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Me chame pelo seu nome [Resenha do Filme]

Conferimos a cabine de imprensa de Me chame pelo seu nome.
Durante o verão em 1983 numa bela casa no norte da Itália, Elio (Timothée Chalamet em atuação contida), um rapaz de 17 anos vê o seu cotidiano mudar com a chegada de Oliver (Armie Hammer, ótimo), assistente acadêmico de seu pai. Mesmo envolvido com a jovem Marzia (Esther Garrell), Elio aos poucos vai se encantando com a figura de Oliver, um norte americano de porte atlético, pelo menos uma década mais velho, cuja postura intelectual e despojada desperta nele um desejo até então inédito em sua vida.
A amizade entre eles surge logo de cara, com ambos compartilhando o gosto por arte, música e a herança judaica. O envolvimento acontece de forma sutil, tranquila, numa espiral de pequenos gestos e emoções até então não experimentados por Elio, que se mostra tão inseguro quanto tentado a seguir a sua vontade.
A casa onde vivem é cheia de livros, quadros e fitas K-7 (estamos em 1983) num cenário multicultural, onde sua mãe (Amira Casar, encantadora) fala francês e alemão e a empregada Mafalda (Vanda Capriolo) só fala em italiano. O ambiente é vivo, respira e está sempre em constante interação com todos. Elio lê o tempo todo, toca piano e o violão, buscando afastar o ócio e entreter os convidados que sempre aparecem. A impressionante direção de arte e a fotografia solar nos transportam para uma Itália bela e antiga, com muito pomares, construções charmosas, lagos, tanques de água cristalina e calor abundante, frisando o estado constante de tensão que os personagens sentem naquele episódio de suas vidas.
Produzido, entre outros, pelo inglês James Ivory (que também escreveu o roteiro adaptado do livro do egípcio Andre Aciman) fica mais do que evidente de que o filme pertence mais a ele do que ao diretor siciliano Luca Guadagnino, já que é impossível não lembrar de outras obras dirigidas por Ivory como Uma Janela para o Amor, Maurice e Vestígios do Dia. Luca conduz o filme num meio termo entre o cinema blasée chá das cinco de Ivory e o soft erotic de Bernardo Bertolucci e longe da intensidade de, por exemplo, de Azul é a cor mais Quente do tunisiano Abdellatif Kechiche. Aqui tudo é extremamente delicado, dos toques ao olhares, os beijos e o envolvimento carnal entre os personagens. De brinde a bela trilha sonora (ora regional e ora oitentista) e a linda canção tema do norte americano Sufjan Stevens.
Por incrível que pareça, Me chame pelo seu Nome não é um filme LGBT. O que vemos aqui é uma estória sobre autodescoberta, aceitação, paixão e amor. Esses elementos retratados são inerentes a sexualidade dos personagens, fazendo com qualquer telespectador independente do gênero e orientação sexual se identifique, principalmente no emocionante diálogo entre Elio e seu pai (Michael Stuhlbarg, excelente) e também na triste e tocante cena final.
E quem nunca sofreu por amor, que atire o primeiro pêssego!🍑🍑🍑
Trailer:
FICHA TÉCNICA
Título: Me chame pelo seu nome
Título original: Call me by your name
Direção: Luca Guadagnino
Data de lançamento: 18 de janeiro de 2018

Italo Morelli

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