Uma mulher na escuridão [Resenha Literária]

O estilo cinematográfico de Donlea nos coloca diretamente nas cenas, e sua escrita habilidosa leva seu trabalho a um nível muito mais alto. Diferentes períodos de tempo, pontos de vista diferentes e personagens que não se encaixam em normas sociais são escolhas ousadas para um escritor arrojado.
O enredo do livro percorre o final da década de 1970 e chega aos dias atuais. Nós experimentamos a história através dos olhos do assassino, daqueles que o caçam, daqueles que o temem e dos que são forçados a ajudá-lo. 
Em 1979, a cidade de Chicago está em pânico quando uma jovem desaparece sem deixar vestígios. Angela Mitchell, de vinte e nove anos, fica obcecada pelo caso e pesquisa extensivamente as vítimas para identificar uma conexão entre elas. Seu exame aprofundado revelou o que ela acredita ser um padrão de assassinatos que remonta a uma década. Incapaz de desistir de procurar a verdade, ela descobre provas e envia para a polícia, mas desaparece antes que eles possam questioná-la. Embora seu corpo nunca tenha sido encontrado, O Ladrão foi condenado por seu assassinato e condenado a uma pena de 60 anos de prisão.

Em 2019, temos Rory Moore, perita forense muito talentosa que imerge totalmente nos casos em que assume. Depois de seis meses de folga, ela é chamada de volta à ativa para resolver um caso não solucionado. Mas antes que possa iniciar, Rory é devastada por uma tragédia pessoal. 
Dois dos personagens com ponto de vista único, lutam com problemas como autismo e de saúde mental. Esses personagens são confrontados com os desafios de lidar com as expectativas e preconceitos da sociedade, juntamente com as dificuldades de seus próprios demônios pessoais.

Angela teria sempre consciência dos olhares enviesados que recebia da maior parte do mundo, mas se consolava com a aceitação de Thomas, apesar das suas muitas idiossincrasias.

Todos os saltos de tempo e os múltiplos ponto de vista fornecem aos leitores mais informações do que qualquer personagem. Por conta disso, Donlea cria um suspense e não ficamos nos perguntando o que aconteceu, mas sim, o que acontecerá a seguir!
Apesar dos vários personagens, Rory é nossa protagonista. Convincente, extremamente brilhante, ela traz sua experiência em entender as vítimas, e os crimes que chegam até ela que parecem ser insolúveis. Seu processo de pensamento peculiar e sua quase memória eidética fazem dela uma formidável investigadora, embora não convencional.

Nada pode assustar você, a menos que você deixe que a assuste.

O autor também faz um excelente trabalho em manter os leitores localizados no tempo e lugar, apesar dos seus inúmeros personagens. O autismo aqui tem um papel ativo, e o personagem não apenas apoia outros ou é colocado como vítima. Ele tem autonomia, habilidades e muita complexidade diante de algo tão grandioso, e não é apenas mais uma pessoa dentro da sociedade. 

Com um ritmo às vezes lento, entendemos o motivo para que tudo aconteça, os personagens únicos de Donlea e a história complicada criam tensão suficiente para satisfazer os leitores que gostam do gênero. Muito psicológico, o livro se encaixa na impressionante lista de títulos do autor, com seus protagonistas incomuns.

Ao invés de seguir um caminho simples e tradicional ou escrever um procedimento policial direto, o autor perturba a estrutura do livro e brinca com técnicas de contar histórias, ao mesmo tempo que apresenta personagens que não vimos antes. E com toda certeza, ele criou um personagem fascinante e intrigante por aqui.

Todas as respostas para as coisas que a estão perturbando se encontram na sua frente. Tudo aquilo que não faz sentido… É fácil deixar a verdade escapar, mesmo quando está debaixo do nosso nariz.

Uma leitura que prende do início ao fim, e que me deixou com uma questão em aberto: o que Donlea escreverá a seguir?

Uma Mulher na Escuridão é um livro absolutamente fantástico de obsessão e assassinato. Seus protagonistas multicamadas são incrivelmente inteligentes. O enredo é único e os arcos da história divergem de uma maneira chocante. Com uma trama fascinante, Charlie Donlea trás esse mistério sinistro para uma conclusão inesperada e impressionante. Um excelente livro que os amantes do mistério não querem perder.

O autor tem conquistado um espaço no meu coração, e aos poucos tem tomado seu espaço. Mal posso esperar para conferir seu próximo sucesso. 
A edição da Faro Editorial está lindíssima, como sempre com seus livros impecáveis. A divisão do livro, páginas amarelas, a diagramação e a fonte com um tamanho extremamente confortável, preciso elogiar novamente todo o trabalho que foi feito para um livro tão fascinante.

FICHA TÉCNICA
Título: Uma Mulher na Escuridão 
Autor: Charlie Donlea 
Nota: 5/5
Onde Comprar: Amazon
 

Natália Silva

5 thoughts on “Uma mulher na escuridão [Resenha Literária]

  • 7 de junho de 2019 em 13:50
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    Ahhh que não vejo a hora de conseguir ter esse livro em mãos e iniciar a leitura.
    Adoro a escrita desse autor e sua resenha só me deixou mais animada <3

    Sai da Minha Lente

    Resposta
  • 7 de junho de 2019 em 17:02
    Permalink

    Oii Natalia

    Eu to louca por esse livro, só leio elogios e a história parece ser bem escrita, cheia de detalhes que prendem mesmo, ainda que com o ritmo mais lento.

    Beijos, Ivy

    http://www.derepentenoultimolivro.com

    Resposta
  • 7 de junho de 2019 em 19:32
    Permalink

    Oi Natália,
    O livro que li do Charlie me conquistou demais.
    Ainda preciso ler outros dele, mas este com certeza já está na minha lista de desejados *-*
    E as edições da Faro estão maravilhosas mesmo.
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

    Resposta
  • 8 de junho de 2019 em 00:04
    Permalink

    Oi Natalia! Eu gostei demais desse livro, percebe-se nele um amadurecimento na escrita do autor. Ela já era bom e ficou ainda melhor. Tomara que Donlea traga a protagonista em outros livros. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  • 13 de junho de 2019 em 17:23
    Permalink

    Resenha perfeita que fala? Eu adorei o livro, as personagens, e juro que queria vê-lo adaptado para as telas.
    Beijão

    Resposta

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