Top 5: Roberto Carlos

Roberto Carlos Braga é conhecido por todo e qualquer ser do país. Tem quem o chame de Rei e, apesar de eu achar esse título um tanto gasto e usado com muitos exageros, ele é o único músico brasileiro que pode, de maneira justa, ser chamado assim. As críticas a ele podem ser muitas: limitação musical (mas qual Rei assumiu esse posto por ser a pessoa mais apta a governar?); as estranhas manias (o rei bávaro Ludwig II também tinha manias altamente desnecessárias e inúteis para o seu povo, mas mesmo assim construiu o Neuschwanstein, castelo mais conhecido do mundo, graças a Walt Disney e sua Cinderela); seu amor inesgotável e repetitivo nas canções (mas antes amor inesgotável do que gastos exagerados com o dinheiro do povo pra alimentar o próprio ego, né?); e sabe-se lá o que mais. Porém o fator que o fez receber o título de Rei há décadas atrás se mantém intacto até hoje: a variedade do seu público. Ricos, pobres, negros, brancos, empregadas domésticas, empresários consagrados, crianças, adultos, jovens, velhos, descendentes de todas as multiculturas que formaram o Brasil: todo mundo conhece e gosta de Roberto Carlos (nem que seja apenas de uma música). Você pode odiar o Roberto Carlos o quanto quiser (eu mesma, reconhecida por muitos como fã dele, tenho vontade de dar uns bons tabefes nele sobre certos assuntos), mas não pode negar sua obra – e nem que gosta ao menos de uma das músicas dele.
É por isso que a Globo mantém o especial de fim de ano: porque sempre vai ter público para assistir. (Eu superei esse hábito há pouco tempo, depois de, por anos seguidos, não conseguir chegar ao final – justamente por querer dar uns tabefes naquela cara esticada.) Então resmungue o quanto quiser, mas saiba que é inútil. Fim de ano tem Roberto Carlos – e quando não tiver vocês todos vão chorar, então aproveitem. Enfim, as chefes supremas desse site me pediram pra fazer um top Roberto Carlos em homenagem a este momento tão único do ano e, sim, é quase inadmissível que esta proposta não tenha surgido antes, mas antes tarde do que nunca, certo? Então mãos à obra!
(Pra não confundirem com preferência, tentarei fazer uma ordem cronológica.)

Quero que vá tudo pro inferno (Álbum: Jovem Guarda [1965] – Composição: Roberto e Erasmo Carlos)
Nos soa bobagem hoje, mas a música revolucionou e marcou a geração da década de 60 e foi o primeiro grande passo rumo ao reinado. Paulo Cesar de Araújo em “Roberto Carlos em detalhes” traz a história dessa canção extremamente detalhada, mas pra não me estender demais só digo que: a) não era comum mandar tudo pro inferno tão abertamente assim (inclusive há boatos de que Eu te darei o céu foi gravada especialmente pra fazer as pazes com a Igreja Católica); b) com essa canção o cantor arrastou toda a elite paulista e carioca para o seu grupo de fãs e passou, então, a agradar todo mundo. Então. obviamente, essa música não poderia ficar de fora – especialmente porque costuma ficar longe dos especiais da Globo, já que o RC não acha mais legal mandar tudo pro inferno.

Quando (Álbum: Em Ritmo de Aventura [1967] – Composição: Roberto Carlos)

Essa definitivamente não é a música mais lembrada do álbum (Eu sou terrível e Como é grande o meu amor por você ocupam essa posição), mas é um dos meus maiores apegos. Pode parecer inacreditável, porém é uma das músicas que mais melhoram o meu humor – mesmo sendo uma dor de cotovelo infinita. Além do mais, o vídeo retirado do filme é um clássico (tanto é quem no Recife encontrei uma obra em cima desse vídeo em uma exposição de arte – identifiquei a metros de distância.) Então como não colocar nessa lista? E já lanço o desafio: cante a plenos pulmões essa canção e me diga se não tornou teu dia melhor. É um milagre que quase torna o RC apto pra ser chamado de santo. 

