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Sete Minutos Depois da Meia-Noite [Resenha do Filme]

Conferimos a Cabine de Imprensa de Sete Minutos Depois da Meia-Noite

Cada um sabe bem como lidar com a dor. Pode ser uma dor física, dessas que normalmente nos levam a um consultório médico, onde buscamos o alívio através de drogas receitadas e facilmente encontradas na farmácia mais próxima. Pode ser uma dor psicológica, dessas que esvaziam o peito e nos fazem perder o sono, ou a vontade de comer, ou toda e qualquer força necessária para seguirmos adiante. Ou tudo isso junto. 


Sete Minutos Depois da Meia-Noite conta a história do menino Conor (brilhantemente interpretado por Lewis MacDougall) lidando com a amarga realidade que sua mãe carrega: a luta contra uma doença terminal. O espanhol J. A. Bayona chega a seu terceiro longa mostrando que consegue trazer delicadeza às histórias que conta, mesmo que elas lidem com assuntos assustadores (vide O Orfanato, de 2007) ou catástrofes avassaladoras (O Impossível, de 2012). Dessa vez ele teve que lidar com a raiva e o medo maior de um menino de 13 anos que não consegue aceitar o fato de que sua mãe está morrendo. Para isso, recorre à uma árvore-monstro (interpretado por um emocionante Liam Neeson) que irá lhe contar histórias e o fará aceitar a verdade, ainda que ela seja dura e dolorosa.

Seus encontros com o monstro lhe ajudarão também a superar os bullyings na escola e o levarão a confrontar diretamente sua relação com o pai distante (interpretado pelo talentoso Toby Kebbell) e a avó megera (uma ótima Sigourney Weaver). Mas acima de tudo, a encarar a dolorosa verdade de que sua mãe (uma convincente Felicity Jones) está padecendo.
A história tão bem contada por Bayona é inspirada no livro de mesmo nome do autor Patrick Ness, publicado pela Editora Novo Conceito. Porém, a inspiração maior foi mesmo a da escritora britânica Siobhan Dowd, que morreu precocemente aos 47 anos de idade ao perder a batalha contra um câncer de mama. Antes de partir, Dowd deixou a ideia de A Monster Calls (ou Sete Minutos Depois da Meia-Noite) desenvolvida, com personagens e começo prontos. O que Patrick precisou fazer foi seguir os passos da contadora de histórias e completá-la.

O compromisso demonstrado pelo autor na nota dos autores que abre o livro é bastante emocionante, e nos deixa confortáveis em relação à forma como toma para si o derradeiro universo de Dowd. Outro ponto de destaque da direção de Bayona é a forma como ele mostra as histórias da velha árvore-monstro. Tão, mas tão bonito, que só mesmo vendo para entender o que digo. E dessas histórias, nosso protagonista Conor irá decifrar a tal da dor que o consome, e que ele externa como raiva e rancor.

Filmes assim servem como pequenas lições de vida: por mais difíceis e impiedosas que dores possam parecer, encare-as como aprendizado. E, citando uma das mais lindas definições de histórias que o livro/filme traz, não se esqueça que histórias são criaturas selvagens.



Trailer:

FICHA TÉCNICA
Título: Sete Minutos Depois da Meia-Noite
Título Original: A Monster Calls
Diretor: Juan Antonio Bayona
Data do Lanamento no Brasil: 5 de janeiro de 2017

4.0/5.0

Cristiano Santos

Na Nossa Estante

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