Um Estado de Liberdade [Resenha do Filme]

Conferimos a Cabine de Imprensa de Um Estado de Liberdade

Gary Ross é desses diretores que gostam de mostrar como o diferente e o não convencional também tem sua importância. Procura colocar a liberdade como foco principal de seus filmes, mesmo que essa liberdade custe caro e demande muita luta. Em 2012, transpôs para as telonas o famigerado The Hunger Games (Jogos Vorazes), e foi, o tanto quando pôde, fiel ao livro (ainda que a leitura do primeiro capítulo dessa saga nos dê muitos e muitos mais detalhes, como costuma ser nesses casos). Em 2003, contou a história de Seabiscuit – Alma de Herói, e de como um cavalo carregou as esperanças de uma nação inteira. Mas seu maior trunfo como diretor está mesmo em sua estreia, Pleasantville – A Vida em Preto e Branco, de 1998: a maneira como Ross engendrou a história de um local cujas cores são inexistentes e de como o preto e o branco ganham novas e quentes nuances foi realmente um trabalho de mestre.

Assim como em Seabiscuit, aqui a história é baseada em fatos reais. Bem sabemos que a realidade pode ser cruel e dolorida. E aqui não é diferente. Além da realidade, esse é daqueles filmes que mais parecem uma intensa e muito bem produzida aula de história, com personagens icônicas. Um Estado de Liberdade tem suma importância no momento atual americano, onde temos um presidente eleito com mais ideias retrógradas do que progressivas, e faz parte de um combo que costuma mostrar que o combate ao preconceito, injustiça e da luta por melhores e mais adequadas condições de vida sempre foram e serão presentes. Talvez a grande questão cinematográfica nisso tudo seja como equilibrar o lado educativo de produções como essa com o lado entretenimento da sétima arte. Se Ross consegue realizar essa façanha aqui, ainda tenho minhas dúvidas.

Logo no começo do filme teremos um flash forward mostrando o julgamento de um dos seus descendentes, e vamos entender o porquê um pouco mais à frente. O estado em questão é o Mississipi, altamente conservador, moralista e preconceituoso – desde sempre (no começo desse ano foi aprovada uma lei que permite recusar atendimento a homossexuais), vide Mississipi em Chamas. Somos levados para a Guerra Civil e apresentados a Newton Knight (um brilhante e barbudo Matthew McConaughey), que em breve sofrerá um impacto um tanto complicado a ponto de fazê-lo desistir da guerra civil. Desertores serão punidos, e para sobreviver, Newton precisa fugir. Encontra abrigo nos pântanos do Mississipi e descobre não estar sozinho: quatro escravos rebeldes estão ali também, entre eles Moses (Mahershala Ali), que fugiu carregando uma espécie de coleira de ferro.

Nos pântanos, Newton também reencontra Rachel (Gugu Mbatha-Raw), uma escrava que procura ajudar os rebeldes e que possui interesses que desafiam as leis da época. O desenrolar da história será permeado por momentos alegres e outros muito tristes, como o nascimento e/ou propagação da Ku Klux Klan.

Se algo é pontuado aqui, que seja a negação e a não aceitação a discursos de ódio. A história da humanidade está sempre voltando e nos dando muitos e muitos tapas na cara, tentando nos acordar e mostrar que discursos de ódio precisam de combate incansável, veemente e ininterrupto.

Trailer:
FICHA TÉCNICA
Título: Um Estado de Liberdade
Título Original: The Free State Of Jones
Diretor: Gary Ross
Data do lançamento no Brasil: 17 de novembro de 2016

3.0/5.0

Cristiano Santos

7 thoughts on “Um Estado de Liberdade [Resenha do Filme]

    • 20 de novembro de 2016 em 17:18
      Permalink

      Vale a pena, Leticia. E tomara que goste 😉

      Resposta
  • 17 de novembro de 2016 em 01:19
    Permalink

    Gostei da dica Cristiano. Aprecio bastante esse tipo de filme inteligente, que nos faz pensar e até mesmo fazer uma analogia sobre os dias atuais. Excelente crítica! Abraço!

    http://www.newsnessa.com

    Resposta
    • 20 de novembro de 2016 em 17:19
      Permalink

      Obrigado, Vanessa!
      Vale a pena ir ao cinema pra ver o trabalho de Gary Ross.
      Abraço

      Resposta
  • 17 de novembro de 2016 em 09:03
    Permalink

    Oi Cristiano, tudo bem?
    Nunca vou esquecer do filme tempo de matar com o ator. Não sabia dessa nova produção e acredito que ela seja de grande importância, como disse os discursos de ódio precisam ser combatidos de forma incansável. Pois infelizmente, ainda hoje, existem pessoas que ainda agem dessa forma no mundo inteiro. Vou procurar o filme para ver. Gostei muito da sua crítica.
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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    • 20 de novembro de 2016 em 17:20
      Permalink

      Olá Cila!
      Puxa, que maravilha ver um comentário com alguém compartilhando da minha opinião sobre discursos de ódio! Bom demais!
      Obrigado!
      bjo gde pra ti

      Resposta
  • 11 de outubro de 2018 em 20:48
    Permalink

    Desde que vi o elenco imaginei que seria uma grande produção, já que tem a participação de atores muito reconhecidos de Hollywood, ainda não tive oportunidade de ver o filme, mas muita gente já me recomendou. Pessoalmente eu irei ver por causo do actor Matthew McConaughey (do óptimo OURO E COBIÇA), acho ele muito comprometido. Esta historia é muito interessante! McConaughey, adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto. Suas expressões faciais, movimentos, a maneira como chora, ri, ama, tudo parece puramente genuíno.

    Resposta

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