Na minha época não saudosa de faculdade, eu tinha uma professora de literatura hispano-americana que sempre pedia para gente ler livros de realismo fantástico ou até mesmo de dramas mais pesados de autores latinos americanos. Bom, era sempre uma leitura impactante, às vezes no aspecto positivo outras no aspecto negativo, já que eu nunca fui muito boa com dramas. Enfim, um dos livros pedido foi A invenção de Morel de Adolfo Bioy Casares, que na edição da antiga Cosac Naify contava com um posfácio do Otto Maria Carpeaux, mas que infelizmente não consta na edição da Coleção Folha Grandes Nomes da Literatura e nem o prefácio de Jorge Luis Borges.
O livro é narrado em primeira pessoa e conta a história de um fugitivo político que acaba parando numa ilha misteriosa, na verdade, ele sabe que a ilha é evitada pelas pessoas por possui um mistério que aparentemente mata “de fora para dentro”, mas a gente só entende o mistério mesmo quase no final da leitura, o que nos instiga a ler rapidamente.
A ilha possui dois espaços narrados pelo protagonista, dois aspectos ambíguos em vários sentidos: o lado obscuro da ilha, que mostra toda uma vegetação morta ou quase morta e a parte mais clara, chamada de Museu, onde existe energia elétrica, mas nem tudo por lá está exatamente vivo, por isso a ambiguidade e o paradoxo. Em pouco tempo na ilha, o protagonista descobre que não está sozinho e que várias pessoas aparecem e desaparecem sem nenhuma explicação. O medo e a curiosidade são sentimentos que se mesclam a todo momento e como se não bastasse o protagonista se apaixona pela jovem Faustine, uma estranha mulher que observa o pôr-do-sol todas as tardes.
Aos poucos o protagonista vai superando o medo de ser descoberto pelas pessoas e ser preso, dando lugar a curiosidade e uma vontade enorme de se declarar para Faustina, o único problema é que a moça não o ouve e nem o vê, ou seja, para ela, ele não existe. A partir de então se a narrativa já era misteriosa e cheia de suspensa, acaba se tornando ainda mais intrigante!
Casares brinca com os espaços e com os tempos a todo momento, num jogo de paradoxos em que a angustia do personagem só aumenta ao descobrir o que de fato acontece na ilha, fazendo nos refletir sobre a morte, a eternidade, sobre a os ecos que preenchem nossas vidas, como se todos nós precisássemos deles, a tecnologia e claro, nos faz refletir também sobre cientistas malucos.
A obra é marcada por um forte
realismo fantástico de grande verossimilhança, mas
A invenção de Morel não se encaixa perfeitamente em nenhum gênero, pode ser vista como fantástica, policial, ficção-científica, drama e segundo Borges é um livro tecnicamente perfeito; humildemente sou obrigada a concordar! A narrativa é super rápida e o autor consegue nos envolver facilmente. Quem optar por ler não vai descansar até descobrir todos os mistérios dessa ilha!
Sobre a edição da Coleção Folha, a tradução me pareceu boa e capa é belíssima.
FICHA TÉCNICA
Título: A Invenção de Morel
Título Original: La invención de Morel.
Autor: Adolfo Bioy Casares
Michele Lima
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gosto demais dos livros de realismo mágico latinos e com certeza já anotei aqui esse livro na minha TBR
http://www.tofucolorido.com.br
http://www.facebook.com/blogtofucolorido
Oi, Mi!
Essa capa é bem bonita toda aquarelada, mas acho que não leria a história pois não faz muito meu estilo
Beijos
Balaio de Babados
Hey Mi! Tudo bem?
Sempre lavemos algum aprendizado da época da faculdade, não é? Eu na conhecia o livro, e por ele reunir tantos gêneros, tenho certeza que vale a pena conferir. Acho que nunca li um realismo fantástico! Adorei a capa em aquarela!
Obrigada por comentar lá no blog.
Volte sempre!
| Blog Misto Quente |
Olá, Michele.
Eu nunca ouvi falar desse livro, mas já quero ler. Fiquei aqui morta de curiosidade para saber o que acontece na tal ilha. Vou anotar aqui para uma futura leitura. Gostei bastante da capa desa edição.
Prefácio
Adoro quando o autor mistura os gêneros e tudo fica perfeito. Tem escritor que realmente tem o dom não é ? E eu ainda nem conhecia a obra!
Beijos
Imersão Literária