezê, é desenhista e sempre leva a irmã para museus e explica como foram feitos os quadros, o que significam. Ela deixa a mente vagar quando está em frente a um desses quadros. A menina tem seu irmão como ídolo, mas aos poucos ela vai descobrir que há pessoas com muitos segredos.
A história se passa no ano de 1968 e começa de forma despretensiosa com Karen contando um pouco da sua vida e seu amor pelos monstros. Mas, em 14 de Fevereiro desse mesmo ano tudo muda. Sua vizinha, a Sra, Anka Silverberg é encontrada morta sob circunstâncias duvidosas. Karen começa a desconfiar de algumas coisas e resolve investigar por conta própria. A partir desse momento ela entra em um mundo de dramas familiares, mistérios, mentiras e assassinatos e descoberta de sofrimento na Segunda Guerra Mundial.
São 418 páginas com uma arte incrível, mas, em alguns momentos eu me perdi na sequência dos diálogos, já que algumas páginas contém muito texto. Como a própria autora disse, ela não tinha um roteiro bem definido. A ideia estava ali e ela foi dando asas à imaginação e deixou a história fluir. A cada página o mistério aumenta, mais segredos aparecem e, por consequência, ainda mais, perguntas.
No meio das descobertas, Karen custa acreditar em algumas coisas que a investigação a leva. E com apenas 10 anos, Karen começa a descobrir que a vida pode ser muito mais complicada do que ela acha. E mesmo sendo uma ficção, há um pouco de biográfico da autora que mescla fatos da sua vida e de amigos. Com o tempo, Minha Coisa Favorita é Monstro se torna uma leitura densa, pesada, com forte apelo emocional, por vezes angustiante; mas ao mesmo tempo instigante. Todo suspense psicológico e os dramas criam um ambiente que encaixa perfeitamente com a arte.
FICHA TÉCNICA
Título: Minha Coisa Favorita é Monstro
Autora: Emil Ferris
Nota: 4/5
Onde Comprar: Amazon

Renato Zanotte

Na Nossa Estante

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