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Hellblade Senua’s Sacrifice [Games]

Um projeto ambicioso, chamado de AAA Independente (triple A – jogos com produção e qualidades gigantescas, como Godo f War, The Last of Us e outros títulos gigantes). Jogos inidies, independentes, costumam ter uma equipe pequena, desde uma pessoa só até no máximo umas 40 pessoas, diferentes de jogos AAA que tem centenas de nomes envolvidos.
Hellblade Senua’s Sacrifice foi divulgado em 2014 como um projeto misterioso e lançado em agosto de 2017 para Playstation, Xbox One e PC. Um jogo independe que liderou em indicações ao prêmio BAFTA Video Game Awards 2018 e que no total possui 8 premiações: melhor áudio, melhor desempenho, melhor performance (atriz), áudio design, melhor jogo britânico e outros. Desenvolvido pela Ninja Theory que possui títulos grandes em seu portfólio, eles quiseram provar que é possível fazer algo grandioso sem ter milhões de dólares envolvidos e centenas de pessoas, tudo isso com muito esforço e pesquisa, pois Hellblade não é um simples jogo, mas a vivência de alguém que possui a doença mental psicose.
A grande obra desse jogo não foi simplesmente uma direção de arte incrível, conceitos extremamente bem elaborados e atores maravilhosos, mas todo esse conjunto com o uso de pesquisas com professores, médicos e pacientes que estudam e vivem a psicose todos os dias. A Ninja Theory juntou como era entendido uma doença dessa forma na Era Celta junto de sensações e sentimentos reais que essas pessoas passam todos os dias de suas vidas. Tanto que no documentário que fizeram sobre a produção do jogo, podemos ver os pacientes e seus depoimentos de como é viver assim e como se sentiram orgulhosos de conseguirem ter tudo o que passam feito de forma tão real e verdadeira (trailer do documentário CLIQUE AQUI). Apesar de ser um jogo que possui uma jornada do herói clássica, o maior objetivo foi mostrar a doença de forma tão desesperadora e agoniante e de forma sublime.
Além da grande e fiel representação da doença, a parte mais incrível do jogo é a tecnologia de Motion Capture em tempo real que a Ninja Theory conseguiu aplicar em seu jogo. Eles conseguiram fazer com que a atriz Melina Juergens atuasse ao mesmo tempo em que o jogo era renderizado (CLIQUE AQUI). As vozes que escutamos no jogo foram gravadas com uma tecnologia que podemos ouvi-las em 360 graus.
A direção de arte do jogo mostrou uma representação dos locais, personagens e monstros de forma que podemos acreditar que realmente aquela época era assim. A mitologia nórdica muito bem explorada com o uso da arte Celta sem qualquer tipo de falha que possamos quebrar a ilusão do que estamos vendo é real. Senua e seu conceito se provam únicos e tão palpáveis quanto qualquer personagem.
Vamos falar da narrativa agora, que pode parecer simples, mas conforme vamos avançando no jogo, vai se enriquecendo cada vez mais. Senua é uma guerreira Celta que possuía o amor de sua vida, Dillion, outro guerreiro que vou levado pela morte. Por não aceitar isso, Senua aceita a jornada de recuperar a alma dele indo até Helheim, a dimensão que é o Inferno na mitologia Nórdica, onde ela pretende ir até a Deusa Hela e derrota-la pela alma de seu amado. Durante sua jornada no mundo mitológico, temos Senua sempre acompanhada das vozes que vivem dentro de si, junto da voz da escuridão.
As vozes brincam conosco durante todo o jogo, cerca de dez horas, tendo a voz mais neutra sendo a narradora e outras que riem ou ameaçam durante as decisões de Senua, vozes que duvidam dela, que riem dela, que a alertam e que até mesmo nos dão avisos durante o combate intenso.
Nossa jornada até Hel consiste no descobrimento por parte do jogador do passado de Senua e do combate da personagem contra sua própria escuridão. Conhecemos sobre o que aconteceu com sua família, principalmente o destino de sua mãe e o tratamento que o pai deu a Senua, pois na cultura Celta, pessoas com doenças mentais eram isoladas e deixadas a mercê de florestas para sobreviverem contra sua escuridão. Entendemos a importância de Dillion para ela e como ele agregou em sua vida. Quem nos acompanha também em nossa jornada é D’ruth, um homem que ela conheceu e adicionou a sua cabeça, um contador de histórias que nos explica acontecimentos da mitologia nórdica conforme nosso percurso passa por tais locais e quando chegamos perto de inimigos que fazem parte dos acontecimentos da mitologia.
O crescimento e o entendimento que temos da personagem são feitos cuidadosamente junto da demonstração do que é ter psicose. Senua é uma mulher forte, uma guerreira e sobrevivente de seu próprio povo.
As mecânicas do jogo são simples: combate de espada e resolver puzzles, porém, na hora do vamos ver não é nada fácil. Senua é uma mera humana e seus inimigos são deuses e criaturas, três pancadas e ela morre, permitindo que a escuridão tome mais ainda posse dela que pode resultar na morte real dentro do jogo. O combate é Senua segurando sua espada, temos dois tipos de ataque, como defender e recuar somente, logo é muito agilidade e sangue frio envolvido. Pessoas com psicose costumam ver símbolos e significados onde não existe e os puzzles envolvem isso.
Depois de uma jornada que faz com que o jogador saiba o que é sentir e ter psicose, chegamos no final do jogo. Um final que trouxe dúvidas e burburinhos por ser uma grande metáfora cheia de significados. Vivemos dez horas de uma experiência intensa que pode ser real ou não, uma experiência que cada segundo é uma batida do coração se perguntando pelos próximos passos. Uma jornada que faz os dedos no controle tremerem. Dez horas de um jogo intenso e vívido. Uma vida sem perdas é uma vida sem amor, da mesma forma que uma vida que possuí a escuridão deve aprender a viver com ela de forma vitoriosa.
Trailer:
Carol Espilotro
Na Nossa Estante

View Comments

  • Olá Carol!
    Estou na metade do jogo. Estou curtindo a jornada da Senua e tecnicamente o jogo é incrível, os gráficos enchem os olhos. Mas acho que poderia haver uma diversidade maior de puzzles. Os da porta são muito repetitivos :(
    Bjs

    EntreLinhas Fantásticas

    • Mas acredito que seja proposital, já que pessoas com psicose costumam ter uma forma de ver as coisas que fazem parte do seu perfil :3

  • Oi, Carol! Tudo bom?
    Eu amo/vivo/respiro um jogo e é este. Não consegui jogar, mas assisti tudo que era possível de gameplay e entrevistas com os desenvolvedores e é uma OBRA DE ARTE. Só a soundtrack já me arrepia a alma.
    E toda a história da Senua é fascinante e eu gostei muito da sensibilidade do roteiro em abordar o problema dela, especialmente dentro do contexto do jogo.
    DEU ATÉ SAUDADE. Espero conseguir jogar, de fato, algum dia </3 mas tô guardando dinheiro pra Detroit bc of reasons.

    Beijos,
    Denise Flaibam.
    http://www.queriaestarlendo.com.br

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