A Passageira [Resenha do Filme]
Conferimos a cabine de imprensa de A passageira. Filmes estreia dia 22/09/2016 no RJ e 29/09/2016 em SP. |
Pare e pense: quantos filmes peruanos você já viu na sua vida? Ou latino-americanos? Ou até mesmo filmes nacionais. Quantos? Claro que tudo depende sempre do gosto pessoal de cada um. Mas se você pensar em cinema como uma forma de contar histórias cruas e sinceras, e não apenas entretenimento, com certeza vale a pena dar uma olhada em produções de países menos conhecidos ou tidos como produtores da sétima arte. Sabe aquela expressão sobre sair do ‘caminho batido’ (off the beaten track) que a gente usa em inglês? Então. Saia fora, siga para o outro lado, chegue ao Peru!
Você talvez já tenha ouvido falar do filme Contra Corrente (dirigido por Javier Fuentes-Léon), de 2009. Conta a história de um pescador casado que é surpreendido com a chegada de um ex-amante, até que a história toma um caminho que nos faz pensar em Dona Flor e Seus Dois Maridos meio que às avessas. Do mesmo ano tem A Teta Assustada, dirigido por Claudia Llosa (sim, sobrinha do aclamado escritor Mario Vargas Llosa). Um trabalho exímio e de beleza rara. Absolutamente sensível e muito bem conduzido, contando uma história que, mais cedo ou mais tarde, vai te deixar boquiaberto. Não é a toa que foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Porém, falemos de A Passageira, que traz também (assim como A Teta) Magaly Solier como a protagonista. E que atriz! Não só de beleza inegável, mas talentosa que só!
Nesse primeiro filme do ator Salvador del Solar como diretor, o que temos é uma trama que lida com as consequências de nossos atos, que mais cedo ou mais tarde virão bater à nossa porta. Harvey Magallanes (brilhantemente interpretado por Damián Alcázar), cujo sobrenome dá o título original ao filme, dirige um táxi nas horas em que não é o chofer particular de um ex-coronel do exército de Ayacucho, onde Magallanes o serviu. Eis que um dia uma de suas passageiras desperta lembranças não muito bem-vindas, de uma época em que o mal que se fazia não parecia tão assustador ou abrangente. Um mal que chega a ser divertido, chega a nem parecer nada demais. E se alguém pode medir o quão profundo e traumatizante esse mal de fato foi, essa pessoa é Celina (sim, a passageira do título), mantida em cativeiro e servindo aos caprichos sexuais do coronel e de outros soldados por quase um ano, quando não tinha nem 15 de idade. Essas duas personagens irão se encontrar algumas vezes e vão dar o tom dramático ao filme.
Forte, arrepiante até, principalmente quando Celina faz um rápido e raivoso discurso de alívio em quechua (língua indígena), enterrado em seu peito há tantos anos: por mais que não se entenda e as legendas são propositadamente retiradas, a força da interpretação de Magaly Solier é de arrepiar. Em meio a isso tudo, tem um golpe sendo armado por Magallanes, que acaba por ser sua redenção mediante ao mal provocado, por mais que seja um tiro que poderá sair pela culatra.
O filme é humano do início ao fim, com os bons e de boa índole, e com os ruins, laranjas podres. Tem pequenas alegrias e sofrimentos gigantes – alguns merecidos. Filmes como A Passageira não vão estourar bilheterias, mas vão nos fazer pensar em dignidade, respeito e como a superação de traumas incrustados em nossa pele pode ser de muito difícil superação.
Trailer:
Dados do Filme:
Título: A Passageira
Título Original: Magallanes
Diretor: Salvador del Solar
PS: Essa resenha foi escrita ao som do álbum Orejas a la Tierra do grupo peruano de música folk Chaqru, que em quechua significa ‘mistura’. Confesso que só aumentou a emoção que o filme me causou no dia em que assisti.
4.0/5.0
Cristiano Santos
Oi, Cristiano! Tudo bem? Eu sempre tento ver filmes com nacionalidades diferentes, mas esse "A Passageira" não me chamou muito a atenção… Mas mesmo assim, adorei a resenha! 🙂
Abraço
https://tonylucasblog.blogspot.com.br/
Olá Tony! Bacana que você tente variar nacionalidade dos filmes que assiste, muito bom! E valeu, obrigado 😉
Por acaso andava à procura de um filme para ver na sexta à noite, aqui está uma boa aposta, vou ver se nao me esqueco. Bem, beijinhos.
Hehe, e aí, Maria? Assistiu? Lembrou de assistir? Fiquei curioso agora! Hehehe
Valeu pelo comentário!
