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Em Ritmo de Fuga [Resenha do Filme]

Expectativas altas sobre Em Ritmo de Fuga, que devemos dizer que a tradução apesar de cafona, faz sentido. Melhor filme do ano? Parece que estamos com poucos filmes bons nos cinemas, quer dizer, poucos filmes de Hollywood com uma qualidade acima da média, mas Baby Driver (título original) tem seus erros e se perde, apesar do incrível trabalho de Edgar Wright em querer trazer uma história clichê de forma diferenciada.
A narrativa do filme conta a história do motorista de fuga de grandes assaltos chamado Baby, que se vê ansioso para sair dessa vida (conteúdo mostrado em todas as formas de divulgação). O início do filme é algo de se bater palmas, já que temos uma bela sequência de fuga ao som de Bellbottoms do The Jon Spencer Blues Explosion que não viu motivos para poupar o espectador de pura adrenalina enquanto pneus cantavam sem parar. Não foi mais uma cena de carro em alta velocidade em uma cidade grande, no caso Atlanta, mas foi uma cena mais do que acima da média, explorou grandes avenidas e ruas apertadas com ângulos de câmera de tirar o fôlego. Depois de praticamente já estar cansado pela grande abertura do filme, temos uma cena sequência do protagonista dançando pelas ruas da cidade de forma natural e bastante divertida e quando se encerra finalmente o título do filme aparece.
Edgar Wright soube contar a história de Baby sem ter que abusar de diálogos ou flashbacks desnecessários, soube construir o personagem sem praticamente ele trocar diálogos, mas se expressando extremamente bem. Palmas para Ansel Elgort que trouxe a vida um personagem apenas pela sua expressão corporal e atitudes. O foco do filme era de fato a história do protagonista e sua luta para sair do ramo de motorista de fuga, nesse meio tempo, desenvolve o seu romance com Deborah (Lily James), mas como tudo não é flores, o filme se perde quando passamos de sua metade.
Nada de história ou diálogos interessantes, mas apenas brigas entre personagens e cenas de ação uma atrás da outra, não dando tempo nem para digerir os acontecimentos direito. O que salva algumas cenas, é o esforço deles combinarem o ritmo da música com os atos dos personagens e barulhos que eles faziam, como tiros, – ritmo que também acontece em pequenas cenas cotidianas – mas no restante, é apenas sons de muitos tiros e pneus, até mesmo a música sendo um a mais que pode irritar; essa perseguição e correria descontrolada que ocorre depois da metade do filme acaba deixando toda magia de Baby Driver sendo esquecida, apesar da ótima qualidade da primeira parte.

A adrenalina combinada com um bom ritmo acaba se tornando maçante e enjoativa, mas devemos combinar que as músicas selecionadas para cada cena do filme foram de fato bem usadas – a maioria – não foram apenas jogadas se tornando um excessivo desnecessário, apenas o triste fato que falei acima: muita coisa acontecendo e sendo ouvida ao mesmo tempo em certas cenas. Pneus cantaram até demais algumas vezes, deixando de lado o uso da adrenalina combinada com tensão, mas com ótimas jogadas de câmera.
Ansel Elgort dá um show de atuação, demonstrando e construindo o personagem a cada cena que era passada, suas reações e formas de agir determinaram sua personalidade: um garoto inteligente e bom que se meteu com os caras errados. Lily James interpretou a garçonete doce e muito agradável e bastante sonhadora também com seu jeito manso de falar e seus sorrisos encantadores. Kevin Spacey é Doc, o chefe dos esquemas que Baby participa, mas seu personagem é um Frank Underwood (de House of Cards) em outro mundo, que maneja muito bem uma arma e que foi infelizmente mal explorado. Jamie Fox é Bats, um bandido que é o personagem problema padrão, seu jeito cínico e sangue frio de agir são tão clichê que é o personagem que seria um spoiler no roteiro do filme. Jon Hamm e Eiza González é um casal de bandidos e bastante caricatos em suas personalidades, Buddy e Darling o ajudam na construção do personagem, todos ajudam.
Com música soando que parecia mais de duas horas, Em ritmo de Fuga é um bom filme, com uma bela direção e com uma ótimas atuações, com um senso de humor irônico, porém fiquei com a impressão da história ter sido cortada na metade do filme para ser retomada só no final. O longa acaba deixando você carente pelo resto do roteiro e cansado de quase 40min de cenas de ação e se encerra com um alívio bem feito.

Trailer:
FICHA TÉCNICA
Título: Em ritmo de fuga
Título Original: Baby Driver
Diretor: Edgar Wright
Data do Lançamento no Brasil: 27 de julho de 2017
Sony Pictures
7.5/10

Carol Espilotro

Na Nossa Estante

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