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Um Vento à Porta [Resenha Literária]

Quando eu li Uma dobra no tempo fiquei bem ansiosa para dar continuidade na série de livros e fiquei feliz em saber que HarperCollins não iria demorar para publicar a continuação.
Um Vento à Porta se passa um pouco depois dos acontecimentos do primeiro livro e já estava com saudades da família Murry! Só que dessa vez não temos viagens ao espaço e ao invés de explorar a física, dessa vez Madeleine L’engle explora a biologia, o que é sempre interessante, uma vez que a autora muitas vezes coloca uma pitada de fé em suas histórias.
Charles Wallace está doente e ainda por cima sofrendo bullying na escola e apanhando todos os dias. Mas o garotinho sabe que precisa se adaptar e tenta bastante conseguir se adequar aos padrões e escapar das surras. Sua mãe está bastante preocupada com sua doença, mas tenta dar ao filho espaço para ele mesmo resolva a situação escolar. Já Meg e sua personalidade impulsiva, não consegue ver o irmão apanhando sem fazer nada e tem um embate bem interessante com o diretor da escola, Sr. Jenkins. No entanto, nada disso funciona até que Charles Wallace começa a ver dragões no jardim de casa.
A princípio Meg acha que as visões de Charles estão relacionadas a sua misteriosa doença, mas depois até ela e Calvin enxergam uma figura estranha chamada Proginoskes, um querubim, com vários olhos e asas e acompanhado por um Professor. E assim, o trio descobre que precisam passar por três provas diferentes com a ajuda de Progo para salvar Charles Wallace de sua doença e como consequência ajudar o mundo novamente. Isso porque as mitocôndrias e farândolas de Charles estão sendo atacadas por seres chamados Ectroi, que marcam um X nas coisas, anulando a existência delas e isso não acontece apenas no corpo da criança, mas no universo inteiro.
Meg passa por três provas bem difíceis em que precisa nomear as coisas, lutando contra a existência delas e Progo a ajuda bastante! Depois da primeira prova uma parceira sem dúvida improvável acontece, já que a Meg e Sr. Jenkins nunca se deram bem. No entanto, já me parece bem típico da autora tentar ensinar as crianças de que o amor sempre supera o ódio e acaba discutindo a importância de tentar entender até mesmo as pessoas que não gostamos.
O relacionamento de Meg e o querubim é um dos pontos fortes da trama, Proginoskes tem uma enorme paciência com a protagonista e suas inseguranças e teimosia. Calvin apesar de ter ficado bastante de escanteio em quase toda a história, também tem sua importância ao ajudar Meg com todo seu amor e carinho; o casal é uma fofura juntos. Aliás, o amor é um dos pontos novamente abordados por Madeleine L’engle assim como a fé na humanidade. Porém, vale ressaltar também que os pais das crianças me parecem bastante negligentes, sempre por fora de tudo que acontece com eles.
Como aconteceu em Uma dobra no tempo, tive dificuldade em imaginar algumas situações, principalmente na parte final da trama, mas acho que dessa vez é algo bem condizente com a história, já que nem Meg conseguia enxergar as coisas direito. E destaque também para a comunicação que o querubim ensina para as crianças, o desvelar, que é um entendido acima de qualquer linguagem verbal.
Um vento à porta muda um pouco o foco em relação ao primeiro livro, que tinha como ambiente um universo em escala macro, sendo que agora estamos falando de algo micro. Os termos biológicos são bem explicados, quase que dinâmicos e a autora continua nos fazendo querer acompanhar a jornada de Meg, Calvin e Charles Wallace.
FICHA TÉCNICA
Título: Um vento à porta
Autora: Madeleine L’engle
Nota: 4/5
Onde Comprar: Amazon

Michele Lima

Na Nossa Estante

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