Realmente, a quantidade de filmes em que eu já assisti, latinos, peruanos ou até mesmo nacionais, é bem menor do que os filmes que assisto normalmente.
Sem querer chega até ser um tipo de preconceito com essas nacionalidades.
Gosto desses enredos que são "reais", que tentam mostrar bem a humanidade. Adorei a resenha!
Beijos,
https://radioactivebookss.blogspot.com.br
Oi Jéssica! Pois é, tbm quero aumentar minha cota de filmes latino-americanos assistidos e apreciados 🙂
Obrigado! Adorei que tenha comentado 😉
Nunca vi um filme peruano, tive oportunidade de comprar o "Teta assustada" mas a sinopse me disse que eu iria chorar muito então nem comprei. No entanto acho bom de vez em quando dar uma variada. os roteiros hollywoodianos podem ser bem estruturados, mas raramente fazem discussões tão profundas como filmes brasileiros,franceses,peruanos (pelo que você disse) etc. Acho muito enriquecedor assistir produções de países diferentes, porque além de descobrir outras formas de narrar (filmes indianos são incríveis nesse quesito)você se depara com outros questionamentos que às vezes estão mais próximos à sua realidade do que um filme americano. Quando vi "A banda", um filme iraniano, me surpreendi em como a vida deles poderia ser parecida com a nossa. Quer dizer, esse tipo de coisa é muito bacana porque ajuda a gente a desmitificar outras culturas e a ser menos preconceituosos. Um abraço e parabéns pela resenha!
Puxa vida, Menina, que comentário bacana! Muito obrigado!
A Teta é um filme muito bonito, acho ainda que devia tentar 😉
Ainda não vi A Banda, mas anotei a dica aqui. E já viu o A Canção dos Pardais? Gosto bastante tbm 😉
Que demais, Cris!
Sabe que esse filme passou na Mostra Internacional ano passado, até um amigo que assistiu me falou dele, mas eu não tive interesse assisti-lo. Agora vc me despertou o interesse!
Porém, na mesma Mostra eu vi outro com o Damián Alcázar (que puta ator, hein), "A Estreita Faixa Amarela" (http://39.mostra.org/br/filme/8668-A-ESTREITA-FAIXA-AMARELA), que apesar do excesso de melodrama eu gostei bastante.
Aliás, adoro cinema latino-americano! Vou desde a 3ª edição no "Festival de cinema latino-americano" (geralmente em julho) aqui em sampa, acho que o melhor panorama pra esse cinema que temos na cidade. É lindo! E quando vc fala de um filme latino-americano que apresenta uma história crua e sincera e no gênero de ação, eu não paro de pensar no "7 Caixas Paraguaias" (http://www.festlatinosp.com.br/2013/ensaios_7_caixas.php), já viu? Recomendo tbm!
Abraços!
Grande Gui!
Pois assista. E se o fizer, me diga o que achou! Sim, Damián é sensacional! E vou procurar esse …Faixa Amarela 😉
Acredita que nunca ouvi falar desse festival?! Putz grila, preciso prestar mais atenção.
Ainda não vi o 7 Caixas, vou atrás!
Obrigado, Gui, e um grande abraço!
Olha, realmente…acho que nunca assisti um filme peruano rs.
Pouquíssimos nacionais,
Peco muito nessa questão e assumo :
Beijos
Fran
Achei e Rabisquei
Pois assista, Fran, vale a pena 😉
Bjo, brigado.
Achei super interessante o filme e admito que nunca assisti um filme peruano. Na verdade nem os nacionais eu assisto muito, rsrs. Mas adorei a sua resenha e com certeza darei uma chance ao filme!
http://www.leitorasvorazes.com.br/
Puxa, brigado Lilian. E tente assistir, vai que você vira uma fã de filmes latino-americanos 😉
Adorei a dica de filme, eu não sou muito chegada à filmes nacionais, mas esse eu gostei do trailer e elenco, vou ver se assisto no final de semana.
Beijos. ♥
Diário da Lady
Valeu, Leidiana! Tomara que assista e goste 😉
Confesso que pelo título eu não assistiria, mas fiquei super curiosa agora sobre esse discurso de arrepiar a epiderme.
Beijos
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Hehehe. Então, acho que a cena do "discurso" em quechua vai fazer mais sentido depois de assistir o filme e se envolver na história, sabe? E também acho que a atriz merece os créditos por se entregar à personagem de tal maneira. Gostei bastante.
Oi, Chris!
Amo quando filmes ou livros nos trazem esse toque de humanidade e simplicidade que esse filme parece ter. Adorei a resenha e já quero ver!
Beijos!
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Oi Aline! Brigado! Assista sim e volte pra me dizer o que achou 😉
Bjo.