Sim, esses closes nas bocas são altamente dispensáveis e eternamente impossíveis de serem levados a sério.




Não vou ficar (Álbum: Roberto Carlos [1969] – Composição: Tim Maia)

Essa é uma música pós-Jovem Guarda que claramente mostra que o RC estava tentando dar um passo além do iê-iê-iê (é uma pena que ele tenha deixado esses experimentos no meio do caminho). Além de, claro, ajudar um amigo de adolescência: o então desconhecido Tim Maia que tentava abrir espaço pro soul no meio do rock. Obviamente que, depois de fazer uma canção para o RC a pedido do próprio, esse espaço foi mais facilmente encontrado. A cinebiografia do Tim mostra um Roberto Carlos esnobe, amassando dinheiro e jogando pro Tim – e, aliás, essa é a versão que o eterno Síndico deu para Paulo César de Araújo, mas como ele era reconhecidamente mentiroso e exagerado, concordo com o Nelson Motta que diz que, se Roberto tivesse sido mesmo esnobe assim, o Tim teria pulado no pescoço dele imediatamente. Enfim, essa música está justamente na lista para apagar um pouco dessa cena ridícula entre Tim e Roberto. (E, sim, a Globo não ajudou em nada cortando o filme e colocando um depoimento do RC – só aumentou a polêmica desnecessária.) Até porque, se até o Tim, que tinha uma personalidade unicamente forte, se manteve amigo do Roberto, é imbecilidade vocês ficarem desmerecendo o cara usando o Tim como desculpa.




Olhem os dois juntos no especial de 85!

Como dois e dois (Álbum: Roberto Carlos [1971] – Composição: Caetano Veloso)

Entre as muitas críticas a Roberto Carlos, a falta de posicionamento político está entre as mais lembradas. Não, ele nunca fez discursos, jamais falou contra a ditadura e tudo mais, mas isso tem a ver com a personalidade dele e acredito que faz parte do direito dele não levantar bandeiras políticas – aliás, acharia muito pior se ele fizesse discursos prontos só para dizer que tinha se pronunciado. Se não entende nada e nem quer entender, fica quieto que é melhor, não é verdade? Além do mais, se ele fosse tão alienado assim, certamente não pediria para o Caetano fazer uma música pra ele e nem gravaria Como dois e dois, porque o protesto político aí só os inteligentíssimos censores da ditadura não sacaram. Sem falar que, com certeza, se o RC fosse um completo alienado, não acharia necessário visitar os exilados Caetano e Gil durante sua passagem por Londres. Por tudo isso, essa música está nessa lista e não poderia deixar de estar. (Mais sobre a música aqui.)


O portão (Álbum: Roberto Carlos [1974] – Composição: Roberto e Erasmo Carlos)

Essa música é outra dos meus apegos, talvez a primeira a me chamar atenção para Roberto Carlos. O primeiro CD de RC com o qual tive contato foi o de 1992, que trazia essa música, e foi ele que ouvi incansavelmente, até que meu pai me usasse como desculpa pra comprar outras. Gosto da forma como toda a história é desenhada na canção, com detalhes soltos, mas sem comprometer o entendimento de toda a cena, pelo contrário. Há uns anos os Titãs fizeram uma versão dessa música, mas apesar de eu ter gostado, o arranjo da original ainda me parece ser o mais ideal para toda a história narrada.


