Categories: Uncategorized

Vox Lux [Resenha do Filme]

Já começo avisando que as cenas iniciais de Vox Lux são fortes. Talvez alguns anos atrás a tragédia que ocorre com Celeste (Raffey Cassidy/Natalie Portman) seria algo distante da nossa realidade, hoje não mais.
O longa é contato em três atos (Gênesis, Regenesis e Final), com entradas de um narrador onipresente em terceira pessoa (Willem Dafoe). Celeste sobrevive a um massacre na escola e isso muda completamente sua vida. Com um lesão na coluna a protagonista sobrevive e com a ajuda da irmã faz uma música para expressar os seus sentimento no momento. A canção é um sucesso e Celeste ganha um agente (Jude Law) rapidamente que percebe logo o talento da adolescente. Junto com Eleanor (Stacy Martin), sua irmã, eles batalham pelo sucesso. E o que parecia ser um sonho se torna realidade. Celeste ganha fama e sucesso.
O processo da protagonista ingênua para uma diva insuportável é complexo e se desenvolve aos poucos, mas há uma situação que marca bastante sua transformação, um momento que não parece algo impactante, até fácil de esperar por parte do espectador mais atento, mas Celeste parece que no fundo nunca gostou de ser excluída de nada.
Os anos passam e Celeste se torna adulta, tem uma filha (também interpretada por Raffey Cassidy) e passa por alguns problemas devido a sua personalidade e o uso do álcool. Celeste se torna outra pessoa, rica, famosa, uma celebridade se adaptando à modernidade. Sua relação com a filha se mostra superficial e a protagonista acumula uma raiva sem sentido da irmã. E ao ver que terroristas usam a máscara de um seus clipes para cobrir o rosto num atentado na praia, quase não se sente conectada com o que aconteceu com ela no passado. E aqui tem uma sacada ótima no roteiro. Durante a coletiva de imprensa em que Celeste responde aos jornalistas, ela solta frases de efeito, faz críticas vazias e o narrador bem observa que quando se exige profundidade dela, a personagem escapa do assunto. Bastante fácil de identificar muitas celebridades nesse aspecto.
A jornada de Celeste é intensa e aborda vários elementos da cultura pop dos últimos tempos. A protagonista acredita que o gênero é usado para fazer as pessoas não pensarem, apenas se sentirem bem e curiosamente as canções, ótimas por sinal, são compostas pela cantora Sia! Confesso que por muitos momentos eu fiquei com vontade de escutar todos os álbuns de Celeste e ir nos shows dela. Trilha sonora perfeita!
Raffey Cassidy está excelente no papel da jovem protagonista, mas parece a mesma pessoa quando interpreta Albertina, filha de Celeste. Talvez tenha sido de propósito, mas não me agradou tanto. Já Natalie Portman aparece bem depois, só quando a personagem está adulta e sai muito bem em todas as cenas. A atriz é um verdadeiro show. A fotografia dos anos 90 está muito bem feita e o figurino da diva Celeste também.

Vox Lux é ousado, com elementos de drama familiar, terrorismo e violência. A protagonista é complexa, sua relação com a irmã, que se tornou uma mulher submissa e humilhada, é bastante difícil. E toda a construção da personagem me parece bastante inteligente, o único problema é o final. Quando o longa termina é difícil não ficar se perguntando qual foi a conclusão da história, tinha um propósito? Parece que ficou faltando alguma (muita) coisa, um clímax para finalizar o enredo. No entanto, de todas as formas é uma jornada que vale muito a pena.
Trailer:
FICHA TÉCNICA
Título: Vox Lux – O preço da fama
Título Original: Vox Lux
Direção: Brady Corbet
Nota: 4/5
*conferimos o filme na cabine de imprensa

Michele Lima

Na Nossa Estante

View Comments

Share
Published by
Na Nossa Estante

Recent Posts

Do Fundo da Estante: Meu Primo Vinny [Crítica]

O Oscar de atriz coadjuvante para Marisa Tomei por Meu primo Vinny (1992) é considerado…

1 dia ago

Um Lugar Silencioso: Dia Um [Crítica do Filme]

A duologia de terror misturada com elementos de ficção científica Um Lugar Silencioso do diretor…

4 dias ago

O Mundo de Sofia em Quadrinhos (Vol.1) [Crítica]

O mundo de Sofia é um clássico da literatura que eu não li e queria…

6 dias ago

Bridgerton – Terceira Temporada- Parte 2 [Crítica]

A segunda parte da terceira temporada de Bridgerton começou com muitas polêmicas! Eu li os…

7 dias ago

Do Fundo da Estante: Quinta-feira Violenta

O produtor, diretor e roteirista californiano Skip Woods fez em Quinta-Feira Violenta (Thursday no original)…

1 semana ago

Tudo O Que Você Podia Ser [Crítica do Filme]

Tudo o que você podia ser é dirigido por Ricardo Alves Jr. e não tem como…

2 semanas ago

Nós usamos cookies para melhorar a sua navegação!