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1984 [Resenha Literária]

Livro: 1984
Autor: George Orwell
Editora: Companhia das Letras
1984 é o ano em que nasci e sim, achei interessantíssimo um nome de livro com essa data! Na época em que li tinha apenas 18 anos e nem sabia muito bem o que esperar desse clássico quando eu comecei a ler, só sei que poucas páginas depois eu já estava sem fôlego, com a clara impressão que eu não estava lendo qualquer livro, pouco tempo depois George Orwell era um dos meus autores preferidos!
Winston Smith é o protagonista da história em um mundo em que apenas existem três grandes superestados: Eurásia, Lestásia e Oceania, que estão em guerra constantemente. Winston é funcionário do Departamento de Documentação do Ministério da Verdade, tendo a função de falsificar os registros mudando os acontecimentos, dependendo da vontade do Grande Irmão (Big Brother), o grande tirano que governa a Oceania, que vive em um regime totalitarista, em que opressão é tanto mental quanto física.

O estado vigia seus cidadãos por meio das teletelas, em todos os cantos, em qualquer lugar, inclusive dentro de casa. O sexo, o cigarro, doces ou qualquer coisa que pode dar prazer é estritamente proibido ou extremante controlado. Até mesmo o idioma é controlado pelo Estado pela Novalíngua, que tem a função de diminuir o vocabulário, restringindo a possibilidade de expressar oposição ao Grande Irmão.

Winston é um homem divorciado de um casamento arranjado, já que sexo era apenas para procriação. Sua primeira esposa era apaixonada pelo Partido, mas Winston não nutre os mesmo sentimentos, não que ele seja exatamente um rebelde, mas também não era um alienado, na verdade Winston é um homem inconformado com a situação atual em que vive. Porém, tudo muda quando ele conhece Julia, uma mulher totalmente contrária ao Grande Irmão. Juntos eles vivem um romance perigoso, alimentando cada vez mais o ódio ao Partido, inconformados com a ditadura imposta.

Infelizmente os dias de rebeldia não dura e descobrimos que a tortura psicológica é tão eficiente quanto a física. Presenciamos cenas fortes em que Winston precisa não só afirmar da boca pra fora, mas compreender que se o Partido disser que 2 +2 são 5 é porque a matemática está errada e o Grande Irmão está certo. No fim, Winston muda completamente, tanto ele quanto Julia, sentindo-se vivo por estar completamente adaptado ao mundo ao seu redor.

O livro mostra claramente uma critica ao comunismo, mas também outras questões interessantes como a Política do Pensamento, em que é possível e nada difícil, controlar a opinião das massas e quanto mais alienado o povo for, melhor. Também temos a questão da privacidade, já que a pessoas são vigiadas o tempo todo, daí o nome do reality show ser Big Brother, apesar de que no caso do programa a questão é bem mais sobre voyeurismo que qualquer outra coisa. Se bem que me lembro perfeitamente de quando um participante foi expulso do programa, pois foi como se ele nunca tivesse existido, igual ao livro, já que quando alguém contrariava o partido era morto e os registros modificados, como se  pessoa na verdade nunca houvesse existido!
Outra questão abordada no livro que me chamou a atenção foi os três lemas do Partido, todos bastante atuais até hoje: Guerra é Paz, Ignorância é Força, Liberdade é Escravidão. O primeiro se trata da continuidade da guerra, com a falsa justificativa de manter a paz. O segundo está relacionado à estrutura social, já que a prole, a camada mais ignorante, era a maioria em termos números. E a última, “Liberdade é escravidão”, diz respeito a ser um membro do Partido, pois se era ruim ser controlado pelas teletelas, pior seria ser parte da prole e ser controlado constantemente pelo Partido.
Enfim, 1984 é um livro clássico bastante moderno, complexo e denso. Vale a pena sempre ser lido, pois nos instiga a pensar em questões até hoje em pauta.
Michele Lima
Na Nossa Estante

View Comments

  • esse livro é realmente incrível. o quanto destroem e distorcem as teorias para que se encaixam em suas manipulações. e o quanto isso é atual. beijos, pedrita

  • Gostei do livro só de ler a tua resenha!!!!
    "controlar a opinião das massas e quanto mais alienado o povo for, melhor."
    Isso acontece também nos dias atuais.
    A parte em que o protagonista é torturado e feita uma lavagem cerebral deve ser angustiante.
    Abraços,
    http://diegomorais18.blogspot.com.br/

  • Apesar de só ter lido resenhas positivas desse livro e todo mundo indicá-lo, eu não tenho vontade de ler ele. Não é muito o que gosto de ler. Já até tentei ler alguma coisa do autor, mas não consegui gostar.

    Blog Prefácio

  • Livo favorito na área, uhuuul! <3 É a minha distopia favorita também, melhor que "Admirável Mundo Novo", mas aquele final até hoje me deixa em choque, queria muito ter uma resposta para poder livrar o mundo do Wilston (e o nosso, aparentemente) do Big Brother. Beeijos!

    http://www.bibliophiliarium.com

  • Olá!!

    Esse livro é intenso. Tão real quanto na época em que foi escrito (1948) e continua real ainda após o ano em questão ter passado (1984). Aliás, parece que muitas coisas que estão acontecendo vieram diretamente do livro.

    Michele, respondi seu comentário lá. Depois dá uma olhada. O.<

    Até mais

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