Opa, já foram cinco, hora de parar. Ano que vem voltamos com mais. 
Enquanto isso, qual é o seu Top 5 RC?
Ana Seerig

16 thoughts on “Top 5: Roberto Carlos

  • 20 de dezembro de 2016 em 12:19
    Permalink

    Oi, Ana. Devo te apresentar minha tia. Eu quando era criança cantava RC, mas quando a gente vai crescendo a gente vai mudando e eu parei de gostar do cara. Entretanto, minha tia é viciada. Tipo, viciada mesmo. Ela já foi a vários shows, tem todos os cds, lps e defende ele que nem uma louca. Eu até gosto do cara, mas acho ele ultrapassado as vezes. As músicas são lindas, mas eu prefiro as interpretações dela em outras vozes, infelizmente. Mas fico feliz que você curta, até porque RC é importante para o nosso país e a nossa cultura, afinal, ele que "trouxe a guitarra para o Brasil", palavras de minha tia.
    Beijo! Leitora Encantada
    Participe do Sorteio de Natal

    Resposta
  • 20 de dezembro de 2016 em 13:36
    Permalink

    Eu não gosto muito do Roberto Carlos, mas acho as letras das músicas dele lindas e gosto quando outros cantores as cantam.
    Beijos
    Bluebell Bee

    Resposta
  • 20 de dezembro de 2016 em 14:02
    Permalink

    Eu gosto muito do especial de fim de ano com ele na Globo e gosto bastante de algumas músicas. =)

    Blog.
    Facebook.

    Resposta
  • 20 de dezembro de 2016 em 14:27
    Permalink

    Hey, Ana!
    Menina, confesso que não sou fã do RC, mas admito que suas músicas são sim regadas de amor. E realmente ele é um cara que move multidões. Todos são um só quando cantam suas músicas!
    Adorei o post e todas as referências!

    Beijos!
    Fabi Carvalhais
    pausaparapitacos.blogspot.com.br

    Resposta
  • 20 de dezembro de 2016 em 16:56
    Permalink

    Minha mãe é louca por ele, e como minha se chama Laura, a musica Lady Laura é a que mas cantamos lá em casa!
    Beijos 😘
    🎄 Feliz Natal🎄

    Blog Minhas Inspirações

    Resposta
  • 20 de dezembro de 2016 em 18:05
    Permalink

    Olá, Ana.
    O povo fala mal mas tem muitos jovens cantores que não conseguem nem chegar aos pés dele. Não sou exatamente fã, mas reconheço o valor dele. Queria eu chegar na idade dele com aquele folego todo. As minhas preferidas dele não é nenhuma dessas que você escolheu, prefiro as mais românticas. Não sou de assistir ao especial, mas vendo a divulgação desse ano, estou querendo assistir.

    Blog Prefácio

    Resposta
  • 20 de dezembro de 2016 em 20:08
    Permalink

    Oi Ana, tudo bem?

    Realmente o Roberto é uma das poucas unanimidades no nosso país. Cresci ouvindo-o e por isso aprendi a gostar muito de algumas músicas suas. Por incrível que pareça, nunca assisti a um especial dele na Globo, mas Minh a família adora. Adorei as músicas do seu Top5, algumas não conhecia.

    Beijos,

    Gnoma Leitora

    Resposta
  • 20 de dezembro de 2016 em 20:36
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    Eu definitivamente não curto o estilo de música que ele faz e também não gosto do cantor. Mas lendo seu post consegui conhecer um pouco mais do trabalho dele, e entender por quê minhas tias são tão loucas com esse cara hahaha
    Ótimo post!

    http://www.estupefaca.com

    Resposta
  • 20 de dezembro de 2016 em 21:44
    Permalink

    Oi
    legal o poste, eu não acompanho a carreira dele, mas até que tem algumas músicas legais

    momentocrivelli.blogspot.com

    Resposta
  • 21 de dezembro de 2016 em 03:01
    Permalink

    Oi, flor.
    Não tem como ouvir RC e não lembrar de fim de ano rs
    Mas eu particularmente não gosto dele :/
    Confesso que algumas músicas são boas, mas…
    Muito bacana a ideia do post.

    Beijinhos:*
    Sankas Books

    Resposta
  • 21 de dezembro de 2016 em 04:49
    Permalink

    eu conheço algumas músicas do Roberto Carlos, mas não sou de ouvi-las.
    e não gosto de assistir o especial de fim de ano. adorei a sua opinião sobre ele
    rsrsr beijos

    Taynara MEllo | Indicar Livros
    http://www.indicarlivros.com

    Resposta

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