Eu sou Carlos Imperial [Resenha do filme]

Como fã de Jovem Guarda, o nome de Carlos Imperial já me é há muito conhecido. Foi ele quem deu espaço para a gurizada da década de 60 que sonhava em viver de rock no Rio de Janeiro. No rádio, na televisão, nas revistas e nos jornais, onde pudesse Imperial anunciava seus protegidos, além dos seus próprios projetos. Foi o primeiro a estender a mão para Wilson Simonal, Roberto e Erasmo Carlos, Paulo Silvino, entre outros – como Elis Regina, que saiu de Porto Alegre para ir gravar “Viva a Brotolândia”, com produção de Imperial (álbum que ela sempre renegou, já que não queria ser um ‘broto do rock’).  
Quando encontrei a biografia escrita por Denilson Monteiro (“Dez, nota dez: Eu sou Carlos Imperial”, Editora Planeta, 2015) foi amor à primeira vista antes mesmo de ler e me inspirou para o tema da monografia de jornalismo: Biografias de Jovem Guarda. Quando li, descobri Imperial de verdade: mulherengo e cafajeste, mas também um grande amigo e produtor como poucos na cultura nacional. Também me encantei pelo biógrafo e, ao olhar mais atentamente sua apresentação na orelha da contracapa, descobri que era roteirista de um documentário sobre Impera. Fui atrás. 
Passei praticamente um ano ansiando por ver esse documentário. Os diretores, Renato Terra e Ricardo Calil, são os responsáveis por “Uma noite em 67”, filme que registra a era dos festivais e, consequentemente, um período histórico muito importante da música nacional. (Aliás, li em algum lugar que durante as filmagens de “Uma noite em 67” o nome de Imperial surgiu várias vezes, o que chamou a atenção dos diretores) Então, baseado no livro de Monteiro, o documentário não poderia ser dispensável – eu PRECISAVA ver.  
O filme ficou um tempo em cartaz em Porto Alegre – e eu estava MUITO disposta a passar mais de duas horas no ônibus pra chegar lá e me aventurar na capital atrás do Imperial -, mas não consegui ir ver. Há algum tempo, está no NET NOW, mas só hoje me aventurei a ver. Não me decepcionei. 
Terra e Calil resgataram imagens e entrevistas de Carlos Imperial de diferentes épocas. Vemos o próprio admitir a mentira (uma de suas tantas) sobre os Beatles terem gravado “Asa branca”, de Luiz Gonzaga, e a dimensão que isso tomou (os diretores colocam uma entrevista bastante atual onde um ‘estudioso’ de Gonzaga tem a famosa gravação: Beatles cantando “Asa branca”). Vemos Imperial quase às lágrimas falando dos três meses que passou preso no período militar, quando na verdade estava quase de férias e pediu pra ficar mais um tempo preso para ajudar na sua publicidade. 
Além disso, os diretores trazem entrevistas de Toni Tornado, Roberto e Erasmo Carlos, Eduardo Araújo, seus filhos Maria Luíza e Marco Antônio, além de tantos outros mais (inclusive Décio Frotta, que além de professor de cinema na UFF e crítico musical, é engenheiro agrônomo e especialista em pilantragem – quase tantos títulos quanto Impera). Há trechos de filmes nos quais Imperial atuou e dirigiu. Porque, sim, ele era multifuncional: produtor musical, diretor, ator, apresentador, jornalista… ufa, não vou listar tudo, é impossível. 
Pra quem ainda assim não lembra dele: Carlos Imperial compôs “O bom” e “Vem quente que eu estou fervendo”, junto com Eduardo Araújo; “A praça”, sucesso na voz de Ronnie Von; “Você passa e eu acho graça”, parceria com Ataulfo Alves gravada por Clara Nunes, entre tantas outras (que ele compôs com pseudônimos, que ele assumiu como suas sendo folclore popular, que ele compôs com parceiros que jamais receberam o crédito).
Tendo “A vaia consagra o artista” como lema, Carlos Imperial deixou sua marca na cultura nacional como um cafajeste, malandro, mulherengo e ogro; mas também foi um grande amigo e apoiador de inúmeras pessoas que queriam realizar um sonho, fosse ele qual fosse. O documentário de Terra e Calil mostra apenas algumas das várias facetas de Imperial, mas sem dúvida faz um ótimo registro do seu papel nas décadas de 60, 70 e 80 (ele faleceu em 1992), sendo um ótimo ponto de partida para quem conhece pouco sobre ele.  
Uma dica é seguir a página do documentário no Facebook, que traz vídeos e curiosidades. Além disso, dia 18 de julho, às 22h, “Eu sou Carlos Imperial” estreia no Canal Brasil
Dados do filme:
Gênero: Documentário
Lançamento: 2015
Direção: Renato Terra e Ricardo Calil
Duração: 86 min
Ana Seerig

8 thoughts on “Eu sou Carlos Imperial [Resenha do filme]

  • 15 de julho de 2016 em 22:35
    Permalink

    Oi Ana, tudo bem?
    Eu vivi minha juventude na década de 80 e na época ele era uma figura sempre presente. Achei muito interessante o livro e o filme que você citou. Um ótimo e completo post.
    Bjus
    Lia Christo
    http://www.docesletras.com.br

    Resposta
  • 16 de julho de 2016 em 11:52
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    Caramba! Estou chocada porque pouco lembrava do nome dele. E é um grande artista! Obrigada por esse lembrete e alerta. Já estou super curiosa para conferir o filme!

    SEMQUASES.COM

    Resposta
  • 16 de julho de 2016 em 16:38
    Permalink

    Olá!
    Também gosto muito desses movimentos semelhantes ao da Jovem Guarda, e tanto a biografia quanto o filme são bem importantes para o reconhecimento da música popular brasileira.
    Acho que vale muito a pena conferir o documentário.

    Abraço!
    http://tudoonlinevirtual.blogspot.com.br/

    Resposta
  • 17 de julho de 2016 em 05:35
    Permalink

    oi
    que bom que gostou do documentário, nunca tinha escutado falarem dele apesar de não ser muito ligada aos assuntos da jovem guarda, mas parece ser interessante.

    momentocrivelli.blogspot.com.br

    Resposta
  • 19 de julho de 2016 em 16:53
    Permalink

    Eu já li resenha muito positiva do livro da Planeta, Carlos Imperial foi um Ícone da cultura brasileira, figura lendária, vou anotar a dica é ver este filme, deve ser mesmo muito interessante.
    abraços
    Gisela
    http://www.lerparadivertir.com

    Resposta

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