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Chocante [Resenha do Filme]

Conferimos a cabine e coletiva de imprensa de Chocante.
A moda do cinema nacional agora é retratar os anos 80 e 90. E que bom, afinal de contas, estamos falando de períodos bastante ricos no quesito cultura pop. Bingo – O Rei das Manhãs, filme de Daniel Rezende, revisita o Brasil de 1986 com intensidade e emoção, por exemplo. Agora, o filme Chocante, dos diretores Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, propõe também uma viagem no tempo, só que bem mais leve e descontraída.
Focado na trajetória de um conjunto musical (fictício mas com referências claras a Menudos e Dominó) que se separou de repente e tenta voltar depois de 20 anos, o longa traz ao espectador momentos engraçados e descontraídos que, além de arrancar boas risadas, permitem fazer uma reflexão sobre o cenário político e econômico atual do país.
Na história, a banda Chocante é o maior fenômeno musical do Brasil com a canção Choque de Amor. Depois de se separarem de forma brusca, os integrantes seguiram suas vidas bem longe do showbusiness. Para se ter ideia, um virou motorista de Uber (Bruno Garcia), outro passou a filmar casamentos (Bruno Mazzeo) e por aí vai. Tem até quem virou médico do Detran (Lúcio Mauro Filho) e locutor comercial de supermercado (Marcus Majella).
Depois de ficarem sem se ver por algum tempo, o reencontro acontece após a morte de um dos integrantes. Empolgada por encontrar os ídolos novamente, Quézia (Débora Lamm), presidente do fã-clube do grupo, dá a ideia deles voltarem a se apresentar. A partir daí, eles procuram Lessa (Tony Ramos), seu antigo empresário, para comandar esse grande retorno.
A principal virtude do longa é ser honesto com sua proposta de querer divertir e descontrair. Isso já é detectado logo no início, com o figurino escandaloso da banda e a coreografia típica das boy bands. Aliás, a retratação da época é bem feita, tanto que o cenário do programa do Gugu é bem fiel ao original. Há outros elementos característicos da década de 1990 que despertam momentos engraçados, mas não vou entrar em detalhes para não estragar a surpresa.
O elenco também merece destaque. Enquanto Mazzeo e companhia não se preocupam em pagar mico dançando (as cenas do ensaio do grupo são as melhores!), Tony Ramos é quem definitivamente rouba cena, mesmo aparecendo pouco. Com penteado e roupas extravagantes, ele entra no espírito cafona da história ao encarnar um manager canastrão, politicamente incorreto, que faz piadas até com a morte de um cliente.
Claro que, mesmo com seus trunfos, o filme apresenta deslizes, como alguns furos de roteiros e piadas forçadas. De qualquer forma, o mais importante é que Chocante não tem vergonha de expor os excessos da época. Nada mais justo, já que estamos falando de um momento de muitas transformações. Prepare o som e a diversão, porque Choque de Amor vai grudar na sua cabeça.
Trailer:
EXCLUSIVO
Após a sessão especial para a imprensa, a equipe do O Que Tem A Nossa Estante conversou exclusivamente com os atores Bruno Garcia e Pedro Neschling, que interpretam Tony e Rod, respectivamente, no filme Chocante. Durante o papo, eles falaram sobre a época em que se passa o longa e sobre os seus personagens.
Enquanto Garcia vive um dos ex-integrantes do conjunto protagonista, Nechling interpreta uma celebridade instantânea do momento, que é contratada para ser o quinto elemento da banda. Confira abaixo o que eles disseram:
Como foi trabalhar com as referências das décadas de 1980 e 1990?

Pedro Neschling – A gente passa por muita diversão nesse filme. Primeiro, você tem a diversão do relacionamento desses personagens, que são muito amigos e vivem uma inadequação no tempo atual, tanto que há o desejo deles em buscar o sucesso de novo. Ao mesmo tempo, voltamos para o passado, onde dá para brincar com várias coisas icônicas da época.
Fale um pouco sobre seus personagens, que apresentam diferenças interessantes durante o filme.

Bruno Garcia – Eles (integrantes do Chocante) ficaram presos naquele passado, tanto que o Tony encana com o Rod de uma maneira contraproducente. Isso não deveria acontecer. Meu personagem deveria falar para o Rod assim: “Então, como faz esse negócio do celular? Me ensina a fazer uma selfie para colocar nas redes sociais!“. Infelizmente, ele nem pensa e nem tem essa visão. Inconscientemente, ele quer voltar com aquele Chocante de antigamente. O que fica claro é que todos aqueles garotos permaneceram garotos, mesmo agora sendo quarentões. O sucesso meteórico e o fim do grupo, que aconteceu de forma brusca, fizeram com que eles ficassem presos no passado e, por isso, o Tony acha que um sujeito como o Rod é inadequado para fazer parte da banda, quando, na realidade, a banda é que é inadequada para fazer parte do universo atual.
Dirigido por Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, o longa estreia nos cinemas em 5 de outubro. Além de Garcia e Nechling, o elenco conta com Bruno Mazzeo, Lúcio Mauro Filho, Marcus Majella, Débora Lamm, Klara Castanho e Tony Ramos.
Confira abaixo também nossa entrevista com os diretores do filme e as atrizes Débora Lamm e Klara Castanho.

FICHA TÉCNICA
Título: Chocante
Diretores: Johnny Araújo e Gustavo Bonafé
Data de lançamento no Brasil: 05 de outubro de 2017

Pedro Tritto

Na Nossa Estante

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