Top Roald Dahl no mês da literatura infantil

As ilustrações de Quentin Blake são perfeitas para a obra de Dahl

As histórias do escritor britânico Roald Dahl (1916 – 1990) fizeram parte da infância de muitos de nós mesmo sem termos tocado em seus livros. Como? Lembram da Matilda e do Willy Wonka? E que tal Convenção das bruxas? Todos os filmes são adaptações da obra de Dahl! Ah, e o BGA de Steven Spielberg lançado no ano passado também é dele! Desde que descobri os livros, sou fã de Dahl – mesmo antes de ler. Depois que li fiquei convencida que ele merece um gigantesco santuário no mundo da literatura infantil. Por quê? Porque, como eu costumo dizer, Dahl ‘não tira as crianças pra burras’, ou seja, seus personagens não vivem em famílias perfeitas e suas aventuras não acontecem em mundos fantásticos.
Não, os cenários de Dahl são bem reais: crianças órfãs, pais horríveis, escolas assustadoras, pessoas más, crianças mal educadas e irritantes, pobreza… Mas nem por isso suas histórias são dramáticas, pelo contrário. Com as crianças de seus livros, Dahl mostra às suas crianças-leitoras que com personalidade, imaginação e autoconfiança as coisas podem ser melhor – apesar dos pesares. Como não amar um autor que consegue dizer tanto em suas entrelinhas? Justamente por isso achei necessário fazer um post só sobre ele nesse mês de abril, quando festejamos a literatura feita para pequenos leitores (se bem que, cá entre nós, bons livros infantis agradam também às crianças-adultas – como eu, que tenho por sonho da infância-depois-dos-18 ter a coleção completa de Dahl).
Os quatro livro abaixo são livros que li e acho irresistíveis, mas confesso que tem muito da obra dele que ainda me falta ler. Organizei por ordem cronológica de publicação, assim tiro de mim a responsabilidade de ordenar por qualidade ou preferência. E, ao contrário do que costumo fazer nas minhas listas, não farei comentários individuais, acho que já disse tudo que queria aí em cima.


A fantástica fábrica de chocolate (1964 – Skoob)

Ninguém sabia o que acontecia dentro daquela fábrica de chocolate. Havia gente trabalhando nela, claro, mas ninguém entrava e ninguém saía. Só saíam os doces e os chocolates, bem embrulhadinhos, prontos para serem vendidos. Um dia, os portões da fábrica se abriram para os cinco felizardos ganhadores do Cupom Dourado – e o mistério se desvendou. O leitor é convidado a conhecer o rio de chocolate, a grama de açúcar mentolado, os caramelos de cabelo e mil outras delícias – tudo isso na companhia do incrível Sr. Wonka, o dono da Fantástica Fábrica de Chocolate. (Seguido por “Charlie e o grande elevador de vidro”)

Danny, o campeão do mundo (1975 – Skoob)

Neste livro, Danny avalia o mundo de seu pai, que cuidou dele desde que sua mãe morreu, quando ele tinha apenas quatro meses. À medida que vai crescendo, Danny descobre que o segredo de seu pai implica aventuras e complicações para ambos!

Ok, vou ser obrigada a me pronunciar sobre esse: É liiiiiindo! Quantos livros por aí mostram um pai solteiro que, além de trabalhar duro para sustentar o filho, arruma tempo pra fazer estripulias com ele e ainda dar uma lição nos vilões da vizinhança? Muito, muito amor por esse livro!

As bruxas (1983 – Skoob)

Bruxa de verdade nem parece bruxa. E aí está o perigo. Como é que a gente vai saber quem é bruxa e quem não é? Pois este livro conta a história de um menino que, de tanto se meter em encrenca com bruxas, acabou especialista no assunto.

Um livro que começa com uma tragédia enorme: a morte dos pais. Dahl é simplesmente fantástico aqui, especialmente porque é importante aprender que, na maioria das vezes, esse papo de “vai voltar tudo ao normal, tudo vai ficar bem” é conversa fiada.

Matilda (1988 – Skoob)

Matilda adorava ler. Passava horas na biblioteca, lendo um livro atrás do outro. Mas, quanto mais ela lia e aprendia, mais aumentavam seus problemas. Os pais viam televisão o tempo todo e achavam muito estranho uma menina gostar tanto de ler. A diretora da escola achava Matilda uma fingida, pois ela não acreditava que uma criança tão nova pudesse saber tantas coisas. A história de Matilda até que poderia ser triste. Mas Roald Dahl conta as coisas de um jeito tão absurdo e exagerado, inventa tantas travessuras e aventuras malucas, que tudo acaba ficando engraçado.
Ler Dahl me faz querer voltar correndo para as salas dos anos iniciais do fundamental e trabalhar com as crianças cada linha de seus livros. Ou seja, se Roald Dahl não conseguir atrair uma criança para o mundo dos livros, ninguém mais o fará. Então faça uma boa ação ao mundo futuro e compre o Dahl (com ilustrações do Quentin Blake, se possível) mais próximo e dê de presente para a criança mais próxima – depois voltem para me contar qual foi o resultado!
Ana Seerig
Na Nossa Estante

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