A Zona Morta [Resenha Literária]

Publicado pela primeira vez em 1979, A Zona Morta justifica Stephen King ser o rei do suspense e tão aclamado pelos fãs. E quem ainda não leu, a Suma de Letras trouxe a história de Johnny Smith em nova edição!

O livro se passa na década de 1970 e logo a princípio vemos um acidente de infância com Johnny que levou uma forte pancada na cabeça, fato que nunca teve muita importância em sua vida e aos poucos foi esquecido.

O protagonista se torna professor, levava uma vida normal e tranquila, estava no inicio de um relacionamento com Sarah, também professora, até que um passeio no parque muda drasticamente o destino de ambos. Johnny é atraído para a Roda da Fortuna e por ter uma forte “intuição” passa a ganhar jogo após jogo, chamando a atenção dos visitantes para o casal. Porém, Sarah não se sente bem com a situação, que lhe dá fortes náuseas, levando ao fim das apostas de seu namorado.

O protagonista deixa a namorada em casa e decide pegar um táxi, mas no caminho sofre um acidente, levando-o ao coma por quatro anos e meio, período no qual Sarah perdeu a esperança e se casou. Já o pai de Johnny, Herb Smith, pede pelo descanso do filho, enquanto sua mãe, Vera Smith, aos poucos se torna uma fanática religiosa, acreditando que Deus teria um plano grandioso para seu filho.

Ao acordar a “intuição” de Johnny parece ter se desenvolvido e ao tocar nas pessoas ou em objetos, pode ver o passado e até mesmo o futuro delas, causando medo e alvoroço entre as pessoas, sendo procurado pela mídia e tratado como alguma aberração de Deus.

Paralelamente, Greg Stillson também é apresentado, um homem extremamente violento e sem escrúpulos, em ascensão política, que tem ganhado cada vez mais espaço. Quando Johnny toca sua mão tem a visão de que em algum ponto do futuro Greg chegará à presidência, e com isso uma nova guerra irá levar o mundo ao seu fim.

 

Como sempre, os personagens de King são muito bem criados, de modo que levam o leitor a desenvolver uma empatia espontânea pelos personagens, e apesar de suas quase quinhentas páginas, a narrativa não é cansativa e mantém o ritmo de suspense até o final. Mesmo com o envolvimento de Johnny e Greg sendo o foco da história, o leitor é inserido em suas vidas, em suas ações e seus relacionamentos com as pessoas que passaram por suas vidas, dando humanidade aos personagens, mesmo aqueles que não são essenciais no enredo.

Os pequenos detalhes da trama é que tornam a obra tão incrível, cada ciclo que o personagem passa após acordar do coma é perfeitamente fechado, como ter de superar que a mulher apaixonada por ele está casada e com um filho, a mãe ter se tornado uma fanática religiosa, que há cada duas semanas acha que o juízo final chegou, além da mídia que tenta tirar o melhor e pior da situação.

O leitor acompanha aos poucos o peso tomar conta de Johnny, o personagem passa a refletir suas opções para mudar o futuro, se é que é possível. Ele seria capaz de matar uma pessoa? Essa seria a escolha correta? Ou pior ainda, será que cabe a ele resolver tal problema? E com isso tanto o personagem, quanto leitores passam a discutir internamente a situação. King sabe como levar seu público a refletir, ao final da narrativa cabe ao leitor dizer se Johnny merece uma vida com tanto sofrimento, se realmente é parte do plano de Deus e como as pessoas são capazes de eleger completos idiotas para representá-las politicamente, assunto ainda presente no mundo, não é mesmo?

É válido ressaltar que como todas as obras do autor, não é um livro para o grande público, a narrativa é minimalista, cheia de pequenos detalhes que se encaixam ao final, além do contexto político americano e obviamente a quantidade de páginas. Porém, um bom leitor é capaz de devorar e ainda pedir por mais.

FICHA TÉCNICA
Título: A zona morta
Autor: Stephen King
Onde Comprar: Amazon
Rafaela Alves
Na Nossa Estante

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