Gostem ou não, Lars Von Trier é um dos poucos diretores-autores de cinema. Com sua marca registrada e estilo próprio, qualquer espectador que o conheça já sabe muito bem o que vai ver na tela. Quem não gosta de sua obra nem por decreto, sempre vai se preocupar em achar defeitos e dizer que faria diferente aqui e ali…O mundo está cheio de críticos que são apenas cineastas frustrados que quando se deparam com alguém audacioso, ficam com uma dose cavalar de inveja.
Tudo o que é recorrente em sua filmografia está presente neste A casa que Jack construiu: narração em off, divisão de capítulos, ritmo lento, narrativa que se desenvolve sem pressa, cenas propositalmente polêmicas, violência gráfica extrema, interpretações superlativas, humor maldoso e muita, muita arte – literatura, música, pintura, escultura e arquitetura transbordam em vários momentos.
A princípio o nome Jack seria uma referência ao Jack estripador, serial killer que aterrorizou Londres assassinando geralmente prostitutas em 1888, mas que nunca foi identificado. A palavra Jack aparece várias vezes durante a projeção, seja pela munição Full Metal Jack ou pela canção Hit the Road Jack de Ray Charles. A trama se passa na década de 70 embalada pela clássica Fame de David Bowie, nos apresentando Jack (Matt Dillon, excelente, no melhor e mais difícil papel de sua carreira), um serial killer que vê no ato de matar, uma forma de arte.
Suas vítimas são assassinadas com requintes de crueldade e seus corpos são fotografados, num verdadeiro ritual tão perfeccionista que a comparação com pintores, escultores é didaticamente mostrada pelo diretor sem julgamento moral. Enquanto o espectador se choca com as cenas brutais, Jack não sente a mínima culpa, já que segundo ele mesmo compara, Hitler massacrou milhões e fez disso sua arte mais admirável – visto a quantidade de fãs que ele possui até hoje. Durante sua cruzada, cujo TOC adiciona elementos cômicos em meio a tanto horror e sangue, Jack relata sua vida ao personagem Virgil (Bruno Ganz), que de início aparenta ser apenas a voz de sua consciência.
Entre uma morte e outra, uma verdadeira aula de história da arte pipoca na tela, e o diretor inclusive introduz cenas dos seus próprios filmes para rebater acusações anteriores de misoginia e fascismo.
As coadjuvantes são ótimas também: Uma Thurman, Siobhan Fallon Hogan, Sofie Gråbøl e Riley Keough têm cenas bem difíceis, ponto para quem foi responsável pela escalação do elenco.
Com mais de 2:30 de duração, A casa que Jack construiu é um filme grotesco, difícil de assistir, mas também é um profundo estudo psicológico de um personagem extremamente complexo, que pode facilmente ser uma pessoa do nosso cotidiano. E é isso que nos assusta.
Trailer:
FICHA TÉCNICA
Título: A casa que Jack construiu
Título Original: The House That Jack Built
Diretor: Lars Von Trier
Data de lançamento: 01 de novembro de 2018
Nota: 5/5
Italo Morelli
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Já tinha ouvido falar, vou procurar ele .
http://www.nataliloure.com.br
Nossa, acho que eu não conseguiria assistir não...
http://www.vivendosentimentos.com.br
os filmes do lars sao sempre fortes né, e geralmente eu acho incriveis, ja quero ver esse
http://www.tofucolorido.com.br
http://www.facebook.com/blogtofucolorido
Hey Italo! Tudo bem?
Não conhecia o filme mesmo, mas já quero assistir. Amo essas obras cheias de conceitos.
Obrigada por comentar lá no blog.
Volte sempre!
~ miiistoquente
Oi, Italo!
O título lembra algo infantil até. Eu gosto muito do trabalho Lars e quero muito conferir esse filme.
Beijos
Balaio de Babados
Oi, Italo
Eu nunca vi nada do diretor, mas eu concordo que as pessoas assistem filmes já pensando no que vão criticar e isso é muito chato, chega cansa. Eu não sei se leria porque não gosto das cenas de violência, mas adoro um bom suspense.
Beijo
http://www.capitulotreze.com.br/