Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi [Resenha do Filme]

Baseado no livro homônimo de Hillary Jordan, publicado no Brasil pela Editora Arqueiro, Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi nos mostra a história de duas famílias de agricultores, uma negra e outra branca, distintas socialmente e economicamente, com suas vidas entrelaçadas mais do que poderiam imaginar.
O filme começa com um enterro debaixo de uma chuva torrencial para logo em seguida nos mostrar cronologicamente os fatos que culminaram para tal cena, nada nos indica uma tragédia, mas a sensação de que algo muito ruim poderá acontecer permeia toda a história. Narrado por alguns dos principais personagens, vemos como a família McAllan investe tudo que tem na compra de uma fazenda. 
Laura (Carey Mulligan) é uma mulher inteligente, mas que fica encantada por ser alvo de atenção de um homem pela primeira vez e assim se casa com Henry McAllan (Jason Clarke), uma pessoa controladora que tinha como sonho ser fazendeiro. Laura não estava preparada para vida dura no campo, mas vai se adaptando com as filhas na nova vida e a morar com o sogro, um homem extremamente preconceituoso. Desde o início fica evidente a atração entre Laura e o cunhado Jamie (Garrett Hedlund), mas este vai para guerra como piloto e volta apenas no terceiro ato do longa, o mais intenso e indigesto.
Paralelo à família branca, temos os Jackson, uma família negra com o sonho de ter sua terra própria, mas enquanto isso não acontece trabalham arduamente para os McAllan e se encontram sempre numa posição inferior e exploratória. Um dos filhos, Ronsel (Jason Mitchell), também vai para guerra e se torna Sargento. 
E falando na Segunda Guerra, para Ronsel ela foi a melhor coisa que aconteceu, na Europa encontra respeito, objetivo de vida e um grande amor e apesar de voltar com seus traumas, se encontra psicologicamente bem melhor do que Jamie. E de modo bem inesperado, uma grande amizade surge entre os dois que acabam se entendendo bem mais do que os familiares gostariam.
O filme vai mostrando a rotina da fazenda e peca na extensão desses detalhes com uma narrativa lenta com cenas e tramas que não acrescentam muito no enredo, para então, nos dar um terceiro ato forte e impactante, já que a amizade de Ronsel e Jamie resulta em situações revoltantes. Porém, vale a pena destacar algumas cenas que são de extrema importância, como ver Florence (Mary J. Blige) se resignando a cuidar dos filhos da família branca quando queria apesar cuidar dos seus ou quando Hap (Rob Morgan) precisa aguentar todas as humilhações de Henry e se encontrar sempre endividado. Em diálogos sutis e em pequenos gestos que conseguimos enxergar a resiliência dos personagens.
A ambientação é perfeita, conseguimos ver claramente a vida dura dos trabalhadores rurais, a vida difícil no campo e entendemos os motivos de um simples piano significar um toque de civilidade no local. E as atuações também acabam sendo um grande destaque no longa, Garrett Hedlund está excepcional como o piloto que não consegue superar os traumas da guerra, Mary J. Blige como Florence e Rob Morgan e como Hap também se saem muito bem.
Os dois primeiros atos apresentam uma cadência completamente diferente do último, como se o roteiro estivesse nos preparando para um final apoteótico, o que acarreta em um enorme contraste de ritmo. E por ter um tema que ressalta bastante o preconceito, esperava que o fosse maior na família negra do que na branca. No entanto, Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi tem uma história marcante, contada de uma forma quase poética, com momentos finais que comovem.

Trailer:

FICHA TÉCNICA
Título: Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi 
Título Original: Mudbound
Diretor: Dee Rees
Data de lançamento: 15 de fevereiro de 2018
Nota: 3,5/5

Michele Lima

7 thoughts on “Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi [Resenha do Filme]

  • 15 de fevereiro de 2018 em 18:46
    Permalink

    Oie Mi =)

    Não estava sabendo o lançamento desse filme e para ser bem sincera não estou me recordando do livro (shame) rs…

    Gostei da premissa da história, mas fiquei um pouco desanima pelo seu comentário em relação ao desenvolvimento lento e detalhes que não agregam tanto assim.

    Talvez não seja um filme que eu vá conferir no cinema, mas se tiver passando na TV com certeza vou querer conferir.

    Beijos ;***
    Ane Reis | Blog My Dear Library  

    Resposta
  • 15 de fevereiro de 2018 em 20:55
    Permalink

    Eu tenho andado a tentar arranjar tempo para ver os nomeados aos óscares, mas ainda não consegui ver nenhum! Tenho muita curiosidade com esse filme e essa resenha tão elogiosa, só fez crescer mais a vontade de assistir =)

    MRS. MARGOT

    Resposta
  • 15 de fevereiro de 2018 em 23:55
    Permalink

    Oi, Mi!

    Como o filme não faz muito meu gênero, não sei dizer se eu gostaria, mas você destacou tanto o terceiro ato que acho que assistiria só pra descobrir o que de tão impactante acontece com as famílias hahaha ótima resenha!

    xx Carol
    Estou promovendo um Booktour do meu livro chamado O Poder da Vingança, vem se inscrever pra participar!
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/

    Resposta
  • 16 de fevereiro de 2018 em 05:16
    Permalink

    Oi, Mi

    Apesar da abordagem racial, o filme como um todo não faz muito meu estilo. Não gostk se nada com guerra e nem de nada tão campestre.
    Não duvido que a ambientação seja perfeita mesmo, pelo trailer dá para ter uma ideia.

    Beijos
    – Tami
    http://www.meuepilogo.com

    Resposta
  • 16 de fevereiro de 2018 em 09:24
    Permalink

    Gostei da dica Mi. Achei o enredo do filme bem interessante e mesmo que eles tenham se estendido muito em alguns detalhes, acredito que seja uma história impactante. Beijo!

    http://www.newsnessa.com

    Resposta
  • 17 de fevereiro de 2018 em 02:11
    Permalink

    Nossa, imagino que seja um filme bem triste! Gosto de quando há nos filmes essa crítica sabia? Acho muito legal. Essas histórias tendem a pecar pelos detalhes mesmo, mas se o enredo é bom até que compensa. Já quero assistir esse filme.

    http://www.vestindoideias.com

    Resposta
  • 19 de fevereiro de 2018 em 11:35
    Permalink

    Michele, não conhecia esse filme, mas pela sua resenha, parece ótimo!
    Quero vê-lo!

    Beijo!
    Cores do Vício

    Resposta

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