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Sharp Objects [Resenha da série]

Assistir a Sharp Objects (Objetos Cortantes), minissérie da HBO baseada no livro de Gillian Flynn, é como mergulhar em um mundo sombrio e triste, que vai cada vez mais para o fundo impulsionado pelo teor alcoólico utilizado sem limites pela protagonista Camille Preaker (Amy Adams). A jornalista volta para a sua cidade natal para investigar o assassinato de uma adolescente e todo o mistério que o envolve.
Camille volta para casa, mas não volta para um lar. Com um péssimo relacionamento com a mãe, Adora (Patricia Clarkson) e tentando se dar bem com a irmã adolescente que ela não conhecia, Amma (Eliza Scanlen), ela passa a lidar com os fantasmas do passado e a dor da perda, as exigências maternas e a alienação do Padrasto Alan (Henry Czerny), as loucuras secretas da irmã e o assassinato de mais uma adolescente.
A dor sentida por Camille durante todo o processo de pesquisa jornalística é tão bem interpretada que a gente parece se afundar dentro dela. É uma angústia sem fim, que deixa a garganta da gente seca e ardendo como se o álcool que a protagonista ingere o tempo todo pegasse fogo, na gente.
Enquanto faz suas investigações, Camille é orientada por seu amigo e chefe do jornal para o qual trabalha, Frank Curry (Miguel Sandoval) e viaja entre o presente o passado, aos poucos revelando o motivo de todas as suas dores.
Certamente é impactante saber o motivo pelo qual a série tem como título objetos cortantes e surpreende saber como Camille chegou aquele ponto, tão solitária e marcada para sempre, saber como a vida a levou para um lugar tão agonizante e distante.
Camille se envolve com o detetive federal Richard (Chriss Messina), vai a festas de adolescentes com a irmã Amma, aceita experimentar tudo que lhe oferecem, tenta de alguma forma não aborrecer a mãe que lhe faz revelações tão imensamente tristes quanto incompreensíveis.
Objetos Cortantes é um thriller psicológico sombrio, muito instigante, interessante. Às vezes os episódios são lentos e parece que perderam tempo demais tentando compor os personagens, ir o mais fundo possível em suas dores, seus problemas, seus segredos mais sórdidos de maneira muito lenta, mas no final percebe-se que poderiam ter economizado uns dois ou três episódios, mas talvez não ficasse tão transparente a essência dos personagens.
E no final, o choque! De uma maneira que não esperamos, a série encerra nos tirando o chão e nos deixando com o ar preso nos pulmões.
Interpretações fantásticas, minissérie muito boa para quem gosta de misturar tensão, mistério, angústia e suspense.
Marise Ferreira
Na Nossa Estante

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