Categories: Uncategorized

Labirinto [Resenha Literária]

Assisti ao filme Labirinto – A magia do tempo (1986) há muitos anos, quando ainda tinha todos os cabelos pretos na cabeça e muitos, aliás! De imediato o longa me deixou encantada, não só por toda a magia que envolve a história, mas por me identificar com Sarah, afinal, eu também tinha um irmão e sempre rolava ciúmes. Assim, com o lançamento do livro pela Darkside eu não poderia deixar de ler a versão romanceada de um filme tão querido.
Sarah tem quinze anos, mora com o pai, a madrasta e o irmão que é um bebê. A jovem foi praticamente abandonada pela mãe que seguiu carreira de atriz, mesma profissão que Sarah um dia quer ter, tanto que treina frequentemente as falas de um livro chamado O Labirinto. Um dia, o Rei do duendes, Jareth, personagem de David Bowie no filme, aparece numa noite de forte tempestade ao escutar Sarah desejando que os duendes levassem seu irmão chorão. E aqui vale destacar toda a descrição dessa cena que é intercalada pelos seres mágicos que presenciam o desejo de Sarah, numa narrativa tensa e ao mesmo tempo engraçada.

Sarah tem sérios problemas com a madrasta e é visível o quanto a adolescente é birrenta, não sendo uma protagonista repleta de heroísmo, embora essas características apreçam no decorrer da história. A personagem começa o livro como uma jovem comum que passa pelos problemas de todos adolescentes, sente ciúmes do irmão, ao mesmo tempo que o ama profundamente. Claro, a protagonista quer atenção dos pais e não sabe o que fazer para conseguir, quer proteger Toby, mas também não que ser sua babá. Diante de tantos conflitos, Sarah precisa resgatar o irmão e enfrentar um gigantesco labirinto, o qual pode ser visto como uma metáfora da adolescência.
À medida que Sarah vai entrando no labirinto, a jovem vai conhecendo seres diferentes, como Hoggle e Ludo, vivendo momentos de aventura, de perigo, numa narrativa que mescla a ação, a magia, o suspense e também o humor. Tudo de uma maneira muito bem balanceada. Conforme Sarah avança pelos desafios do labirinto, a protagonista começa a se conhecer melhor, faz novos amigos, enfrentando seus medos de maneira bem corajosa.
O amadurecimento de Sarah é pautado por toda sua trajetória de busca, de redenção, de arrependimentos, tanto que é difícil não torcer por ela, que é bastante orgulhosa e teimosa. E assim como foi no filme, ficou também difícil odiar o Rei dos Duendes, que de certa forma tem seu carisma. Nada como ter um crush vilão para apimentar ainda mais a narrativa!
O dramaturgo britânico A.C.H. Smith conseguiu levar ao livro o espírito da magia que é evidente no roteiro de Jim Henson. E como todos já sabem a Darkside não brinca quando o assunto é edição! O livro tem capa dura, desenhos em cada capítulo, ilustração dos duendes criados por Brian Fround que colaborou no longa, as primeiras ideias sobre o filme e ainda o diário de criação de Jim Henson.
Ler Labirinto pela edição da Darkside é entrar completamente no mundo criado por Henson, é reviver toda a história e nos extras estar por dentro da criação, como estivéssemos nos bastidores. É mais do que uma simples leitura, é uma imersão sensorial completa que vale muito a pena ser conferida, tanto por aqueles que já viram o filme como também por aqueles não viram, já que no final você fica com a sensação de ter conhecido uma incrível e completa aventura.

FICHA TÉCNICA
Título: Labirinto
Autor: Jim Henson e A.C.H. Smith

Onde Comprar:


Amazon – Labirinto


Michele Lima

Na Nossa Estante

View Comments

Share
Published by
Na Nossa Estante

Recent Posts

Bambi – O Acerto de Contas

Bambi - O Acerto de Contas não é tão ruim como dizem. Esse outro clássico…

1 dia ago

Mentes Extraordinárias – Primeira Temporada

Mentes Extraordinárias foi outra grata surpresa do ano, disponível na HBO Max. Como já disse…

5 dias ago

Elio [Crítica do Filme]

Atualmente o grande problema da Pixar é se superar e se reinventar. Uma tarefa nada…

1 semana ago

A Meia-Irmã Feia [Crítica]

A diretora e roteirista norueguesa Emilie Blichfeldt teve uma idéia genial: usou como pano de…

2 semanas ago

Um Natal Ex-Pecial [Crítica]

Na Netflix, os trabalhos de Natal já começaram e o primeiro filme que vi foi…

3 semanas ago

Uma Batalha Após a Outra: A decepção do Ano

Definitivamente, este novo trabalho do diretor Paul Thomas Anderson (Boogie Nights, 1997), é como o…

3 semanas ago

Nós usamos cookies para melhorar a sua navegação!